O pontífice visita a Turquia num momento sensível para o país muçulmano, que abriga 1,6 milhão de refugiados e estuda como lidar com o grupo Estado Islâmico, na medida em que seus combatentes já tomaram consideráveis territórios na Síria e no Iraque, do outro lado da fronteira turca. A visita de três dias dará também a Francisco uma chance de se aproximar da pequena comunidade cristã turca – menos de 1% dos turcos são católicos – e visitar o líder espiritual dos cristãos ortodoxos, o patriarca ecumênico Bartolomeu I.
Francisco vai visitar dois dos mais importantes locais de Istambul, o complexo de Santa Sofia (Hagia Sofia) – a igreja bizantina que foi transformada numa mesquita e, atualmente, é um museu – e a mesquita do sultão Ahmed, o mais importante local de culto muçulmano da Turquia.
A segurança foi intensificada. Meios de comunicação turcos informam que cerca de 2.700 policiais foram destacados somente em Ancara para proteger o pontífice. Um tribunal emitiu uma ordem que permite à polícia parar e vistoriar carros e realizar a verificação de identidade aleatoriamente ao longo das rotas por onde o papa vai passar.
Na véspera da viagem, Francisco repetiu que é legítimo usar a força para conter o avanço do Estado Islâmico, mas apenas com o endosso da comunidade internacional. Perguntado se o diálogo é possível com um grupo que ataca minorias religiosas, Francisco declarou que “talvez não possamos ter um diálogo, mas nunca devemos fechar a porta”. O papa envolve-se em certa controvérsia por ter sido recebido, ontem, pelo presidente turco Recep Tayyip Erdogan em seu novo palácio em Ancara, um complexo de 1.000 quartos localizado em terras agrícolas e florestais que ofusca a Casa Branca e outros palácios europeus.
Francisco, cujo estilo espartano de vida é bem conhecido, pasou a tarde de ontem no palácio de US$ 620 milhões, reunindo-se com o presidente e o primeiro-ministro e discursando para dignitários turcos e para o corpo diplomático. O Vaticano não atendeu ao pedido do escritório de Ancara da Câmara Turca dos Arquitetos para que o papa boicotasse a reunião, afirmando que Francisco será recebido onde quer que o governo decida recebê-lo.