A paralisação foi definida na quinta-feira, 29, após reunião com o Ministério Público do Trabalho (MPT). Na quarta-feira, 28, representantes da Federação também se reuniram com a Petrobras, após ultimato para negociar a pauta proposta pelos sindicatos, que é contra a venda de ativos e pela manutenção de investimentos da companhia. Sem sucesso, os trabalhadores se retiraram da reunião.
“A atual direção da Petrobras não responde à nossa pauta e tenta impor a pauta dela, com redução de benefícios. Não houve respostas objetivas em relação à reposição de efetivo, melhorias de segurança, por exemplo. Há quatro meses a companhia está em silêncio para nossas demandas”, afirmou José Maria Rangel, diretor da FUP.
Segundo ele, a expectativa de adesão à greve é semelhante à de 1995, quando a categoria parou as atividades por cerca de dois meses em oposição à proposta de privatização e mudança de nome da Petrobras. “A aprovação nas assembleias foi maior de 80% e superou nossas expectativas para fazer um bom movimento contra a venda de ativos, que é uma forma de privatização”, afirmou o líder sindical.
Entre os meses de julho a agosto, os sindicatos realizaram assembleias em diversas unidades de produção, terminais de transporte e regaseificação, além de refinarias e fábricas de fertilizantes. De acordo com o Sindicato de Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF), há adesão em pelo menos 33 plataformas da região, que abarca as bacias de Campos e Santos, as principais produtoras do País.
Em nota, a Petrobras sinalizou que tem “compromisso de dialogar abertamente”. A estatal criou uma comissão de negociação para discutir os termos de Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), que propõe redução de jornada de trabalho e alguns benefícios corporativos aos trabalhadores. “As atividades da empresa são normais e não há prejuízos à produção ou ao abastecimento do mercado”, diz o comunicado.
Desde quinta-feira, oito Estados já paralisaram as atividades após determinação da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), entidade ligada à Força Sindical. O grupo negocia reajuste salarial com a Petrobras. A estatal ofereceu 8,11% em segunda proposta, mas os petroleiros querem 18% de aumento, porcentual calculado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) para recomposição de perdas com a inflação e ganhos de produtividade.
Estadão Conteúdo