Rodriguinho tomou um café com a nova diretoria do Corinthians no dia 8 de janeiro, no CT Joaquim Grava. O encontro, porém, não serviu para que ele negociasse um possível retorno ao time em que foi bicampeão brasileiro e bicampeão paulista. Foi para contar que, em 2024, será mais um ex-jogador a se tornar empresário de futebol.
Aos 35 anos, Rodriguinho agora está aposentado dos gramados.
– Fui só conversar com o novo presidente, conhecê-lo e me colocar à disposição para qualquer coisa que precise. Independentemente da política que existe no futebol, sou muito corintiano e muito brasileiro, torço para todos os clubes. Mas o Corinthians tem um espaço especial no meu coração. Então me coloquei à disposição para qualquer coisa que fosse preciso – disse o ex-camisa 26.
Anunciada nesta sexta-feira em conversa exclusiva com a reportagem do ge, a decisão de Rodriguinho de se aposentar foi tomada ainda em abril de 2023, na saída do Cuiabá. Os nove meses que se passaram desde a rescisão serviram para que ele amadurecesse o que fazer no pós-carreira.
A opção escolhida pelo agora ex-jogador, que foi revelado pelo ABC e que também passou por clubes como Bragantino, América-MG, Corinthians, Grêmio, Al-Sharjah-EAU, Pyramids-EGY, Cruzeiro, Bahia e Cuiabá, foi seguir no futebol, agora como empresário e sócio do ex-meia Dudu Cearense.
– Fui só conversar com o novo presidente, conhecê-lo e me colocar à disposição para qualquer coisa que precise. Independentemente da política que existe no futebol, sou muito corintiano e muito brasileiro, torço para todos os clubes. Mas o Corinthians tem um espaço especial no meu coração. Então me coloquei à disposição para qualquer coisa que fosse preciso – disse o ex-camisa 26.
Anunciada nesta sexta-feira em conversa exclusiva com a reportagem do ge, a decisão de Rodriguinho de se aposentar foi tomada ainda em abril de 2023, na saída do Cuiabá. Os nove meses que se passaram desde a rescisão serviram para que ele amadurecesse o que fazer no pós-carreira.
A opção escolhida pelo agora ex-jogador, que foi revelado pelo ABC e que também passou por clubes como Bragantino, América-MG, Corinthians, Grêmio, Al-Sharjah-EAU, Pyramids-EGY, Cruzeiro, Bahia e Cuiabá, foi seguir no futebol, agora como empresário e sócio do ex-meia Dudu Cearense.
– Eu de fato gostava de sair e fazer minhas coisinhas, ninguém é de ferro (risos). No futebol é difícil conseguir sair, ter momentos bons e ninguém encher o saco. Você tem que tomar cuidado quando pode fazer isso. Eu até passava um pouco da linha às vezes, era um pouco irresponsável. E o Andrés é uma figura, um grande amigo que fiz na bola. A gente tinha muitas conversas legais, sempre fomos parceiros no trabalho. Quando era trabalho, era super sério, sem problemas – recordou.
Em meio a tantas histórias, conquistas e amigos no futebol, a decisão de parar para Rodriguinho exigiu maturidade. Afinal, ele precisou entender que seu corpo e sua mente já não acompanhavam a carreira desde que teve de passar por duas cirurgias na lombar por hérnia de disco em 2019, no Cruzeiro.
– O futebol é um meio que gira muito dinheiro, eu ganhava um ótimo salário. Prolongar é bom, óbvio, todo mundo quer, mas existem outras limitações, como a lesão que citei. Depois que saí do Cruzeiro… A cirurgia (na lombar) foi bem sucedida, mas deixa sequelas. Às vezes vai travar o corpo e você não consegue andar. Depois de um jogo, são dois ou três dias para recuperar. Muitas dores você tem que suportar. Às vezes, com um simples giro, você tem que ficar na fisioterapia uma semana de manhã e à tarde para voltar ao normal. Eram coisas que iam machucando muito… Tomar remédio para dormir e ao acordar para não sentir dor. Isso prejudica o bem-estar.
