GUAMARÉ RN-Para “acompanhar Moro”, PF aprendeu a fazer em 6 meses trabalho que levaria 8 anos
Para “acompanhar Moro”, PF aprendeu a fazer em 6 meses trabalho que levaria 8 anos
Jornal GGN – Por conta da Lava Jato, a Polícia Federal desenvolveu um software que faz a força-tarefa trabalhar muito mais rápido, possibilitando “acompanhar o ritmo” do juiz federal Sergio Moro, segundo reportagem da Folha de S. Paulo desta segunda (2). O jornal conta um episódio envolvendo decisão do magistrado que revela que, agora, os federais conseguem realizar em seis meses um trabalho de análise de fraudes na Petrobras que levaria oito anos.
Diz o texto da Folha que “em um dos processos da Lava Jato, o juiz Moro indeferiu o pedido de um réu para que fosse feita uma perícia para estimar superfaturamento em contratos da Petrobras. Segundo o juiz, a realização dessa perícia demoraria muito tempo e ela não mudaria o quadro de acusações.”
No caso triplex, a defesa de Lula pediu uma série de perícias para comprovar que o ex-presidente não recebeu vantagens indevidas da OAS. Entre elas, uma para analisar todos os contratos da Petrobras no período em que Lula esteve no poder. Moro negou, alegando que iria atrasar o julgamento e que esse tipo de produção de provas em nada alteraria as denúncias contra o petista.
A decisão de Moro no caso reportado pela Folha – o veículo não informou o processo nem de quando é o despacho – “foi encarado como um desafio pelos peritos. A PF então pediu ao juiz a quebra do sigilo fiscal de 36 consórcios de empresas que haviam contratado com a estatal de petróleo.”
E, então, criou-se um novo método de análise: “Em vez de analisar cada contrato individualmente, por meio de cotações dos preços dos materiais usados nas obras, os peritos resolveram focar dois grandes conjuntos de licitações: um com indícios de formação de cartel e outro no qual havia mostras de disputa efetiva. Em seguida, aplicaram métodos probabilísticos e estatísticos para identificar padrões de superfaturamento.”
Diz o jornal que “a confiabilidade dos resultados foi comprovada pela comparação com os dados obtidos em perícias feitas pelo método antigo” e que, “em seis meses na Lava Jato, foi feito um trabalho que levaria oito anos pela fórmula tradicional.”
A reportagem também fala da criação de um software pelas áreas de informática e engenharia da PF para acelerar a apuração de mais de 1,2 milhão de gigabytes em dados coletados em ações de busca e apreensão em servidores e computadores das empresas investigadas.
Quando a Lava Jato começou, em 2014, o setor de perícias da PF decidiu pedir ajuda a Luis Felipe da Cruz Nassif, um perito de 33 anos formado pelo Instituto Militar de Engenharia em 2005.
Ele desenvolveu um software batizado de IPED (Indexador e Processador de Evidências Digitais), que mostra “vantagens em relação a produtos similares no mercado” e que tem ferramentas específicas para a Lava Jato.
“Uma delas permite processar de forma simultânea dados retirados de até cem diferentes equipamentos, como laptops e celulares. Com essa inovação, é possível que todo o material obtido em uma fase inteira da Lava Jato esteja disponível para pesquisa após um dia, afirma Nassif.”
O perito também disse que, agora, é possível, durante apenas o final de semana, deixar o sistema trabalhando na inserção dos dados, em vez de ficar esperando a transferência feita de um HD por vez.
O programa foi compartilhado com as policias civis do Rio de Janeiro, Paraná e Santa Catarina.
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