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PMs são acusados de passar dados de pessoas mortas a golpistas no RS

Grupo teria falsificado documentos para aplicar golpes no comércio.
Defesa de PMs nega participação; outro envolvido não se manifesta.

Do G1 RS

Dois policiais militares são investigados por suposta participação em uma quadrilha que aplicava golpes com as informações de um banco de dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP) do Rio Grande do Sul. O sargento Jailson José Reinaldo e o irmão dele, o soldado Douglas de Oliveira Reinaldo, foram denunciados pelo Ministério Público e se tornaram réus, como mostra o RBS Notícias (veja vídeo acima).

A investigação do MP revela que o grupo falsificava documentos para aplicar golpes no comércio. Vítimas de acidentes de trânsito tinham os nomes usados para compras e contratação de serviços, que não seriam pagos.

Segundo promotor Flávio Duarte, grupo falsificava documentos (Foto: RBS TV/Reprodução)Segundo promotor Flávio Duarte, grupo falsificava
documentos (Foto: RBS TV/Reprodução)

Segundo o MP, Jailson acessava os computadores enquanto que o irmão dele teria recebido uma impressora comprada em nome de uma pessoa morta. Os dois foram denunciados por associação criminosa, estelionato e uso de documento falso.

“Eles adquiriam bens e contratavam serviços junto ao comércio: TV por assinatura, telefonia, adquiriam bens na internet, tênis, impressoras. Enfim, uma série de bens que eram entregues nas residências de parentes desses policiais. Ou até na residência de um deles”, explica o promotor Flávio Duarte.

Para o golpe, a quadrilha primeiro pesquisava nomes de vítimas de acidentes de trânsito nos jornais. Depois, os nomes eram repassados a um sargento da Brigada Militar, que buscava as informações dos mortos no banco de dados sigiloso da SSP. Informações como endereço, RG e CPF eram repassados aos golpistas, que falsificavam documentos e até abriam conta em banco.

“O sistema que deveria ser utilizado para investigar pessoas, no caso foi utilizado pelo policial militar para apurar dados de pessoas e, com esses dados, o próprio policial, juntamente com esses comparsas praticarem crimes”, acrescenta o promotor.

Nome de morto foi usado em compra

Informações de homem morto foram utilizadas para abertura de conta (Foto: RBS TV/Reprodução)Informações de homem morto foram utilizadas
para abertura de conta (Foto: RBS TV/Reprodução)

Em um dos casos, os dados de Derli de Lima foram utilizados oito meses após sua morte em um acidente de trator no interior de Soledade, no Norte do estado. As informações dele foram usadas para a abertura de uma conta em uma agência bancária. Até uma linha de telefone foi contratada em nome dele.

A mãe de Derli, Veronica Santos de Oliveira, ficou revoltada ao saber da fraude.  “Uma pessoa da lei, pessoa que conhece mais que a gente fazer uma coisa dessas! Onde que se viu isso?”.

Na identidade falsa de Derli constam todos os dados do agricultor. Entretanto, apenas a foto foi trocada. No lugar foi colocada a imagem de um dos supostos golpistas, Marcelo Godoy Cambraia.

Policiais foram afastados
Os policiais foram afastados, mas continuam recebendo salários que variam de R$ 3 a R$ 5 mil. O chefe de gabinete do Comando Geral da Brigada Militar, coronel Alvaro de Medeiros, observa que o pagamento da remuneração está assegurado no Estatuto dos Policiais Militares, mesmo em caso de afastamento.

Coronel Alvaro de Medeiros (Foto: RBS TV/Reprodução)Coronel Alvaro de Medeiros diz que PMs continuam
recebendo salários (Foto: RBS TV/Reprodução)

“O militar que esteja em processo de Conselho de Disciplina, como é o caso para avaliar a sua capacidade de permanência no serviço ativo, responde esse processo afastado das funções, mas sem prejuízo econômico. Então ele recebe o salário, apenas não realiza funções de policial militar”, explica o oficial.

O coronel reforçou que a Brigada Militar não aceita esse tipo de prática. “Tanto que de imediato, logo que se formou uma prova razoável de responsabilidade, os militares foram afastados e submetidos a um procedimento que poderá levar a seu desligamento da corporação.”

O que dizem os investigados
O advogado de Marcelo Godoy Cambraia afirma que não pode se manifestar em relação ao mérito da denúncia, devido ao Código de Ética da Ordem dos Advogados do Brasil, mas salienta que a defesa será nos autos da ação penal.

Já a defesa dos dois PMs diz que os fatos da denúncia ocorreram há mais de quatro anos, quando o mais jovem não era policial militar. Os policiais negam terem recebido os produtos descritos na denúncia e afirmam que vão demonstrar que são inocentes.flavio_duarte

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Levany Júnior

Levany Júnior é Advogado e diretor do Blog do Levany Júnior. Blog aborda notícias principalmente de todo estado do Rio Grande do Norte, grande Natal, Alto do Rodrigues, Pendências, Macau, Assú, Mossoró e todo interior do RN. E-mail: [email protected]

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