– Você começa a colocar na balança realmente o que é importante, se é estar bem, com saúde, ou ganhar bem. Para mim, a balança estava pendendo mais para o bem-estar, eu já estava atingindo uma certa idade, lidando com dores. Optei por fazer algo que não machuque meu corpo, como acontece no esporte de alto rendimento.
Abaixo, veja mais trechos da entrevista exclusiva:
ge: Seu último jogo foi em abril de 2023. De lá para cá, como foi o período até você fazer o anúncio
Rodriguinho: – Eu já tinha tomado a decisão com a minha família, chamei todos para perto para avisar que eu vinha passando por dificuldades tanto físicas quanto psicológicas, estava vendo que era o momento de parar. Falei sobre minha decisão, alguns tentaram tirar da minha cabeça a ideia. Mas depois que eu expus todos os meus pontos, minha família entendeu o que estava acontecendo e, em comum acordo, até com meu empresário presente, resolvemos sair do clube onde eu estava (Cuiabá) e seguir um novo caminho.
– Todo mundo fala que é complicado quando você termina a carreira como jogador e que para encontrar um novo caminho é difícil, mas eu vinha me preparando há um tempo para isso, sabendo das limitações que eu encontrava naquele momento. Resolvi, com toda família, tomar essa decisão.
Você saiu do Cuiabá já decidido a parar ou alguma proposta podia fazer mudar de ideia?
– Dificilmente uma proposta me faria mudar de ideia. Como voltei para minha cidade, Natal, os clubes de lá me procuraram, clubes de outros centros me procuraram também. Eu estava fixo na ideia de parar por lesões, pelas dores que eu sentia, os problemas que eu estava enfrentando. Estava com a ideia fixa. Escutei a todos e analisei se seria interessante jogar, mas tomei a decisão de continuar com meu plano de encerrar e colocar um ponto final na minha história como jogador, que foi muito bonita.
Ainda no Corinthians você falava sobre seus negócios no pós-carreira. Essa ideia já vinha sendo trabalhada?
– Eu já vinha me planejando para isso, todo mundo sabe que a carreira do atleta não é tão longa assim. Desde aquela época eu vinha planejando, me especializando, procurando novos negócios, investimentos, em empreender em alguma coisa, sempre me preocupei com isso. No pós-lesão, como eu comecei a sofrer muito e a idade vinha chegando, analisei muitas coisas, como rede hoteleira, restaurantes, que naquela época (de Corinthians) eu já falava sobre isso. Eu me encontrei no futebol investindo em atletas, numa nova empresa chamada Sports Invest.
– Seguirei dentro do futebol, que é uma coisa que vivi por 18 anos, conheço a resenha de vestiário, tive que negociar com presidentes e diretores. Poder juntar as duas coisas é bastante interessante, me encontrei. Foi um período curto desde que parei até aqui, fico feliz de virar a página do que vivi nessa vida maravilhosa de jogador.
Como vai funcionar esse trabalho de vocês?
– Somos um fundo de investimento que tem que ser auditado pelos investidores. Vamos investir em representação de atletas no Brasil com foco (em transferência) ao exterior. Tem uma política no fundo que investiremos em atletas de 17 a 23 anos com foco em prepará-los para mandar para a Europa, fazer uma boa transição de carreira. O mercado europeu é muito amplo, a gente faz um estudo baseado em números e no que a gente vê, a experiência que temos no futebol, para enviar o atleta para o melhor centro possível dentro das condições que ele tem, para que possa atingir o nível máximo e chegar à Premier League, que é o sonho de qualquer atleta.
Além do Corinthians, você vestiu camisas pesadas do Grêmio, Cruzeiro e Bahia. Teve convocação para a seleção brasileira de Tite em 2018. Com que sentimento deixa o futebol?
