GUAMARÉ RN -Vizinhos da PF em Curitiba dizem estar ‘afiados’ sobre a Lava Jato
26/11/2014 13h10 – Atualizado em 26/11/2014 13h17
Vizinhos da PF em Curitiba dizem estar ‘afiados’ sobre a Lava Jato
‘Essa operação trouxe fama ao nosso bairro’, comemora morador.
Lava Jato foi deflagrada em março deste ano pela Polícia Federal.
O bairro Santa Cândida, um dos mais populosos e distantes do Centro de Curitiba, nunca foi tão citado nos noticiários do país. Isso graças às investigações da Operação Lava Jato, concentrada na sede da Polícia Federal (PF), instalada na região. Desde que a operação foi deflagrada, o local, que fica em um ponto alto, à vista de todos os moradores, ficou bem movimentado. A estrutura virou cenário para dezenas de jornalistas que passam o dia em busca de informações e ponto de visitas de familiares dos presos. Para os vizinhos, resta a curiosidade e a oportunidade em saber as notícias em primeira mão.
Lucas Martins da Silva, de 20 anos, é um deles. Ele trabalha em uma empresa que faz fotos para documentos que fica em frente a entrada principal da PF. Ao G1, o jovem declarou que tem uma visão privilegiada de uma das janelas e que sempre fica de olho ao perceber algo diferente. “Quando percebo algo curioso corro para a janela”, brinca. “Acho bacana uma operação como essa. Quem erra tem que pagar mesmo. Acho ótimo que tenham pego todos eles. Espero que fiquem muito tempo aí. Até porque, com mais gente passando aqui, melhora para o comércio em geral”, disse o jovem.
famoso com a Operação Lava Jato
(Foto: Adriana Justi / G1)
“Essa operação trouxe fama ao nosso bairro. Só assim para aparecermos na mídia”, comemora o morador Clemente Manica, de 70 anos. Ele também reside a poucos metros da PF e disse que prefere respeitar o espaço e que busca saber das informações pela televisão ou pela internet.
“A gente fica curioso por causa dessa movimentação, mas acaba sabendo o mesmo que todo mundo. Os malandros se deram mal porque roubaram, e nós [os moradores] nos demos bem porque o nosso bairro ficou conhecido”, ressalta o morador.
Para a comerciante Elaine Terres dos Santos, que vende lanches na porta dos fundos da PF, a movimentação de familiares e de jornalistas só fez aumentar as vendas. “Apesar de eu não poder vender os meus salgados na porta principal, estou achando isso tudo ótimo”, contou a comerciante. Elaine também disse que acaba conversando com muitas pessoas e que também tenta conseguir uma informação aqui (…), outra ali (…), mas que ninguém comenta muito. “Tem os familiares que falam que a coisa está difícil e tal, mas não contam detalhes. Muitos só falam que a situação é constrangedora”. Funcionários como delegados, policiais e juízes também fazem parte da clientela de Elaine. “Ih, esses aí, então, não abrem o bico mesmo”, argumentou a vendedora.
vendas com o aumento de visitantes
(Foto: Adriana Justi / G1)
Mesmo assim, a comerciante se mostrou bem informada ao ser questionada sobre a Lava Jato. “Eu sei que os investigados deram um baita golpe na Petrobras e roubaram o país. Eu vi na televisão que são bilhões de dinheiro desviados. É muito dinheiro. Vendendo meus salgadinhos eu nunca na minha vida ia conseguir um terço desse valor. Mas a minha vantagem em relação a eles é que eu sou honesta”, destacou.
“Eu acho que ladrão que rouba esse tipo de valor não fica preso por muito tempo. Acredito que daqui uns dias eles estarão todos soltos e, se duvidar, roubando mais um pouco. É uma pena. Nós temos um país tão lindo, mas com muitos ladrões. É uma judiação”, completou Elaine.
Lava Jato
A Operação Lava Jato investiga um esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado cerca de R$ 10 bilhões e provocou desvio de recursos da Petrobras, segundo investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal.
Nove empreiteiras são investigadas pela suspeita de formação de cartel para licitações e desvio de dinheiro para corrupção de agentes públicos.
Apenas essas empresas, têm contratos com a estatal que somam R$ 59 bilhões. Parte desses contratos está sob investigação da Receita Federal, do MPF e da Polícia Federal. Ao todo, 25 pessoas foram presas pela Polícia Federal durante a sétima e mais recente etapa da operação. Desse total, 11 investigados foram liberados.
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