do Justificando
Ministério Público Transformador abre uma fresta para entrada de ar em um ambiente sufocante
por Roberto Tardelli
Vamos aplaudir o Coletivo MP TRANSFORMADOR, vamos dar boas vindas a esses promotores do Brasil que não se conformam com o raciocínio monolítico e empobrecido que dominou o Ministério Público (MP) brasileiro, com exceções no MPT. O monotemático MP se perdeu por completo e teve seu apogeu na propositura e defesa religiosa desse delírio processual das desmedidas contra a corrupção, que instauraria um estado fascista ente nós e tornaria oficialmente o MP na versão tropicalista da GESTÃO.
Tornou-se um MP, não apenas acusador, mas completamente obcecado pela condenação, agravando aos níveis de desespero a tragédia penitenciaria brasileira. Um MP tão perdido que, muito além de apoiar a invasão policial das escolas ocupadas (não invadidas, quem invadiu as escolas foi a Polícia; os alunos, sim, nada mais faziam que ocupá-las), se deram a ofender estudantes, algemar estudantes, a processar os pais dos estudantes por não os impedir de ir à escola. Um MP que foi se tornando a extensão da viatura da polícia militar, um MP que, ao assumir protagonismo de investigações seletivas, deixou de lado o compromisso com a legalidade. Um MP que fez da delação premiada um festival absolutamente midiático de destruição de pessoas e de reputações. A delação não mais é um meio de investigação, mas um meio de extorsão, de chantagem, de canalhice processual. A delação fez com que promotores e juízes criassem simbioses clandestinas e invisíveis, destruindo a dialética processual.