– O balanço é positivo demais para mim. Sair de onde eu saí e chegar aonde eu cheguei, tendo uma imagem limpa no futebol, uma carreira vitoriosa, de conquistas, tristezas também, nem tudo são alegrias, com relacionamentos que criei… Eu me vejo super como um vencedor e pretendo passar essa experiência à frente. Óbvio que faltaram coisas também, nem tudo é como a gente quer, gostaria de jogar na Europa. Mas o que fiz no Brasil… Em alguns clubes não tive sucesso por lesão ou algum momento de vida, mas as coisas acontecem como tem que ser. Eu não mudaria nada na minha carreira, talvez acrescentaria alguma coisa, tomaria outro caminho, mas são coisas que a gente só aprende com a experiência.
– É difícil falar “e se”. Por que o “se” não existe no esporte, você tem que tomar a decisão e arcar com os compromissos e tentar fazer o melhor. Não tenho nada para me arrepender dentro de toda história que vivi, só tenho a agradecer ao futebol pela minha vida que mudou, dos meus familiares que mudou, de pessoas próximas também. Saio de cabeça erguida e joelho dobrado, agradecendo a Deus por tudo o que proporcionou na minha vida.
E você ficou perto de jogar na Turquia, no fim de 2016, pelo Fenerbahçe, certo?
– Exato. Cheguei próximo do Fenerbahçe, infelizmente no momento não deu certo, pelo momento do Corinthians. Mas vida que seguiu, graças a Deus consegui fazer quase tudo o que eu queria.
– Foi uma proposta que para mim era boa por ser um time de tradição. Eu briguei para ir naquele momento. Mas se eu tivesse ido, não teria ganhado o Paulistão e Brasileiro de 2017 e o Paulistão do ano seguinte pelo Corinthians. Eu talvez tivesse saído naquele momento se fosse da vontade do Corinthians, eu briguei para sair, mas me convenceram a ficar e ficar foi ótimo para mim.
O Corinthians foi o clube mais especial da sua carreira?
– Por momento e por tudo o que vivi lá. Passei uma parte ruim para mim, mas depois, na segunda passagem, foi um negócio inexplicável o carinho, o momento que vivi. Na carreira, foi o maior. A identificação com a torcida, com funcionários, o clube, a cidade, tudo. Foi um pacote completo de alguém que pode estar feliz. Ficou no meu coração, assim como outros que também tive sucesso e têm espaço no coração. Mas o Corinthians foi um dos maiores que tive a oportunidade de jogar.
Foi um título brasileiro em 2015 com alguns jogos e depois protagonismo no Paulistão de 2017, no Brasileirão de 2017 e um título paulista em 2018 na casa do Palmeiras. Momentos marcantes?
– Todo mundo me para na rua até hoje para falar de vários lances que aconteceram nesses anos, como aquele gol no Palmeiras, em que ficam dois (jogadores) no chão. Tem um gol no Sport que é incrível. O título sobre a Ponte em 2017, que o time era a quarta força, mas vinha demonstrando que seria a primeira do Brasil.
– Fomos campeões com um time que só tinha craque e uma identificação grande no grupo. A gente ganha o Brasileiro sendo invicto um turno inteiro, ganha até com uma certa sobra. Em 2018 a gente é campeão de novo sobre o maior rival, fazendo história. Foi um período que parece curto, mas foi muito intenso e muita coisa aconteceu. Felicidade imensa de ter participado de tudo isso, estar com o nome na história, ainda mais em um clube com essa potência que tem.
Em 2018, você teve que se reinventar no Corinthians, já que o time perde o Jô e o Carille te escala mais avançado, como um falso 9, ao lado do Jadson. A pergunta é sobre esse companheiro: o Jadson foi seu grande parceiro no futebol?
– Com Jadinho, a gente tinha uma boa relação dentro de campo, fora de campo e até hoje a gente mantém, tem muita conversa, sempre liga um para o outro, se encontra. Mas tem vários outros… Elias, André Felipe, Fábio Santos, Renato Augusto, vários, inclusive jogadores que atuaram comigo mais recentemente. O futebol é um meio que parece grande, mas é pequeno, todo mundo se fala. O bom é isso, deixar amigos que vão ficar, a gente vai poder se encontrar lá na frente e trocar uma resenha, como sempre foi.
