Milícia que furtava óleo executou 3 candidatos no RJ, diz delegado
08/09/2016 12h22 – Atualizado em 08/09/2016 13h33
Milícia que furtava óleo executou 3 candidatos no RJ, diz delegado
Segundo Giniton, mortes não têm ligação com as eleições municipais.
Crimes teriam sido cometidos após desavenças entre milicianos.
O chefe das Divisões de Homicídios da Polícia Civil do Rio de Janeiro, delegado Rivaldo Barbosa, garantiu que as mortes de três das 13 vítimas de homicídios a políticos na Baixada Fluminense, ocorridas em Duque de Caxias, não possuem qualquer vinculação com a política partidária e as eleições municipais de 2016, como foi aventado inicialmente, e sim com a atuação de milicianos.
“A gente veio aqui para trazer a verdade. Essa é uma das operações que vão se suceder para mostrar a motivação dessas mortes”, disse Rivaldo Barbosa. “Ficou confirmado que as três mortes ocorridas em Caxias não têm ligação com a filiação político partidária”.
Durante as investigações, segundo Giniton, foi descoberto que a quadrilha roubava combustível e derivados de petróleo há pelo menos seis meses, usando uma máquina com capacidade para retirar até 20 mil litros por hora e podia ser vendido por até R$ 0,40 o litro. O furto de óleo era realizado em dutos da Petrobras.
“Nosso foco era a busca e apreensão de armas, confirmar a atividade de milícia e o furto de combustível”, afirmou o titular da DHBF.
Segundo os agentes, os suspeitos roubavam óleo desses dutos para revender. Na operação desta quinta-feira (8), os policiais apreenderam fuzis, revólveres, munições e camisas iguais às usadas pela Polícia Civil.
Um helicóptero participou da ação. A polícia busca cumprir 22 mandados de busca e nove de prisão. As investigações começaram com os assassinatos de candidatos na Baixada Fluminense, que ocorreram em nove meses.
Os policiais chegaram na manhã desta quinta aos pontos onde o óleo era desviado. Um deles ficava no bairro Parque Capivari, a 15 quilômetros da Refinaria de Duque de Caxias (Reduc).
“A Reduc tem uma malha de dutos espalhadas por Duque de Caxias. A partir disso, se identifica por onde ela está passando, aluga-se essa propriedade, de preferência rural, se fecha ali para controlar o fluxo de pessoas para evitar a fiscalização e faz-se uma fissura no duto. Ai se passa a extrair com a mangueira esse combustível, para ir para caminhões”, afirmou o delegado. “O que nós achamos em Caxias é efetivamente a mangueira, que é passada diretamente para o caminhão.
Imagens feitas pelos agentes mostram que mangueiras de borracha eram ligadas diretamente aos dutos, que ficam no meio do mato, em locais de difícil acesso.
“Esse caso desmistifica essa história de que as mortes de pré-candidatos era uma questão política. Agora, temos um outro crime envolvido no caso. Vamos continuar investigando”, disse o delegado Giniton Lages, responsável pela Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF).
Foram mortos Sergio Conceição Almeida, Leandro Silva e Denivaldo Meireles, sendo este último o único sem filiação partidária. Almeida era candidato pelo PSL, enquanto Silva concorria pelo PSDB. Denivaldo foi morto por homens que usavam camisas da Polícia Civil – uma peça semelhante foi localizada na casa de um dos suspeitos, em Belford Roxo. O suspeito conseguiu fugir
“Esses casos são os mais simbólicos e os mais violentos. as investigações mostram que as vítimas retiravam óleo e combustível de dutos da Petrobras na região, com lucro muito alto”, explicou Lages, acrescentando que as mortes ocorreram por divergências dentro deste grupo paramilitar.
O promotor Fabio Correia, do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público, acompanhou a operação desta quinta-feira. “O que está acontecendo são fatores além da política, e no momento oportuno será oferecida a denúncia”, disse o promotor.
Ainda de acordo com a polícia, os milicianos também atuavam praticando roubos e furtos de cargas na rodovia Washington Luiz, que corta Duque de Caxias. Parte de uma carga que havia sido roubada pelo grupo foi recuperada na operação.
Lista dos 13 políticos mortos na Baixada entre novembro de 2015 e agosto de 2016:
Vereadores:
– Luciano nascimento Batista (Luciano DJ)
– Marco Aurélio Lopes
– Geraldo Cardoso Gerpe (Geraldão)
Pré-candidatos:
– Darley Gonçalves Braga
– Anderson Gomes Vieira
– Leandro da Silva Lopes
– Manoel Primo Lisboa
– Sérgio da Conceição de Almeida junior
– Aga Lopes Pinheiro
– Oswaldo da Costa Silva
– Julio César Fraga Reis
Outros cargos:
– Nelson Gomes de Souza
– Denivaldo Meireles da Silva