02/10/2015 17h23 – Atualizado em 02/10/2015 18h29
Bovespa tem maior alta em 10 meses após anúncio de corte de ministérios
Ibovespa subiu 3,79%, aos 47.033 pontos.
Alta foi puxada por disparada da Petrobras, que subiu mais de 10%.
A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou em alta de mais de 3% nesta sexta-feira (2), refletindo a recepção positiva do mercado ao anúncio de reforma ministerial pela presidente Dilma Rousseff e a dados de emprego dos Estados Unidos que podem fazer com que o banco central norte-americano demore mais para elevar a taxa de juro do país.
O Ibovespa, principal indicador de ações da bolsa, subiu 3,79%, aos 47,033 pontos, na maior alta desde 21 de novembro de 2014. Veja a cotação.
Na semana, o índice acumulou alta de 4,9%. No ano, porém, a bolsa ainda acumula perda de cerca de 6%.
Já o dólar terminou a semana abaixo de R$ 4, em baixa de 1,41%, vendido a R$ 3,9457.
Ações de estatais sobem
As ações da Petrobras dispararam mais de 10%, apesar da baixa dos preços do petróleo, que mostravam volatilidade na esteira dos dados de emprego dos EUA. A estatal deve realizar apenas US$ 20 bilhões dos US$ 29 bilhões de investimentos programados para este ano, segundo reportagem publicada no jornal “Valor Econômico” nesta sexta-feira.
Na semana, as ações da Petrobras acumularam alta de cerca de 13%. No ano, porém, as ações preferenciais (as mais negociadas) ainda acumulam perda de mais de 20%.
As ações do Banco do Brasil e da Eletrobras tamem ficaram entre as altas mais significativas do dia com ganhos de 6,77% e 7,69%, respectivamente.
Segundo Figueredo, da Clear, as ações das estatais reagiram bem ao anúncio da reforma por parte do governo. “São empresas que sofrem muito na mão do governo. Acabam reagindo a essa ação para melhorar o lado fiscal”, afirmou.
Cenários interno e externo
A presidente Dilma anunciou a redução do total de ministérios em oito pastas, como parte de uma reforma administrativa e ministerial que deve gerar uma economia de 20% nos gastos de custeio e contratação de serviços de terceiros e de 10% na remuneração de ministros. A situação política instável está entre os principais fatores de pressão para as ações brasileiras.
“O mercado interpreta isso como uma ação, algo que o governo não fez em nenhum momento e tinha ficado devendo. Agora cortouna carne”, disse o analista Raphael Figueredo, da Clear Corretora, para quem a situação política instável está entre os principais fatores de pressão para as ações brasileiras.
Figueredo apontou ainda que a Bovespa teve o amparo dos índices norte-americanos, que caíram pela manhã mas acabaram fechando com ganho superior a 1%.
Cenário externo
No exterior, o foco foram os dados de emprego divulgados pela manhã mostrando que o setor privado norte-americano, excluindo o setor agrícola, criou 142 mil postos de trabalho no mês passado, enquanto os dados para agosto foram revisados para mostrar ganho de apenas 136 mil vagas. Foi o menor avanço em dois meses em mais de um ano.
Os dados alimentaram temores de que a desaceleração global,especialmente da China, esteja enfraquecendo os EUA. Mas, no curto prazo, o dado foi visto como maior chance do banco central norte-americano elevar o juro do país só em 2016, o que seria positivo para mercados emergentes como o Brasil.