FOTOS IMAGENS-Pelo segundo dia, grupos compram todos os exemplares do EXTRA em Belford Roxo
O EXTRA noticiou, nesta sexta-feira, que o candidato à Prefeitura de Belford Roxo Waguinho (PMDB) está sendo investigado pelo Ministério Público estadual por abuso de poder econômico e político. A reportagem também informava que seu adversário, Dr. Deodalto (DEM), que até então concorria com uma liminar, obteve o registro definitivo de sua candidatura. Ao tentarem comprar o jornal na sexta-feira, leitores foram surpreendidos com a falta de exemplares nas bancas do município da Baixada, que terá, neste domingo, disputa pelo segundo turno. Neste sábado, como o exemplar da véspera havia sido recolhido, o EXTRA publicou novamente a reportagem que mostrava a ação do MP contra Waguinho. Mas, pelo segundo dia consecutivo, os moradores da cidade não conseguiram comprar a edição do jornal nas bancas.
Relatos enviados para a redação do EXTRA deram conta de que, como ocorreu na sexta, grupos de pessoas compraram todo o encalhe (pacote) de jornais logo pela manhã. Os mais prejudicados foram os moradores de bairros como Centro, Prata, Lote Quinze e São Bernardo.
As duas campanhas trocam acusações sobre a responsabilidade pela retirada dos exemplares das bancas. O deputado estadual Márcio Canella (PSL), vice na chapa do peemedebista, afirma que pessoas ligadas a Dr. Deodalto compraram os jornais e os distribuíram gratuitamente em regiões do município. Ele ainda negou que a sua chapa esteja por trás do ocorrido, que classificou como “barbaridade”. Canella ainda afirmou que a oposição vem distribuindo panfletos com a reportagem.
— Não somos malucos de fazer uma barbaridade dessas (sumir com os jornais das bancas). A gente sabe que o jornal é imparcial, mas a conotação que está tendo é de que o jornal está favorecendo nosso adversário. Nunca que a gente ia fazer uma doideira dessas, de querer censurar o direito de informação da população. Foi o grupo dele (Deodalto) que correu às bancas e comprou os jornais para distribuir para a população. Hoje (ontem) compraram de novo — afirmou Canella.
Já a assessoria de imprensa de Deodalto enviou uma nota afirmando que os adversários do candidato foram quem comprou os exemplares. “É inacreditável. Eu nunca vi nada parecido. Meus adversários estão usando todos os meios possíveis para vencer. Para eles, não existem limites, nem de gastos de campanha, nem de uso da força para intimidar moradores, arrancar material meu, e agora, comprar todos os jornais das bancas para evitar que a população tenha informação, que é utilidade pública. Eles querem esconder a notícia que eu estou liberado para disputa, enquanto eles foram processados pelo Ministério Público, por diversos crimes eleitorais.Isso é uma afronta à democracia, à liberdade de imprensa e, principalmente, um desrespeito com a população de Belford Roxo”, diz o comunicado.
Nas ruas de Belford Roxo, grupos estão distribuindo panfletos com a capa do jornal e a matéria na íntegra. “O jornal que o Waguinho quer esconder de você”, diz o encarte. Em carros de som que circulam na cidade, áudios citam o conteúdo da reportagem.
Investigação
Na última quinta-feira, o MP divulgou que Waguinho e outras oitos pessoas estão sendo investigadas por abuso político e econômico. Segundo as investigações do Ministério Público, desde o início do ano, Belford Roxo recebeu diversas obras de asfaltamento, divulgadas nas propagandas eleitorais de Waguinho como sendo do governo do estado, graças a indicações políticas dele como deputado estadual. Entretanto, o MP constatou que as empresas responsáveis pelas intervenções não tinham relação contratual com o governo.
Além disso, o texto da indicação parlamentar do deputado Waguinho, originalmente apresentado na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), foi alterado no material de propaganda para ocultar os reais executores da obra, segundo consta na ação. Se condenados, Waguinho e Márcio Canella poderão ter o registro de candidatura ou o diploma de prefeito e vice-prefeito cassados, além de ficarem inelegíveis por oito anos.
Em nota, a coligação Unidos para Mudar Belford Roxo, de Waguinho e Canella, informou que está disponível para esclarecer quaisquer dúvidas do MP. Os dois dizem ainda que “fizeram inúmeras indicações para a cidade, além de destinarem o valor total de suas emendas parlamentares também para o município. Tudo devidamente documentado e protocolado”.
— Houve o problema do asfalto que o MP entrou. Eu mandei minhas emendas pra cá (Belford Roxo), o Waguinho mandou as deles pra cá, diferente do Deodalto que não é da cidade e mandou as deles para Paracambi. A Justiça e o MP vão apurar e dizer de onde veio o asfalto. Veio do estado, por emenda parlamentar. Tá tudo em Diário Oficial. Com relação a isso, não tem problema nenhum. A gente está aí para responder à Justiça e ao MP. A gente está com a consciência tranquila — disse Canella.
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