24/11/2015 11h56 – Atualizado em 24/11/2015 13h47
Polícia identifica corpos de mais três vítimas de pintor em São Paulo
Investigação já havia identificado dois cadáveres na casa de Jorge Oliveira.
Delegada concluiu inquérito e pediu a prisão preventiva dele à Justiça.
A polícia identificou mais três corpos que estavam enterrados na casa do pintor Jorge Luiz Morais de Oliveira, de 41 anos, na Favela Alba, na região do Jabaquara, Zona Sul de São Paulo. No fim de setembro, a investigação havia localizado restos mortais de ao menos seis pessoas na mesma residência, após denúncia do desaparecimento de uma delas.
Com a identificação recente desses três cadáveres e como outros dois já haviam sido reconhecidos anteriormente pela perícia, agora são cinco o número de vítimas do ‘serial killer’. Dois sacos contendo ossadas, aparentemente de uma outra pessoa, que também estavam no imóvel dele ainda não foram identificados.
Jorge segue preso temporariamente na carceragem do 77º Distrito Policial (DP), em Santa Cecília, região central da capital paulista, como suspeito de ter assassinado essas pessoas. De acordo com a polícia, ele confessou ter matado um homem e cinco mulheres. Na semana passada a polícia pediu à Justiça a conversão da prisão temporária em preventiva.
Além de Carlos Neto Alves Junior, de 21 anos, e de Renata Cristina Pedrosa Moreira, de 33, que já tinham sido indentificados antes, a investigação concluiu que os outros três corpos encontrados na casa do pintor são de Andreia Gonçalves Leão, 20, Paloma Aparecida dos Santos, 21, e Natasha Silva Santos (veja quem são as vítimas abaixo).
“Por meio da investigação da Polícia Civil, ouvindo testemunhas, e através da perícia feita pela Polícia Técnico-Cientifica, por DNA e confronto de exames com materiais genéticos de familiares de pessoas desaparecidas naquela região, foi possível identificar os cinco corpos encontrados no quarto da casa de Jorge”, disse nesta terça-feira (24) ao G1 a delegada Nilze Scapulatiello, titular do 35º DP, no Jabaquara.
De acordo com a delegada, os laudos periciais comprovaram que a maioria dos assassinatos ocorreu por estrangulamento ou esganadura.
A investigação concluiu o inquérito no fim da semana passada e pediu a prisão preventiva do suspeito à Justiça para que ele responda aos crimes detido. Até a publicação desta matéria, não havia informação se esse pedido foi aceito.
A polícia indiciou Jorge por homicídio doloso qualificado (por motivo torpe, meio cruel, recurso que impossibilitou a defesa das vítimas e feminicídio –que é morte de mulheres), ocultação de cadáveres e o agravante de ser reincidente (ele já havia cumprido pena por dois assassinatos).
Carolina Dantas/G1)
O G1 não localizou o advogado André Nino, que defende Jorge, para comentar o assunto nesta terça-feira. Durante a investigação, a defesa alegou que o pintor cometeu os crimes sob efeito de drogas, mas que estava arrependido.
De acordo com a polícia, testemunhas disseram que as cinco vítimas identificadas seriam usuárias de drogas e que haviam sido atraídas pelo assassino para consumir entorpecentes.
Segundo a delegada, apesar de Jorge ter confessado, durante seu interrogatório, que matou seis pessoas, ele só se lembrava do nome de quatro delas: Carlos, Renata, Andreia e Paloma. Disse não se lembrar dos outros dois nomes.
“No interrogatório, Jorge contou que matou Carlos com uma faca para se defender e que os outros homicídios ocorreram porque ele era de uma facção rival à que atua na favela”, contou Nilze.
Mas, de acordo com a delegada, “Jorge é uma pessoa que, quando consumia drogas, não podia ser contrariada. E cometia os crimes. Além disso, ele disse que não gostava de homossexuais”. De acordo com a investigação, três vítimas eram gays: Carlos, Renata e Paloma.
AS VÍTIMAS IDENTIFICADAS
Carlos Neto Alves Júnior
Alves Júnior (Foto: Reprodução/Arquivo pessoal)
Vizinho de Jorge, Carlos Neto Alves Júnior, de 21 anos, foi morto na noite de 23 de setembro, uma quarta-feira, na residência do pintor, na Rua Professor Francisco Emídio da Fonseca. Júnior era homossexual e estava aposentado por conta de uma surdez de nascença.
