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No Dia da Mulher, vítimas denunciam ex-parceiros e pedem paz

Na Delegacia da Mulher do Recife o desejo das mulheres é um só: paz.
Motivo das agressões é o final dos relacionamentos, não aceito pelos homens.

Malu VeigaDo G1 PE

No Dia Internacional da Mulher, vítimas de agressão de ex-companheiros pedem paz (Foto: Malu Veiga / G1)No Dia Internacional da Mulher, vítimas de agressão de ex-companheiros pedem paz (Foto: Malu Veiga / G1)

O dia 8 de março é o Dia Internacionalmente da Mulher. Na data, as mulheres são normalmente homenageadas com flores, chocolates e mimos diversos. Na Delegacia da Mulher do Recife, que fica no bairro de Santo Amaro, área central da capital pernambucana, o desejo das vítimas de violência doméstica vai além do material: elas querem paz. Na tarde desta terça-feira (8), elas foram denunciar seus ex-parceiros e falaram sobre o desejo para esse dia. Os nomes utilizados são falsos para proteger identidade e integridade física de cada entrevistada.

Amanda*, 28 anos, vem a meses na delegacia para fazer boletins de ocorrência contra seu antigo namorado. Neste Dia da Mulher não foi diferente. Ela já possui medida protetiva para que o agressor não chegue perto. O presente que ela gostaria de ganhar no Dia da Mulher é um ato que colocaria fim ao seu desespero diário. “Queria que ele sumisse de vez da minha vida. Não estou vivendo mais. Ele já foi preso até por homicídio e não ficou trancado por muito tempo. Eu já tenho medida protetiva para ele não ficar perto de mim, mas quando eu ligo para a polícia ele se esconde e não tem flagrante. Eu só queria ele longe de mim para que eu pudesse retomar com a minha vida. Flores para quê?”, diz, com lágrimas nos olhos.

O parceiro, que de acordo com ela era um homem prestativo, com o fim de um relacionamento rápido agride Amanda diariamente. “Ele parecia alguém de caráter. As pessoas vieram me falar que ele tinha cometido até homicídio, mas aí já era tarde demais. Eu já estava grávida e foi quando tentei terminar. Minha vida virou um inferno”, conta.

Segundo Amanda, o homem de 33 anos é alcoólatra e não trabalha. Ela já mudou de endereço e o filho do casal hoje mora com a mãe dela no interior, depois que ele ameaçou roubar a criança. Diariamente ele ameaça a ex-companheira e até colegas de trabalho dela de morte. “Eu já mudei de casa, de número. Não tenho facebook, whatsapp, nada. Nem posso ter amigos porque ele vai atrás e diz que vai matar a pessoa. Se eu for para o trabalho com um batom diferente, ou um sapato, ele diz que eu estou com outro. Uma vez, no meu trabalho mesmo, ele pegou uma faca e veio me matar, mas um conhecido apartou e eu me salvei”, afirma a jovem, que é cozinheira. Ela já perdeu a conta de quantas vezes esteve na delegacia.

Vítima sai com o Boletim de Ocorrência e a rosa que a delegacia deu de presente pelo Dia da Mulher. 'Ja ganhei meu presente hoje', lamenta (Foto: Malu Veiga / G1)Vítima sai com o Boletim de Ocorrência e a rosa que a delegacia deu de presente pelo Dia da Mulher. ‘Ja ganhei meu presente hoje’, lamenta (Foto: Malu Veiga / G1)

Casada há 3 anos, Roberta*, 56, já apanhou quatro vezes do marido. Esta é a primeira vez que fez um boletim de ocorrência. “Presente? Já ganhei meu presente hoje, minha filha. Foi um bocado de porrada que ele deu na minha cara. Bêbado, ele veio me agredindo, dizendo que eu tinha outro homem, sem eu ter. Agora eu quero me separar. Ele que vá arrumar outra para bater, porque eu já apanhei demais”.

Já Nicole*, de 30 anos, se separou há cinco anos. Mas o ex-marido, com quem tem uma filha de cinco anos, não aceita a separação. “Meu presente no dia de hoje seria ter paz. Queria que ele se distanciasse de mim de vez. Eu não posso namorar ninguém que ele vem atrás de mim, disse que se me visse com outro ia dar em mim e no cara. Eu me separei dele depois que eu estava só em um restaurante e ele disse que estava com um homem. Na frente de todo mundo ele veio e cuspiu no meu rosto”, relatou a jovem. “Agora ele faz mais ameaças, me chama de sangue sujo, garota de programa, favelada. Eu vim aqui para pedir uma medida protetiva contra ele”, finalizou a jovem, que é autônoma.

De acordo com a delegada adjunta Lúcia Custória, as ocorrências mais comuns são com parceiros e ex-parceiros das vítimas (Foto: Malu Veiga / G1)De acordo com a delegada adjunta Lúcia Custória, as ocorrências mais comuns são com parceiros e ex-parceiros das vítimas (Foto: Malu Veiga / G1)

Há cinco anos trabalhando na Delegacia da Mulher de Santo Amaro, a delegada adjunta Lúcia Custódio afirma que o dia foi cheio pela manhã, mas depois seguiu tranquilo. Durante a a tarde, tempo em que a reportagem do G1 permaneceu na delegacia, outras três mulheres prestaram queixa, mas não quiseram dar entrevista.

“É assim sempre, não tem um padrão aqui. O dia de hoje é igual a qualquer dia. Tem dias que estamos cheios de mulheres, fazemos mais de 10 boletins Ocorrência, mas tem dias que são tranquilos. Os dias mais movimentados são as segundas-feiras, porque é a volta do que aconteceu no final de semana. Muita gente acha que a delegacia é fechada sábado e domingo e deixa para prestar queixa na segunda”, conta.

Segundo a delegada, as ocorrências mais comuns são com parceiros e ex-parceiros das vítimas. “As queixas mais comuns são de lesão corporal, ameaças e perturbação da tranquilidade, que é quando eles ficam perseguindo a vítima, mesmo quando ela já tem a medida protetiva. A maioria são de parceiros ou ex-parceiros, ou até mesmo parceiras porque a lei também fala da relação homoafetiva. Depois são casos de pais e mães com seus filhos. A nossa delegacia só aceita casos relacionados a relação doméstica ou familiar.

Para denunciar casos de violência doméstica, a delegada explica várias formas. “Para casos de flagrante, que é quando o crime está acontecendo naquele momento, é para ligar no 190 da polícia. Depois, pode vim pessoalmente registrar o BO – que não é feito por telefone. Para caso de vizinhos e familiares que não aguentam mais a vítima sofrer violência, pode ser pelo disque-denúncia. E aqui a gente encaminha, em caso de lesão corporal, para o Instituto Médico Legal para que seja feito o laudo. Aqui também fazemos o pedido da medida protetiva”, afirmou.

Delegacia da Mulhe está enfeitada com rosas vermelhas neste Dia Internacional da Mulher (Foto: Malu Veiga / G1)Delegacia da Mulhe está enfeitada com rosas vermelhas neste Dia Internacional da Mulher
(Foto: Malu Veiga / G1)

 

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Levany Júnior

Levany Júnior é Advogado e diretor do Blog do Levany Júnior. Blog aborda notícias principalmente de todo estado do Rio Grande do Norte, grande Natal, Alto do Rodrigues, Pendências, Macau, Assú, Mossoró e todo interior do RN. E-mail: [email protected]

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