FOTOS IMAGENS-Mais corpos são encontrados no 5º dia de buscas em Brumadinho
Mais quatro corpos são resgatados no quinto dia de buscas
Mais corpos foram encontrados neste 5º dia de buscas após a tragédia provocada pelo rompimento de uma barragem da mineradora Vale em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte. O número de vítimas retiradas da lama, no entanto, será divulgado apenas no início da noite desta terça-feira (29), de acordo com o coronel Evandro Borges, coordenador da Defesa Civil de Minas Gerais.
Até o momento, há 84 mortes confirmadas – 42 vítimas foram identificadas. Autoridades dizem que a quantidade de mortos deve aumentar. Há também 276 pessoas desaparecidas.
Números da tragédia
- 84 mortos confirmados – 42 identificados (veja a lista)
- 276 desaparecidos (veja a lista)
- 192 resgatados (veja a lista)
- 391 localizados
Os corpos retirados nesta terça são, provavelmente, de pessoas que estavam no refeitório da Vale, segundo o tenente Pedro Aihara, porta-voz do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais. Em entrevista no início da tarde, ele afirmou que os corpos foram encontrados a uma distância que fica entre 800 metros e 1 km de ponto onde se localizava o refeitório.
Lá, estaria a maior parte das vítimas do rompimento da barragem. De acordo com a Vale, cerca de 600 empregados estavam no refeitório e no prédio administrativo no momento do acidente.
Mais tarde, o chefe do Estado-Maior do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, coronel Erlon Dias do Nascimento, afirmou que, como o volume de lama baixou bastante em alguns pontos, já é possível visualizar alguns corpos ou “segmentos de corpos”.
Bombeiros retiram o corpo de uma das vítimas do rompimento da barragem em Brumadinho (MG) — Foto: Mauro Pimentel/AFP
A barragem de rejeitos, que ficava na mina do Córrego do Feijão, se rompeu na sexta-feira (25). O mar de lama varreu a comunidade local e parte do centro administrativo e do refeitório da Vale. Entre as vítimas, estão moradores e funcionários da Vale. A vegetação e rios foram atingidos.
Nesta segunda-feira (28), nenhuma vítima foi encontra com vida, segundo o Corpo de Bombeiros.
Buscas
Helicóptero faz o transporte de corpo retirado da lama em Brumadinho — Foto: Reprodução/GloboNews
As buscas nesta terça começaram pouco depois das 6h. Segundo o Corpo de Bombeiros, a operação desta deve priorizar a área em que possivelmente ficava o refeitório onde almoçavam funcionários da Vale no momento da tragédia.
As equipes usam helicóptero para fazer o transporte dos corpos retirados da lama.
Participam dos trabalhos 290 militares, sendo 120 de Minas Gerais e os outros de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Goiás e Alagoas. Em nota, os Bombeiros de Minas Gerais afirmaram que os militares israelenses também atuam na chamada “área quente”.
De acordo com Aihara, a tropa da ajuda oferecida por Israel trouxe equipamentos para mapeamento de celulares, sonares, radar que detecta o tipo de material que está no local e drones ligados a satélites para mapear a área atingida.
Um dos equipamentos israelenses é capaz de encontrar pessoas com vida a 30 metros de profundidade.
Ajuda do governo de Israel
Em entrevista coletiva no final da tarde desta terça, o chefe da delegação de Israel, coronel Golan Vach, afirmou que a tropa tem equipamentos que atuam em três níveis:
- satélites e drones, para fazer o mapeamento do terreno e ajudar a comparar como eram as condições antes e depois da tragédia.
- câmeras visuais, câmeras térmicas (que auxiliam a encontrar pessoas se elas estiverem vivas), radares para o solo e para a água, câmeras de infravermelho, localizador de celulares e “câmeras finas”, que podem entrar em lugares bem estreitos.
- soldados que trabalham em solo (com auxílio de cães). Para Vach, esses homens são a ferramenta mais sofisticada da operação.
