Blog do Levany Júnior

FOTOS IMAGENS-Mãe diz que polícia executou filho em frente à igreja no Rio: ‘Sem chão’

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A família de Wesley Daniel Santos Oliveira, morto quando saía de uma igreja no Jacarezinho na terça feira, acredita que o entregador foi executado por policiais após uma operação na comunidade. Ao ouvir os tiros, ele teria ficado com medo do confronto e se protegido atrás de um carro, onde foi foi alvejado três vezes. “Três tiros não é bala perdida”, resume um parente. Wesley foi atingido na cabeça, no rosto e no peito.

“É uma área de risco e estava tendo um confronto. Ele estava no meio do caminho quando começou a entrar a Bope [Batalhão de Operações Especiais da PM], a Core [Coordenadoria de Recursos Especiais da Polícia Civil]. Quando ele estava perto da igreja um policial partiu para cima tendo ele como marginal. Aí ele tentou se esconder, mas foram lá e meteram bala. Ele foi confundido e executado”, diz a mãe de Wesley, Maria Quitéria Conceição Santos.

O adolescente de 17 anos era o filho do meio. Eslane, a mais velha, de 21, também desabafou sobre as frequentes incursões policiais, que classificou como violentas. “Eles entram na favela achando que todo mundo é bandido, que devem tratar assim o favelado. Tem muita gente que trabalha à noite, como faz para andar na rua assim?”, questiona.

O irmão dela estudava no ensino médio e trabalhava como entregador em um supermercado. “Ele queria fazer faculdade e servir ao Exército. Era um menino muito carinhoso. O Jacaraezinho inteiro está de luto. Fiquei sem chão, é um vazio, uma dor no peito que não passa. Levaram minha vida”, conclui a mãe.

O corpo de Wesley aguardava para ser liberado do IML por volta de 9h desta quarta e o enterro deve acontecer no Cemitério de Inhaúma à tarde.

Versão dos agentes
Os policiais envolvidos no tiroteio disseram à Polícia Civil que foram cercados por bandidos e precisaram do apoio de um veículo blindado para deixar o local.

As armas dos militares foram apreendidas e serão submetidas a testes balísticos. A divisão de Homicídios (DH) está investigando o caso.

Execuções
Em agosto, um relatório da Anistia Internacional que foi criticado pelo secretário de Segurança José Mariano Beltrame acusava a polícia do Rio de execuções extrajudiciais. O estudo diz provar, por meio de relatos de testemunhas e familiares, que nove de dez mortos em supostos confrontos em Acari em 2014 teriam sido, na verdade, executados. Na ocasião, a assessora de direitos humanos da Anistia disse que outros casos de mortes registrados como confronto poderiam ser “acobertados”.

Segundo o relatório, os inquéritos, muitas das vezes, sequer são encerrados nas delegacias. A Anistia diz que a 39ªDP, responsável por investigar as mortes de Acari, ainda não encerrou os casos dos crimes praticados por PMs do distante ano de 2011. Ainda segundo o órgão, o Ministério Público contribui para a impunidade. O MP só teria oferecido denúncia de um caso, entre 220 processos. As recomendações, enderaçadas aos governos estadual e federal, além do MP, passam de 25.

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Wesley sonhava em ser militar (Foto: Reprodução/TV Globo)

 

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