Blog do Levany Júnior

FOTOS IMAGENS-Jovem morta em reportagem exercia função que não era dela, diz sindicato

laura

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo emitiu uma nota na tarde desta quinta-feira (7) lamentando a morte da estagiária de jornalismo Laura Karan Jacob, 20 anos, que morreu atropelada durante a cobertura de um acidente na BR-153, em São José do Rio Preto (SP). A nota diz ainda que a estudante estava “exercendo uma função que não caberia a ela como estagiária”.

Laura era estagiária do jornal “Diário da Região” e foi atropelada por um caminhão na rodovia durante a cobertura de outro acidente que tinha acontecido horas antes. O caminhão que a atropelou carregava toneladas de farelo de soja. Segundo a polícia, o motorista não teve tempo de frear e nem desviar da jovem, que atravessava a pista.

Na nota emitida, o sindicato diz ainda que “é contra a utilização de estagiários para exercer a função de um jornalista – e que os estagiários sempre devem estar acompanhados de um profissional qualificado, caso venham a sair da redação para fazer trabalho de campo. Esse fato mais mostra infelizmente a precarização utilizada por alguns veículos de comunicação utilizando estagiários de forma equivocada”.

Em nota, o o jornal informou que lamenta a morte da jovem e que a atividade da estagiária era legal, amparada por lei. “Em relação à presença da estagiária em trabalho de campo, esclarece que a relação de Laura com o Grupo Diário da Região está legalmente amparada na lei número 11.788/2008, segundo a qual é imprescindível que se permita o contato e acesso pleno do estagiário que pretende se efetivar em determinada profissão, a todas as áreas e campo de atuação que desenvolverá quando eventualmente efetivado.”

Caminhão que atingiu a jovem
(Foto: Reprodução / TV TEM)

Ainda segundo a nota do jornal, “o estágio é nada mais que o treinamento profissional do candidato. O que exige a lei é a supervisão de um profissional da área de atuação do estagiário, que pode ser responsável por até 10 estagiários, e contrato formalizado com a instituição de ensino que acompanhe via relatórios periódicos o desenvolvimento profissional e pedagógico do candidato” (confira a nota completa abaixo).

A faculdade onde a estagiária estudava também lamentou a morte. A coordenadora do curso de jornalismo, Luciana Leme Souza e Silva, disse que Laura era uma aluna dedicada. “Todo mundo está muito abalado e muito triste, ela era uma menina excelente, sorridente e pronta para tudo, participava de todos os congressos na faculdade”, afirma. A coordenadora disse que as normas de diretrizes do Ministério da Educação (MEC) exigem que os alunos façam estágio no último ano de curso.

Confira a nota completa da empresa:

“O Grupo Diário da Região lamenta profundamente o falecimento de sua colaboradora Laura Karan Jacob, estagiária de jornalismo, em acidente automobilístico na rodovia Transbrasiliana (BR-153) na manhã desta quinta-feira, dia 7 de abril de 2016. Laura estava no local para coletar informações sobre outro acidente, ocorrido no mesmo ponto.

Em relação à presença da estagiária em trabalho de campo, esclarece que a relação de Laura com o Grupo Diário da Região está legalmente amparada na lei número 11.788/2008, segundo a qual é imprescindível que se permita o contato e acesso pleno do estagiário que pretende se efetivar em determinada profissão, a todas as áreas e campo de atuação que desenvolverá quando eventualmente efetivado.

O estágio é nada mais que o treinamento profissional do candidato. O que exige a lei é a supervisão de um profissional da área de atuação do estagiário, que pode ser responsável por até 10 estagiários, e contrato formalizado com a instituição de ensino que acompanhe via relatórios periódicos o desenvolvimento profissional e pedagógico do candidato.

Desde que relacionada diretamente com a atividade profissional a que se pretende efetivar o estagiário é, além de permitido, obrigação da empresa propiciar o máximo de contato em todos os ambientes e locais de atuação do profissional/candidato.

Se a empresa não permite que o estagiário atue plenamente na atividade, corre inclusive o risco de o contrato de estágio ser descaracterizado judicialmente como tal, já que haveria, teoricamente, um desvio de finalidade na contratação de estagiário que não estaria exercendo atividades relacionadas à sua pretendida profissão.

O Diário esclarece ainda que é política da empresa a valorização e a formação de profissionais a partir de estágios. Tanto que atualmente conta com vários jornalistas contratados que foram efetivados exatamente depois do período de estágio.

O Grupo Diário da Região reafirma que está dando toda assistência e amparo necessários à família de Laura Karan Jacob.”

O atropelamento
No momento do atropelamento, a pista já estava liberada depois do primeiro acidente, mas havia pessoas saqueando a carga de leite de um dos caminhões envolvidos na batida durante a madrugada. A polícia diz que no momento do acidente as viaturas estavam no local para fazer a sinalização e evitar um outro acidente.

“Na colisão dos dois caminhões a carga de leite foi parar na pista e parte ficou no caminhão. Depois desse momento foi feita a liberação da rodovia e os veículos de apoio estavam fazendo a remoção dos veículos. Nossas equipes ainda estavam sinalizando e evitando que as pessoas acessassem a rodovia. Porém, houve um segundo acidente em outro trecho próximo e havia risco de mais acidentes. Nossas viaturas, vendo que o acidente estava controlado, foram para este outro acidente. As pessoas viram a ausência da polícia e subiram no caminhão para fazer o saque do leite. Com a aglomeração de pessoas, o motorista não conseguiu frear e atropelou a jovem na rodovia”, afirma o policial.

O outro acidente
Laura foi atropelada quando ia cobrir um acidente que aconteceu durante a madrugada na BR-153. Neste primeiro acidente, de acordo com a Polícia Rodoviária, um caminhão bateu em outro que estava estacionado. Os motoristas ficaram presos às ferragens e o trânsito foi interditado por cerca de três horas.

A batida envolveu um caminhão que transportava caixas de leite e outro que prestava serviços para a Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL) e fazia manutenção da rede elétrica próximo ao viaduto da Avenida Potirendaba.

Pessoas aproveitaram acidente para saquear a carga (Foto: Reprodução / TV TEM)
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