Golan Vach afirmou que os bombeiros do Brasil e de Israel estão trabalhando juntos e que a tropa estrangeira ficará no Brasil “até que não seja mais útil”. “O importante é que houve um horrível desastre. Muitas pessoas morreram, a maioria delas ainda não foi descoberta. E agora, neste momento, nós estamos aqui para ajudar”, declarou.
Também presente na coletiva, o coronel brasileiro Erlon Dias do Nascimento disse que não houve qualquer “mal-estar” causado pela chegada dos israelenses. Ele falou em “balanço extremamente positivo” e em “troca de experiências extremamente importantes e troca de tecnologias”.
Nascimento afirmou homens do Brasil e de Israel estão localizando corpos – não detalhou, no entanto, quantos foram encontrados. De acordo com o coronel brasileiro, o processo de resgate prevê, primeiro, a localização das vítimas, com trabalho visual, tecnológico, buscas manuais dos bombeiros ou outras forças.
A partir daí, vem a segunda fase – é quando equipes integradas ou de bombeiros vão aos locais e, efetivamente, fazem o resgate. O corpo, então, é levado a um ponto específico e, por fim, é determinada uma destinação específica.
Apesar de a lama dificultar a sobrevivência, os bombeiros não descartam a possibilidade encontrar pessoas com vida.
Israelenses usam equipamento para encontrar sinal de celulares — Foto: Divulgação
Ajuda às famílias
As famílias afetadas pela tragédia vão receber celulares com chips com minutos de ligação e dados de internet.
Segundo o coronel Alexandre Lucas, secretário nacional de Defesa Civil, 300 celulares com chips vão ser disponibilizados pelo governo federal. As famílias devem ir nesta terça ao Espaço Conhecimento de Brumadinho, a partir das 16h, para buscar os aparelhos. Os moradores devem levar documentos que comprovem o parentesco com as vítimas.
A Polícia Civil de Minas Gerais diz ainda que um cartório foi instalado no Instituto Médico Legal (IML) para facilitar o registro dos corpos que são liberados.
Animais na lama
Bombeiro trabalha no resgate de uma vaca nesta terça (29), 5º dia de buscas em Brumadinho — Foto: Giazi Cavalcante/Código19/Estadão Conteúdo
Até o momento, mais de 26 animais foram resgatados e estão recebendo cuidados. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e outros órgãos acompanham. A Defesa Civil afirma que eles são levados a um sítio da região, onde recebem tratamento, alimentação, medicamentos e são assistidos por veterinários.
Em nota, a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil de Minas Gerais informa que há animais vivos nas áreas afetadas. “Eles estão recebendo alimentação, água e cuidados, até que seja possível resgatá-los”, diz o comunicado.
O órgão informa ainda que “em nenhum momento houve autorização por parte do Gabinete Militar do Governador/coordenadoria Estadual de Defesa Civil para o abate de animais aleatoriamente ou por meio de métodos em desacordo com as normas”.
Questionado os casos de abate, o tenente dos Bombeiros Pedro Aihara afirmou que “em alguns casos, o resgate não é viável pelo sofrimento do animal”.
“É mais interessante optar pela eutanásia. No caso de alguns animais, que sofreram fraturas e perfurações, não é ético insistir. Seguimos as determinações e normativas. O abate só é feito após uma análise bastante cuidadosa e quando é devidamente autorizada. Via de regra, é feito com injeção letal, mas outras situações específicas devem ser analisadas. O Corpo de Bombeiros tem essa preocupação também.”
Segundo autoridades, o abate é feito com injeção letal, geralmente, mas isso pode mudar de acordo com a logística.
Em nota, a Polícia Rodoviária Federal, que também atua no local da tragédia de Brumadinho, informou que, nesta segunda-feira, uma de suas equipes sobrevoou a região à procura de animais. “Seguindo os protocolos estabelecidos para este tipo de situação, a equipe estava acompanhada de veterinários que faziam análise e triagem dos casos”, diz o texto.
