VITÓRIA – Uma gravação feita nesta quinta-feira mostra as primeiras imagens do interior do navio-plataforma Cidade de São Mateus após a explosão que matou pelo menos cinco pessoas, deixou outras 26 feridas e quatro desaparecidas no litoral do Espírito Santo, nesta quarta-feira. O vídeo foi obtido pelo portal Gazeta Online.

No vídeo, registrado por um militar que pediu para não ter o nome divulgado, é possível ver algumas das áreas atingidas pela explosão. As imagens também mostram o nível da água subindo na área da casa de máquinas do navio.

As imagens são acompanhadas pela narração do próprio militar. É possível ver diversos profissionais trabalhando nas operações de resgate e perícia da embarcação. Segundo a própria narração, estão no navio militares da Marinha, Corpo de Bombeiros e profissionais de empresas privadas.

Nesta sexta-feira, dois corpos já encontrados foram identificados por parentes. O reconhecimento visual não está garantido nos corpos que restam porque alguns estão muito queimados ou dilacerados. Pode haver necessidade de identificação por meio de teste de DNA.

Os cinco corpos chegaram por volta das 19h no aeroporto de Vitória. Eles foram transportados em um helicóptero cargueiro do navio-plataforma para a capital. A norueguesa BW Offshore, proprietária do navio que trabalha a serviço da Petrobras, não informou o nome das vítimas. Quatro operários continuam desaparecidos e sete permanecem internados em hospitais da Grande Vitória.

Nesta sexta-feira, a BW informou que quatro dos mortos já encontrados eram de nacionalidade brasileira, enquanto o quinto era indiano. Os quatro desaparecidos são brasileiros. A empresa disse que estava firme nas buscas dos desaparecidos. O navio tinha 74 embarcados no momento do acidente — 26 ficaram feridos.

Em nota enviada nesta sexta-feira, o diretor-executivo da BW Offshore, Carl Arnet , se lamentou o acidente e garantiu que todos os esforços estão sendo feitos para encontrar os trabalhadores desaparecidos.

“Este é um dia terrível para as famílias das pessoas que perdemos e nossos corações estão com eles. Estamos determinados a continuar as buscas pelos desaparecidos”, disse o diretor-executivo da BW Offshore, Carl Arnet.

O local onde ocorreu a explosão permanecia inundado e inacessível, segundo a última informação da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), na noite de quinta-feira. A agência explicou que a parte submersa do casco foi totalmente inspecionada e que o mesmo estaria íntegro, mas o navio está parcialmente inclinado. A FPSO armazena e produz petróleo e gás.

A ANP informou nesta quinta-feira que abriu um processo administrativo contra a Petrobras para apurar as causas do acidente. Segundo a ANP, o processo administrativo é sempre feito contra a empresa operadora do campo, que neste caso é a Petrobras, independentemente de a plataforma ser alugada.

Nesta quinta-feira, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Espírito Santo (Crea-ES) informou que a BW atuava de forma irregular na Bacia do Espírito Santo. A entidade, que está tentando notificar a empresa, diz que o registro no Crea é obrigatório para esse tipo de operação.

Outra irregularidade apontada pelo Crea-ES é que a BW Offshore não constava na listagem de empresas contratadas pela Petrobras enviada ao órgão. “Caso a offshore não tome medidas para regularização, após receber a notificação do Crea, a empresa será multada”, afirma nota enviada pelo Conselho.

* Especial para O GLOBO