
Meire Poza afirmou que Youssef se reuniu na noite do dia 12 de março com Renan Calheiros para tratar de uma operação milionária de compra de debêntures para a Marsans Viagens e Turismo, uma agência de turismo que tinha o doleiro como investidor.
Segundo a contadora, a conversa com o presidente do Senado pretendia garantir R$ 25 milhões do fundo de pensão da Caixa (Funcef). Segundo ela, a outra parte da operação, também de R$ 25 milhões, já tinha sido acertada com o PT e seria feita por meio do fundo de pensão dos Correios (Postalis). “Ele precisava resolver ainda a ponta do PMDB”, disse. A negociação não prosperou porque cinco dias depois Youssef foi preso pela Operação Lava Jato. Posteriormente, a Marsans, empresa que, segundo a contadora, precisava de muito capital de giro, fechou as portas.
Meire Poza disse ainda que o então ministro das Cidades indicou ao doleiro uma empresa goiana de rastreamento de veículos, setor ligado à pasta comandada por Mário Negromonte, filiado à época ao PP. Segundo ela, apenas cinco empresas tinham a homologação do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) para prestar tais serviços, uma das quais a Controle Monitoramento de Veículos, de Goiânia (GO). No fim do depoimento, ela disse que a empresa foi “comprada” por Youssef.
A ex-contadora do doleiro também citou o fato de que o irmão de Negromonte, Adarico, era uma das pessoas que fazia a “distribuição do dinheiro” por indicação de Youssef. Em um dos casos, de acordo com ela, Adarico viajou ao Maranhão para entregar R$ 330 mil a uma pessoa ligada à governadora Roseana Sarney (PMDB). Meire, contudo, disse não saber quem eram os beneficiários.
Terminada a reunião da CPI, o relator, deputado Marco Maia, avaliou que o depoimento prestado por Meire Poza, ex-contadora do doleiro Alberto Youssef, contribuiu para as investigações e trouxe algumas novidades, como a participação dela própria no esquema. A ex-contadora admitiu ter emitido notas frias, feito pagamentos e recebido recursos do doleiro. Para o deputado, Poza esteve no Senado na condição de testemunha, mas a Polícia Federal deveria investigá-la.