O comunicado cita que “lamentavelmente, durante a triagem dos animais, foram encontrados três casos específicos de bovinos atolados na lama, em estado de exaustão e com fraturas de membros”. “Após análise da equipe veterinária, considerando a impossibilidade de adoção de outras medidas, foi tomada a decisão pela eutanásia daqueles animais. O procedimento foi orientado e supervisionado pela equipe veterinária sob a coordenação do comando da operação de resgate.”
Nesta segunda-feira, a Juíza Perla Saliba Brito determinou que a Vale começasse imediatamente a cuidar do resgate de animais atingidospela tragédia.
Engenheiros da Vale presos em MG e em SP
Justiça de MG determina prisão de cinco pessoas por atestarem segurança de barragem
Cinco pessoas foram presas na manhã desta terça suspeitas de responsabilidade na tragédia da barragem 1 da Mina do Feijão, em Brumadinho. Dois engenheiros da empresa TÜV SÜD que prestavam serviço para a mineradora Vale foram presos em São Paulo. Em Minas Gerais, foram presos três funcionários da Vale.
No mandado, a juíza que decretou a prisão afirma que “havia meios de se evitar a tragédia”.
Os investigadores do Ministério Público e da polícia apuram se documentos técnicos, feitos por empresas contratadas pela Vale e que atestavam a segurança da barragem que se rompeu, foram, de alguma maneira, fraudados.
De acordo com o MP, a força-tarefa criada para a investigar o desastre atua em três núcleos:
- criminal;
- socioeconômico (para defesa das vítimas;
- e socioambiental.
Vídeo mostra André Yassuda e Makoto Namba sendo levados por policiais em SP
Barragem monitorada
Veja detalhes do desastre em Brumadinho
A barragem 6 da Vale, que sofreu impacto com o rompimento da barragem que se rompeu, é monitorada e está estável.
“Não existe risco de rompimento”, afirmou o tenente Aihara, ao dizer que a barragem 6 está com volume de 118 mil m³ w que o esvaziamento ainda é feito e deve durar mais 10 dias.
Captação de água foi interrompida
Usina termoelétrica de Juatuba antes da chegada da lama de Brumadinho… — Foto: Prefeitura de Juatuba/Divulgação
…e após a chegada da lama provocada pelo rompimento da barragem da Vale em Brumadinho — Foto: Prefeitura de Juatuba/Divulgação
A captação de água do Rio Paraopeba foi suspensa em Juatuba, na região metropolitana de Belo Horizonte, nesta terça. De acordo com a prefeitura, o abastecimento não foi afetado, já que a cidade está utilizando o Sistema Serra Azul.
A lama que vazou da Barragem do Feijão, em Brumadinho, já chegou ao município, que fica a 27 quilômetros de distância.
A água que passava pela usina termoelétrica da cidade mudou de cor. Antes transparente, ela ganhou um tom alaranjado.
Ação contra a Vale nos EUA
Escritórios de advocacia movem ação pública contra a Vale por rompimento de barragem
Nesta terça, um escritório de advocacia entrou com ação contra a Vale e executivos nos Estados Unidos, sob alegação de que a mineradora mentiu ou omitiu informações sobre suas operações dos investidores, causando a eles enormes perdas financeiras após o rompimento da barragem em Brumadinho.
Na véspera, o escritório de advocacia americano Bronstein, Gewirtz & Grossman havia anunciado a abertura de investigação privada coletiva contra a mineradora.
Detalhes sobre as barragens da Vale no Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG) — Foto: Juliane Souza/G1
Como funcionam as barragens de mineração — Foto: Karina Almeida e Alexandre Mauro/G1
Caminho da lama: veja por onde passaram os rejeitos da barragem rompida em Brumadinho (MG) — Foto: Betta Jaworski e Alexandre Mauro/G1
ROMPIMENTO DE BARRAGEM EM BRUMADINHO
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