À polícia, Jorge alegou legítima defesa para matar Carlos. Ele disse que o vizinho, acompanhado de outro jovem, entrou em sua casa com uma faca na mão. Após uma discussão, a vítima o teria esfaqueado no braço, mas ele conseguiu tomar sua faca e o atacou. O rapaz que estava com o jovem teria fugido durante a briga.
A polícia chegou ao imóvel após uma denúncia e localizou o corpo de Júnior em um cômodo. A mãe do pintor, que mora em frente, informou ter visto a vítima e o filho entrarem juntos no imóvel. Segundo ela, seu filho saiu na manhã de 25 de setembro e não voltou mais. A pedido dos policiais, a mãe e a irmã ligaram para ele e o convenceram a se entregar no mesmo dia. A descoberta do corpo levou à localização dos outros cadáveres enterrados.
O laudo pericial com a causa da morte de Carlos ainda não chegou à polícia.
Renata Christina Pedrosa Moreira
(Foto: Arquivo Pessoal)
Estudante carioca de 33 anos, Renata Christina Pedrosa Moreira era usuária de drogas, segundo depoimentos à polícia. Elas costumava ir até a favela para comprar entorpecentes e estava desaparecida havia nove meses. O último sinal de seu celular dela foi registrado na região em janeiro deste ano.
A identificação ocorreu em outubro, após o Instituto Médico Legal (IML), da Polícia Científica comparar o cadáver encontrado com radiografias de Renata.
Após o fim do trabalho da perícia, a mãe e a companheira de Renata compraram uma pá e uma enxada e entraram na casa do pintor em busca do corpo. Não encontraram o cadáver, mas acharam objetos e novos restos mortais que não haviam sido recolhidos. A polícia retornou ao local e o corpo da estudante foi localizado no dia seguinte. A causa da morte dela apareceu como indeterminada no laudo pericial.
Natasha Silva Santos
Segundo familiares, Natasha Silva Santos entregava livros didáticos a crianças e adolescentes da favela quando desapareceu em julho. Para a polícia, no entanto, uma amiga da vendedora afirmou em depoimento que a jovem foi até à casa de Jorge para comprar droga, seguindo a indicação de uma outra colega.
O irmão de Natasha, Vagner Silva Santos, negou que a jovem estivesse na Favela Alba para comprar drogas e diz que ela trabalhava quando desapareceu. “Ela estava indo vender os livros, estava trabalhando”, rebateu.
Segundo o delegado Edilzo Correia de Lima, ela tinha passagem pela polícia por furto. O laudo da perícia não determinou a causa da morte, segundo a polícia.
Andréia Gonçalves Leão
“Baianinha”, como também era chamada Andréia Gonçalves Leão, morava na mesma favela do pintor. Ao ser apresentado à foto da jovem de 20 anos, ele confessou seu assassinato. O homem, porém, não ligou o nome dela à imagem, segundo a polícia. A perícia indicou no laudo da causa da morte que ela pode ter sofrido estrangulamento ou esganadura.
Paloma Aparecida dos Santos
Paloma Aparecida dos Santos, de 21 anos, também moradora da região, foi outra a ser reconhecida pelo pintor por foto. Familiares da jovem identificaram um celular encontrado na casa do suspeito como sendo dela. O advogado André Nino, que defende o acusado, afirmou na ocasião que seu cliente alegava ter comprado o aparelho. Segundo a polícia, o laudo pericial indicou que ela foi estrangulada.
POSSÍVEL VÍTIMA
Kelvin Dondoni, de 23 anos, desapareceu no começo do ano na região da Favela Alba. Sua mãe, Maria de Fátima Dondoni, disse, segundo a polícia, que ele trabalhava com um primo na prestação de serviços e era usuário de drogas.
De acordo com a mulher, Kelvin cortava o cabelo no local e também tinha diversos amigos na região. Quando os crimes foram revelados, ela foi à delegacia em busca de informações do filho ereconheceu algumas das roupas apreendidas na casa do pintor.