– Sobre 2018, o Jô tinha ido embora, e o Carille já tinha montado aquele time excepcional. Então ele nos chamou na sala e falou: “O Jô saiu, estou pensando em colocar você ou o Jadson lá”. Eu e o Jadson olhamos um para o outro. Está maluco, olha o nosso tamanho, o que a gente vai fazer ali? Jô ganhava todas no alto, eu não ia ganhar nenhuma, o Jadson não ia ganhar nenhuma, isso vai dar errado. Ele convenceu a gente a jogar assim, falso 9, quando um estiver na frente, o outro sai. Quando saímos da sala eu falei para o Jadson: “Isso vai dar errado”. O Jadson falou: “Eu também acho” (risos). A gente foi para o jogo e deitou, o jogo era contra o Palmeiras. Quando a gente imaginava que isso iria dar certo? E deu muito certo. Tem que tirar o chapéu para o Carille, a ideia dele foi fenomenal.
Do Corinthians, você foi vendido ao Pyramids, do Egito, na metade de 2018. Por lá você ficou seis meses e depois foi negociado com o Cruzeiro. Como foi esse período da sua vida?
– A ida para o Egito aconteceu porque era um valor muito alto para o Corinthians e era muito bom para mim também. Eu queria dar um “up” na minha parte financeira, já tinha feito muita coisa pelo clube, achei que era hora de sair e depois voltar em outra condição, como muitos fizeram. Apostei no projeto do Alberto Valentim, que era o treinador, seriam três anos de contrato. Era um campeonato que estava parado há dois anos por brigas de torcida. Ele estava voltando, e o sheik que era o ministro dos esportes da Arábia Saudita, que era quem estava contratando os jogadores, contratou eu, Keno, Carlos Eduardo e Ribamar para iniciar um projeto do time dele no Egito.
– Como a comissão era brasileira, achei que podia ser viável, que seria bom, eu já estava pensando em constituir uma família e ficar mais tranquilo. Fui, mas com dois meses o Valentim foi mandado embora. Aí complicou. A comissão foi embora, os atletas começaram a ir embora um por um, eu fiquei desiludido e acertei a volta ao Brasil para o Cruzeiro, que na época era um time de condição muito boa, que batia de frente com Flamengo e Palmeiras. Eles tinham condição de me pagar e eu não ia levar nenhum tipo de prejuízo.
O ano de 2019 no Cruzeiro, porém, acabou da pior maneira, né? Com o Cruzeiro na Série B…
– Eu me adaptei em um mês, comecei bem no Mineiro, fiz uma dupla maravilhosa com o Fred, era um time cascudo, que tinha sido campeão da Copa do Brasil. Estava tudo ótimo, estávamos bem na Libertadores, meu começo no Cruzeiro foi excepcional, como nunca tinha sido em nenhum clube. Aí, veio a lesão na coluna. Seria um mês de cirurgia e reabilitação, mais um mês de campo para poder voltar a jogar. Só que existe uma pequena chance de reincidir a hérnia e de refazer a cirurgia, acho que tem 7% de chance de acontecer isso. E aconteceu comigo. Fiz a primeira, segui com dor dois meses depois, refiz a cirurgia, tive de me reabilitar de novo, e terminou o Brasileiro com o Cruzeiro rebaixado.
– E aconteceu todo aquele problema do Cruzeiro devendo, com problemas financeiros, teve de mandar todo mundo embora e virou SAF. E eu ficava me martirizando, logo neste momento não posso ajudar o clube, isso maltrata o atleta. Foi um momento triste na minha carreira, nunca tinha passado por lesão que me incapacitasse. A questão da coluna me atrapalhou ali e depois seguiu me atrapalhando de alguma forma: a coluna trava, muitos tratamentos, remédios e isso foi dificultando a minha recuperação que antes era rápida.
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Fonte: Blog do Gustavo Negreiros