A Petrobras não pretende mais construir cascos de plataformas no Polo Naval de Rio Grande, na Região Sul do Rio Grande do Sul. A informação foi dada nesta quinta-feira (6) pelo presidente da estatal, Pedro Parente, em entrevista à Rádio Gaúcha.
“Como posso explicar para os meus acionistas, sendo que a maior parte dos nossos acionistas é a sociedade brasileira, que eu vou investir em um equipamento que custa bilhões de dólares e que eu não preciso dele? É difícil”, argumentou.
A retomada de projetos era uma das reivindicações dos desempregados da cidade. Em dezembro do ano passado, a empresa suspendeu os trabalhos e, de oito estruturas encomendadas, apenas três foram entregues e com três anos de atraso.
Em 2013, no auge das operações, havia 24 mil trabalhadores no Polo Naval. Hoje, são cerca de 2,8 mil. Na segunda-feira (3), um protesto liderado pelos trabalhadores pediu a retomada do projeto de um dos cascos, a P-71, que geraria 2,7 mil vagas. Houve bloqueio na BR-392.
“Me solidarizo com essas pessoas. Entendo a frustração, a ansiedade que isso gera, mas eu também gostaria de pedir a eles, no mínimo, para tentar entender o nosso lado”, argumentou Parente.
A indústria naval em Rio Grande começou em 2005. Em uma década, cerca de R$ 15 bilhões foram investidos na construção de estaleiros e plataformas. Porém, parte da verba financiou um esquema de corrupção, desvendado pela Operação Lava Jato.
Em São José do Norte, a plataforma P-74 deve ser finalizada até o fim do ano e os 1,8 mil funcionários da empresa no estaleiro EBR serão demitidos. No estaleiro QGI, 900 pessoas trabalham em duas plataformas. E outros 150 funcionários seguem no estaleiro da Ecovix, aguardando o pedido de recuperação judicial da empresa.