Eles estão de volta. Quem trafega pela cidade até rememora um passado recente quando era comum encontrar buracos pelo caminho do que asfalto íntegro. Mas a Prefeitura de Natal anunciou recentemente um contrato para amenizar a situação dos buracos em todas as regiões da cidade.
Numa das principais vias de escoamento do trânsito da Zona Norte da cidade para as outras regiões, a rua Jandira no bairro Nordeste (contra-fluxo da avenida Felizardo Moura), um buraco tira a paciência de motociclistas, motoristas e até pedestres. A técnica em enfermagem Marli Firmino visita várias vezes por semana a sua mãe, moradora do bairro Nordeste zona Oeste de Natal.
A rua Jandira é um corredor obrigatório para a pedestre. Mas mesmo assim, ela se sente ameaça pelo buraco no meio da rua. Isso porque os carros passam e jogam água servida sobre a calçada e nos passantes mais desatentos. Portanto, os pedestres têm que esperar o momento de baixo fluxo na via para poder passar nas proximidades do buraco, mesmo andando sobre a calçada.
A água servida que se acumula dentro da cavidade aberta no asfalto. O líquido exala mau cheiro de fossa. “O homem ia dando um banho em mim. Os carros pequenos não passam pelo buraco, mas os ônibus nem ligam”, contou a técnica em enfermagem, experiente na arte de driblar de buracos e carros ao mesmo tempo.
Os profissionais de um salão de beleza localizado nas proximidades também testemunham situações vexatórias. “De vez em quando, o povo passa sujo aqui e eu deixo entrar para se lavar”, contou Miriam Cândido, instrutora de beleza.
Entre a preparação de um cabelo e outro, a profissional ouve barulhos que, por pouco, não se tornam acidentes. “A gente só escuta as buzinas e as freadas de quando eles tentam se livrar do buraco. A maioria é de motoqueiros”, relatou. Na mesma região, os profissionais de uma empresa de entregas já estão adaptados. Um deles é o motociclista Paulo Henrique Fernandes, que está há pouco tempo no trabalho. “Desde o dia que eu cheguei aqui, há duas semanas, esse buraco está assim”, disse e voltou rapidamente ao serviço.
Todos concordam que o buraco molhado prejudica amplamente a população, mas ninguém sabe a idade dele exatamente. Segundo Miriam Cândido, o problema no asfalto surgiu há menos de um ano. “Há uns seis meses está assim, era menor e foi crescendo. Ontem mesmo uma menina que foi passar, o ônibus jogou lama nela. O pior é que é água de fezes”, acrescentou.
Miriam acredita que o buraco é o que os políticos costumam a chamar de herança maldita, pois passa de uma gestão para outra. “Desde Micarla esse buraco está assim. Ajeitaram, mas fizeram só um paliativo e voltou”, relatou a técnica em enfermagem.
A situação descrita acima é uma das cidades que se espalham pela cidade. Além de desgaste do asfalto, a população tem que enfrentar as obras da Caern, que esburacam a cidade para algum serviço de abastecimento ou saneamento, e só muito tempo depois recuperam o asfalto ou calçamento.
No que diz respeito à Prefeitura de Natal, a secretaria responsável pelas vias anunciou um pacote de três contratos (drenagem, pavimentação e recuperação de vias) nesta semana no valor de R$ 10 milhões em 73 ruas da capital potiguar. Para recuperação das vias, estão previstas obras em todas as regiões da cidade.
Na zona Leste, a Prefeitura de Natal destaca a recuperação da avenida Café Filho na orla da Praia do Meio, dos Artistas e do Forte. Em Petrópolis, é a avenida Afonso Penna que receberá os cuidados na pista de rolamento. Ainda segundo o Executivo Municipal, ruas das Rocas, Ribeira, Lagoa Seca, Areia Preta e Tirol serão beneficiadas.
Algumas ruas do bairro Nossa Senhora da Apresentação, Potengi, Pajuçara e Lagoa Azul também passarão por reparos. Na zona Sul da cidade, a prioridade será da orla da Ponta Negra, avenida Erivan França, e bairro de Neópolis.
Nossa equipe de reportagem tentou entrar em contato com os responsáveis pela Secretaria Municipal de Infraestrutura e Obras Públicas. Não conseguimos contato telefônico nem com o secretário titular, Tomaz Neto, nem com o secretário adjunto, Caio Pascoal.