Guamaré RN; CBF evita cartilha e tenta reduzir pressão pelo ouro após trauma do 7 a 1
Foto: Lucas Figueiredo/MoWa Press
As perguntas sobre psicologia no esporte, pressão por medalha de ouro e eventuais efeitos pelo 7 a 1 sofrido há dois anos marcaram a primeira semana da seleção brasileira na preparação olímpica. A estratégia da CBF, evidenciada em sete dias de trabalhos na Granja Comary, é retirar o peso pela conquista inédita.
Essa é uma das explicações para os jogadores terem recebido um dia de folga em meio à preparação. Após a atividade de domingo pela manhã, o treinador Rogério Micale liberou os 18 atletas até o almoço desta segunda-feira. Na avaliação da comissão técnica, o grupo merece relaxar e se desconectar por algumas horas da rotina de preparação para os Jogos do Rio. O expediente deve se repetir uma vez até a estreia.
Ao contrário do antecessor Alexandre Gallo e mesmo de Dunga, Micale e o comando da entidade aboliram o uso de qualquer cartilha de comportamento na Granja Comary. Jogadores ouviram um único pedido: evitarem o uso de brincos durante os treinamentos em campo, o que poderia gerar machucados. Fora isso, a ideia é justamente deixar o ambiente mais leve, sem regras desnecessárias que possam atrapalhar o bom ambiente.
CBF planeja conversas específicas sobre a importância do ouro
De olho na ansiedade dos torcedores e imprensa pela conquista do ouro, a comissão técnica inclusive evita por enquanto tratar a respeito da importância da medalha. A ideia é ter algumas conversas coletivas durante os Jogos Olímpicos para tratar da meta.
Até por isso, nenhuma palestra motivacional está prevista pela cúpula da CBF. No discurso usado para os atletas, a comissão tem dito que o fato de o Brasil jamais ter alcançado a conquista não deve ser encarado como pressão, mas como estímulo. Segundo esse raciocínio, se todos os times não venceram, a culpa de uma possível derrota não pode ser toda dessa geração.
O fato de ser realizada uma preparação de curto prazo, aproximadamente de duas semanas, também fez com que a CBF descartasse completamente a incorporação de um psicólogo na comissão técnica. Na avaliação da entidade, esse tipo de trabalho só surte efeito quando é realizado em longo prazo, por muitos anos, com um contato longevo entre profissional e atletas. Por esse raciocínio, sem uma relação de confiança e profundo conhecimento da personalidade de cada um, a realização fica difícil.
Considerado um problema importante por Luiz Felipe Scolari na última Copa do Mundo, o envolvimento de patrocinadores no trabalho dos atletas também foi melhor selecionado desta vez. A pedido de Rogério Micale, parceiros da CBF só estarão presentes em datas específicas, o que assegura maior privacidade e concentração aos jogadores.
O que dizem Fernando Prass e Rogério Micale sobre a pressão
“A seleção traz a frustração da Copa, mas traz cinco títulos mundiais. É uma camisa que traz peso, mas coloca pressão no adversário. Tem os dois lados. É filtrar e potencializar o que for positivo pra gente. É trabalhar no psicológico o que pode atrapalhar”, disse Prass.
“Temos conversado com os jogadores. Eles sabem que o que ocorreu no Mundial ficou marcado, mas estão cientes de aquilo tudo é coisa do passado. Importante é crescer com o que aconteceu, manter a tranquilidade e fazer o melhor dentro de campo”, declarou o treinador Micale.
O Brasil volta a trabalhar nesta segunda-feira, em Teresópolis, na parte da tarde. A seleção segue na quarta-feira para Goiânia, onde irá enfrentar o Japão no Estádio Serra Dourada no sábado (30/07). A estreia nos Jogos Olímpicos ocorre no dia 4 de agosto, em Brasília, contra a África do Sul.
UOL
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