Blog do BG: http://blogdobg.com.br/#ixzz4axZ27vev
O estudo feito com 15 pacientes que tiveram a mialgia aguda revelou que 14 deles tinham ingerido peixes, como Olho de Boi (Seriola) e Badejo (Mycteroperca). Já o paciente que não ingeriu peixe disse ter comido comida baiana, que pode ter peixe na composição. Testes feitos com os participantes afastaram qualquer possibilidade de contaminação por vírus ou bactéria.
Inicialmente, chegou-se a pensar que o vírus da zika poderia ser a causa do mal. “Os pacientes não tinham febre, dor de garganta, sintomas de gripe. Alguns da mesma família começaram a ter sintomas juntos após horas. Tudo sugeria uma fonte comum de exposição” diz o infectologista Antônio Carlos Bandeira, um dos participantes do estudo.
Segundo o médico, a doença de Haff, relacionada ao consumo de peixe, já foi verificada em outros países. Os distúrbios seriam provocados por substâncias naturais presentes no organismo dos peixes, fruto do hábito alimentar desses animais. “Não é contaminação por mercúrio ou outro metal pesado”, diz. Contudo, a pesquisa não confirma qual substância presente no peixe provoca o mal.
O infectologista afirma que um surto semelhante verificado em Manaus anos atrás foi associado ao consumo do peixe Pacu Manteiga (Mylossoma). Ele também diz que casos descritos em outros países ocorreram no verão. “É a mesma época em que ocorre o surto na Bahia”. Para ele, é pequeno o número de pessoas contaminadas em comparação à grande quantidade que consome peixe. “Milhões de peixes são consumidos todos os dias. Foram 71 casos notificados em 3 meses. É muito pouco”, afirma.
Contração muscular vira xixi preto
A hipótese dos pesquisadores é a de que a substância natural presente nos peixes interage com a atividade enzimática dos músculos (a bomba de sódio e potássio), provocando uma contratura abrupta. “É como se fosse um torcicolo. Começa no pescoço e chega aos braços e pernas”, diz Bandeira.
A urina preta seria provocada pela mioglobina, uma proteína semelhante à hemoglobina que dá aos músculos a coloração avermelhada. “Com a agressão muscular, a mioglobina sai do músculo e vaza para corrente sanguínea. Ela é tóxica para o rim, que a elimina, deixando a urina com cor de chá ou Coca-Cola”, explica o infectologista.
O médico diz que a doença pode causar problema nos rins. “Dos pacientes que estudamos, dois tiveram lesão, mas se recuperaram.”
Sintomas passam após 24 horas
Os sintomas da doença de Haff são as dores musculares agudas e a urina com coloração preta. Eles aparecem repentinamente, mas começam a desaparecer após 24 horas. “Em dois ou três dias, o paciente já se sente melhor”, diz Bandeira.
É importante procurar atendimento médico assim que os primeiros sintomas se manifestam, para que a doença possa ser diagnosticada. A maioria dos pacientes que tiveram o mal precisou ser internada. Contudo, é possível se recuperar ficando em casa.
“A recuperação exige repouso e hidratação. O paciente pode tomar analgésico sem anti-inflamatório”, diz o médico. Segundo ele, a uso de anti-inflamatório por quem está com a doença de Haff pode causar insuficiência renal.
UOL
Blog do BG: http://blogdobg.com.br/#ixzz4axZMh6Wr