FOTOS IMAGENS-Mulheres dizem que foram agredidas por PMs em evento feminista no RS
A Brigada Militar abriu procedimento administrativo para apurar uma denúncia de abuso de força policial contra cerca de 20 mulheres que participavam de um ato na Praça João Paulo I, no bairro Farroupilha, no final da noite do último domingo (1º). No local, é realizada a Feira do Livro Feminista e Autônoma de Porto Alegre (Flifea), evento paralelo a 61º Feira do Livro da capital.
Devido ao incidente, cerca de 300 pessoas participaram de um caminhada nesta segunda-feira (2) na capital gaúcha em protesto contra a ação policial. O grupo partiu do local onde teriam ocorrido as agressões e seguiu até o Centro da cidade, na Praça da Alfândega, durante a Feira do Livro.
mulher que teria sido agredida por policiais
(Foto: Flifea/Reprodução)
Uma das manifestantes, que não quis se identificar, disse à RBS TV que a ação da polícia deixou nove mulheres feridas. Algumas delas teriam sofrido ferimentos graves. Uma gestante também teria sido vítima das agressões, relatou.
“Era um ensaio corporal de teatro, e a polícia veio com grande truculência. Eram seis viaturas lotadas de brigadianos com seus cassetetes, que bateram nas mulheres. Até onde meus conhecimentos alcançam, de leiga, um policial homem não pode bater em uma mulher em situação alguma. Na verdade, nenhum policial pode, sem ter um motivo”, afirmou.
“O que aconteceu foi um abuso de força policial contra as mulheres. Foram nove feridas e quatro gravemente feridas. Uma das meninas estava grávida, foi feito um escudo humano para protegê-la. Dente quebrado, nariz quebrado, testa rachada, cabeça cortada, braço quebrado, perna esmagada”, completou a ativista.
Feministas divulgam nota
As vítimas não registraram boletim de ocorrência na Polícia Civil e dizem que um advogado está cuidando do caso. Uma nota divulgada no site da Flifea relata que a confusão teria iniciado quando dois policiais chegaram ao local em uma viatura durante um ensaio artístico.
“Eles filmaram e intimidaram as mulheres presentes que estavam falando com eles, o que gerou reações de proteção entre as mulheres, como se organizar para ir embora e filmar a situação”, diz o texto.
Em seguida, outras viaturas chegaram ao local. Ainda conforme a nota, os policiais “foram extremamente agressivos e marcadamente racistas desde o início e tentaram deter uma de nós de maneira violenta, o que desencadeou uma série de agressões físicas por parte da polícia.”
Os organizadores da feira descrevem que “muitas agressões aconteceram de maneira simultânea”, inclusive com policiais fazendo ameaças com armas de fogo. O texto conta que algumas mulheres que tentavam fugir foram perseguidas e derrubadas e “não conseguiam sair das agressões dos policiais, caídas no chão apanhavam com cassetetes e chutes”.
“Essa cena se repetiu sucessivamente, e em meio a espancamentos com cassetetes, as mulheres conseguiram chegar até as proximidades do Hospital de Clínicas, quando os policiais finalmente dispersaram”, prossegue o texto.
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Brigada Militar investiga
Conforme o comandante do 9º Batalhão de Polícia Militar (BPM), tenente-coronel Marcus Vinicius Gonçalves Oliveira, estão sendo coletados informações com moradores da região e participantes do evento para apurar o que ocorreu. A polícia também busca imagens e vídeos do momento da ocorrência.
A Brigada Militar diz que foi chamada até o local após inúmeras ligações para o serviço de emergência, a partir das 23h15, relatando “batucadas e arruaça” na praça. Dois policiais do 9º BPM se deslocaram até a área, mas, segundo o comandante, elas teriam se negado a “baixar o volume do som e sair da praça” e ainda “avançaram sobre os agentes”. Por isso, foi chamado reforço policial de mais duas viaturas, com a ida de mais quatro PM’s ao local.
O comandante explica o que ocorreu em seguida: “Houve discussão, empurra-empurra e, por isso, foi necessário o uso moderado de força.” No relatório da ocorrência, os policias justificaram o uso da força como forma de contenção, observa o tenente-coronel. Relata ainda que os “policiais saíram correndo”, sem conseguir prender ninguém.
O comandante nega o furto de dois celulares pelos policiais militares, como descrito pelas participantes da feira em uma páginas nas redes sociais. “Não houve o crime de furto, os celulares caíram no chão e, por isso, acompanham a ocorrência”. Os aparelhos estão no batalhão e podem ser retirados no quartel pelos seus donos, observou o oficial. Caso isso não ocorra, serão encaminhados para a delegacia de polícia que vai investigar o caso.
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