Presidente do Peru depõe em caso relacionado à Lava Jato
Ollanta Humala foi interrogado no palácio de governo por mais de 12 horas.
Agenda revelou reuniões com empresários – inclusive brasileiros investigados.
O presidente do Peru, Ollanta Humala, prestou depoimento nesta segunda-feira (18) ao Ministério Público do país sobre seu suposto vínculo com o escândalo de corrupção revelado pela Operação Lava Jato no Brasil e anotações nas agendas de sua esposa, Nadine Heredia, que poderiam configurar lavagem de dinheiro.
Humala foi interrogado no palácio de governo por mais de 12 horas. O MP peruano investiga anotações de Heredia, que atualmente preside o Partido Nacionalista, e supostas contribuições financeiras para o governo.
Uma comissão parlamentar também está investigando o caso e decidiu pela quebra do sigilo bancário de 432 pessoas físicas e jurídicas, entre elas Nadine Heredia, os ex-presidentes Alan García e Alejandro Toledo e o ex-ministro e candidato presidencial Pedro Pablo Kuczynski.
Em março, a esposa de Humala declarou à comissão investigadora do Congresso que acompanhou o presidente em reuniões com empresários quando ele era candidato, “mas isso não significou nenhum tipo de contribuição econômica nem alguma especificação sobre projetos”.
Lava Jato
A primeira-dama reiterou que acompanhou Humala nas reuniões com empresários de diversas nacionalidades, anotadas em suas agendas, durante a campanha eleitoral, antes de sua chegada ao poder em julho de 2011.
Entre os nomes estão brasileiros investigados na Lava Jato. Segundo o jornal peruano “El Comercio”, anotações de Heredia mostram que ela e Humala se reuniram em outubro de 2010 com José Dirceu e o ex-presidente da OAS José Aldemário Pinheiro Filho, conhecido como “Léo Pinheiro”, ambos presos pela Lava Jato.
“Isso não significou, em nenhuma dessas reuniões, propinas, comissões ou qualquer vinculação a respeito de algum projeto, concessão ou obra”, afirmou Heredia à comissão investigadora do Congresso peruano sobre as anotações.
Léo Pinheiro
Léo Pinheiro foi preso em novembro de 2014, acusado de envolvimento no esquema de corrupção que atuava na Petrobras. Ele foi condenado em agosto de 2015 a 16 anos e quatro meses de prisão por corrupção ativa, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
O empreiteiro esteve com o ex-presidente Lula em um triplex do condomínio Solaris, em Guarujá. A OAS terminou o prédio e pagou a reforma do apartamento. Promotores suspeitam que Lula tenha ocultado ser o dono do imóvel.
Uma mensagem identificada pela Polícia Federal do Paraná no celular de Léo Pinheiro mostra o ministro Edinho Silva (Secretaria de Comunicação Social), então tesoureiro da campanha de Dilma Rousseff em 2014, chamando o ex-presidente da OAS de “grande parceiro”.