Por G1 PE
Empresa Casa de Farinha ffoi denunciada pelo Ministério Público Federal (MPF) por causa de contratos com o Hospital dos Servidores do estado (HSE) — Foto: Reprodução/TV Globo
O Ministério Público Federal (MPF) denunciou à Justiça Federal nove pessoas suspeitas de praticar irregularidades em contratos firmados entre a empresa Casa de Farinha e o Instituto de Recursos Humanos de Pernambuco (IRH). De acordo com o MPF o caso tem relação com o fornecimento de alimentação para pacientes, acompanhantes e funcionários do Hospital dos Servidores do Estado (HSE), no Recife.
Ainda de acordo com o MPF, os noves suspeitos e a empresa são alvo de uma ação de improbidade administrativa. As informações foram divulgadas nesta sexta-feira (8), no site do MPF.
O Ministério público Federal informou que a denúncia é o resultado de uma investigação criminal aberta a partir de representação feita ao MPF pelo Ministério Público de Contas de Pernambuco, vinculado ao Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco (TCE-PE).
De acordo com as apurações, feitas entre 2014 e 2018, o IRH formalizou “sucessivas e indevidas” dispensas de licitação que resultaram na contratação da Casa de Farinha, “sem cobertura contratual, para a produção e distribuição das refeições”.
As contratações irregulares haviam sido questionadas por meio de pareceres e recomendações da Procuradoria-Geral do Estado (PGE), de acordo com o MPF.
Ainda de acordo com o MPF, as investigações também apontaram o superfaturamento na prestação de serviços e fornecimento da alimentação. Em alguns dos casos, as dispensas indevidas contaram com a anuência de integrantes da Secretaria de Administração do Estado de Pernambuco.
O prejuízo causado aos cofres públicos ultrapassa R$ 415 mil, valor referente ao superfaturamento. Os recursos destinados ao IRH para as contratações foram oriundos do Sistema Único de Saúde (SUS). Quase R$ 9 milhões foram repassados em cerca de quatro anos de contratações.
O MPF informou que a ação foi recebida pela titular da 36ª Vara Federal da Subseção Judiciária de Recife, Carolina Souza Malta.
Hospital dos Servidores de Pernambuco fica na Zona Norte do Recife — Foto: Reprodução/Google Street View
Estão na lista de denunciados:
- André Longo Araújo de Melo e Francisco Antônio Souza Papaléo (ex-diretores do IRH)
- Júlio Araújo da Cruz Júnior (gerente administrativo de Contratos e Licitações do IRH)
- Jonathan Nichols Batista Maiko (ex-gerente de Licitações e Contratos e presidente da Comissão de Licitação da Secretaria de Administração do Estado de Pernambuco)
- Rafael Vilaça Manço (secretário-executivo de Compras e Licitações do Estado de Pernambuco)
- Kaline Neves Filgueiras Cabral de Souza Goulart (gerente-geral de Licitações do Estado de Pernambuco)
- Karen Viviane de Souza Ferreira (gestora do Núcleo de Apoio de Nutrição do IRH)
- Valéria dos Santos Silva (representante da Casa de Farinha)
- Romero Fittipaldi Pontual Filho (administrador da Casa de Farinha).
Detalhes
De acordo com a denúncia do MPF, André Longo Araújo de Melo, Karen Viviane de Souza e Júlio Araújo “desviaram os recursos do SUS por meio de contratos superfaturados com a Casa de Farinha, permitindo o enriquecimento ilícito de terceiros às custas dos recursos públicos.”
O MPF aponta também que Valéria dos Santos Silva e Romero Fittipaldi Pontual são acusados de se beneficiar do esquema, seja “participando ativamente dos processos licitatórios ou assinando os contratos irregulares.”
Além da condenação pelos crimes praticados, o MPF requer que a Justiça Federal decrete a perda de eventual cargo ou função pública exercida pelos denunciados, bem como o pagamento de indenização, no mínimo, no montante dos valores superfaturados, para reparação dos danos causados.
Resposta
Por meio de nota, o governo do estado informou que o Hospital dos Servidores do Estado (HSE), “âncora do Sistema de Assistência à Saúde do Servidor do Estado de Pernambuco (SASSEPE)”, não recebe recursos do Sistema Único de Saúde (SUS).
Para o governo, “não havendo recursos federais envolvidos, não haverá interesse da União, afastando-se, salvo melhor juízo, a legitimidade do Ministério Público Federal para a propositura da ação.”
Ainda de acordo com o governo, a administração estadual substituiu a empresa citada, a partir de 22 de março de 2019, após regular processo licitatório nº 0271/2018.
O IRH, autarquia vinculada à Secretaria de Administração do Estado, informou que “tem total interesse na apuração dos fatos e aguarda as conclusões dos procedimentos para que possam ser tomadas as medidas cabíveis.”
O estado disse, ainda, que “os esclarecimentos alusivos ao objeto da mencionada denúncia já foram prestados nos autos do processo de Auditoria Especial 1820579-3 do Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco (TCE-PE), que se encontra, ainda, em fase de relatório preliminar de auditoria.”
O G1 procurou a defesa da Casa de Farinha e não havia recebido retorno até a última atualização desta reportagem.