do Brasil Debate
Petrobras: um olhar para além da crise (parte 2)
por Carolina Bueno e Suzana Sattamini
Conteúdo especial do projeto do Brasil Debate e SindipetroNF Diálogo Petroleiro
Com a meta fiscal, para 2017, de um déficit de 139 bilhões de reais, e um contingenciamento de R$ 42,1 bilhões no orçamento deste ano, não é difícil imaginar o corte nos investimentos, que sempre foi a variável de ajuste fiscal. Isso certamente afetará todos os Estados brasileiros, abrindo caminho para justificar as privatizações.
Entretanto, muitas crises já ocorreram na economia brasileira, a história tem suas ironias e costuma pregar peças nos desavisados. No caso da Petrobras, quando muitos analistas de plantão passavam a tratar a privatização como o remédio para o enfrentamento desses ciclos, eis que a estatal passa por todas essas crises e alcança o posto de uma das mais importantes empresas de petróleo do mundo.
Na atual conjuntura econômica não seria diferente que o fantasma da privatização novamente pairasse sobre a empresa. A Petrobras é o “filé mignon” da economia brasileira. Certamente, nenhuma empresa no Brasil gerou ao longo de toda sua existência tantas encomendas para o mercado interno quanto a Petrobras. Segundo a ABEIN (Associação Brasileira de Engenharia Industrial), para cada US$ 1000 que a Petrobras investe, geram-se cerca de US$ 650 de investimentos em outros setores. No acumulado de 1954 a 1992, a Petrobras investiu nada menos que US$ 80 bilhões, isso significa um efeito multiplicador de US$ 51 bilhões. Já o investimento acumulado em 2015, de R$ 76 bilhões, tem um feito multiplicador em outros setores da economia de R$ 48 bilhões.