fotos imagens-“Jesus, amado! Morreu um monte de gente aqui. Ô, meu Pai do céu! Meu Deus do céu, me ajude! Eu estava terminando minha oração para sair viajar. Eu fui passando em cima de tudo, meu Deus do céu. Gente, eu estou aqui na 277, uma neblina. Eu acho que matei um monte de pessoas. Meu Deus do céu, atropelei. Tinha um trânsito parado, um nevoeiro, não dava para ver nada, meu Pai amado
Áudio gravado por caminhoneiro mostra desespero após o acidente na BR-277
Um áudio do caminhoneiro envolvido no acidente que matou oito pessoas na BR-277 em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, na noite de domingo (2) mostra o desespero dele. Escute o áudio acima.
“Jesus, amado! Morreu um monte de gente aqui. Ô, meu Pai do céu! Meu Deus do céu, me ajude! Eu estava terminando minha oração para sair viajar. Eu fui passando em cima de tudo, meu Deus do céu. Gente, eu estou aqui na 277, uma neblina. Eu acho que matei um monte de pessoas. Meu Deus do céu, atropelei. Tinha um trânsito parado, um nevoeiro, não dava para ver nada, meu Pai amado. Me ajude, o que eu faço agora? Preciso de ajuda, cara. Não sei o que eu faço”, dizia o caminhoneiro.
O motorista contou que mandou o áudio para familiares logo depois do acidente, quando já tinha saído do caminhão. A família dele mora na capital paranaense.
Motorista que se envolveu na tragédia da BR-277 presta depoimento à polícia
Depoimento
Cláudio Alexandre Seroiska prestou depoimento na Delegacia de São José dos Pinhais na manhã desta terça-feira (4). Ele disse que ia levar peças de carro para São Paulo e que tinha acabado de sair de casa.
“Eu entrei como se você entrasse de olhos vendados em um quarto escuro”, afirmou o caminhoneiro à equipe de reportagem da RPC nesta terça-feira.
Caminhoneiro prestou depoimento na Delegacia de São José dos Pinhais nesta terça-feira (4) — Foto: Reprodução/RPC
O caminhoneiro disse que não enxergou os carros parados na pista – eles tinham se envolvido em um congestionamento um pouco antes. Ao perceber que ia bater, conto que jogou o caminhão para o acostamento e acabou atropelando pessoas que estavam do lado de fora dos carros.
“Eu entrei na faixa da direita. De repente, tudo isso aconteceu. Eu não consigo mais decifrar o que aconteceu na hora ali”, explicou.
Conforme o caminhoneiro, não havia nenhuma sinalização na rodovia e a visibilidade era muito baixa. “Quando tem um acidente, em rodo em todas as rodovias concessionadas aqui, São Paulo, Rio, muitos lugares eles trancam as rodovias”, disse.
No depoimento à polícia, o caminhoneiro afirmou que estava em uma velocidade abaixo da permitida na pista, que é de 80 km/h.
“Eu estava saindo de casa. Fiz o retorno, mantive-me na faixa da direita, que é a faixa designada para caminhão. A velocidade era de 75 km/h”, relatou.
O tacógrafo do caminhão foi apreendido, e uma perícia deve apontar em que velocidade ele estava.
O motorista do caminhão ainda disse que, em 15 anos de trabalho, foi o 1º acidente que ele se envolveu. Ele também se considera vítima da tragédia.
‘Dar resposta à sociedade’
O delegado responsável pelo caso, Fábio Machado, avalia que não há como responsabilizar nenhum dos motoristas pelo acidente e questiona por que a concessionária não sinalizou a pista que estava com fumaça e neblina.
“Não queremos localizar culpados. A gente quer sim dar atenção às famílias e uma resposta à sociedade”, disse o delegado.
O que diz a Ecovia?
A Ecovia afirmou que iniciava o processo de sinalização da pista para que os motoristas reduzissem a velocidade quando as batidas aconteceram.
Além disso, o gerente de atendimento ao usuário da concessionária, Marcelo Belão, disse que havia sinalização no km 76 da rodovia, mas no sentido Curitiba. O acidente foi na pista sentido litoral.
“Nós tínhamos uma viatura de inspeção monitorando aquele trecho, e ela detectou sim essa mudança que aconteceu de forma muito rápida. No momento que detectou, começou nossos procedimentos de sinalização para a redução da velocidade, inicialmente, para que as pessoas que se aproximavam”, afirmou Belão.
Os responsáveis pela Ecovia serão intimados para depor. As testemunhas do acidente também devem depor na delegacia nos próximos dias.
O que dizem os bombeiros?
Sobre o incêndio no terreno que fica às margens da BR-277, os bombeiros informaram nesta terça-feira que ainda há bastante material seco no local, principalmente, palha. Mas, de acordo com o Corpo de Bombeiros, o incêndio está controlado.
A área, segundo os bombeiros, é de preservação e de charco, de alagamento.
Oito pessoas morreram e 21 ficaram feridas no acidente na BR-277, em São José dos Pinhais — Foto: Tony Mattoso/RPC
O acidente
Mais de 20 pessoas ficaram feridas no acidente com 16 carros, seis motos e um caminhão.
Segundo a Ecovia, a concessionária responsável pelo trecho da rodovia, o acidente foi causado pela falta de visibilidade ocasionada por fumaça na pista, em decorrência de um incêndio ambiental na região, e neblina.
Investigação
O Departamento de Estradas de Rodagem (DER-PR) e a Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados do Paraná (Agepar) pediu informações à Ecovia sobre as causas do acidente.
A Agepar informou que solicitou imagens das câmeras que registram o fluxo na rodovia e monitora os levantamentos para apurar as causas da série de colisões entre os veículos.
A Polícia Civil também informou que está analisando as condições do condutor de caminhão e as informações do tacógrafo do veículo.
A Sulista, empresa para a qual o motorista do caminhão prestava serviço, informou que, no momento do acidente, ele iniciava viagem a caminho de São Paulo, após um final de semana de descanso com a família.
Logo após o ocorrido, uma equipe da empresa se deslocou ao local para prestar assistência ao motorista.
“A empresa lamenta a fatalidade ocorrida, se solidariza com as vítimas e se coloca à disposição das autoridades competentes para fornecer as informações necessárias à investigação e conclusão dos motivos que originaram esse gravíssimo acidente”, informou em nota.
Veja mais notícias no G1 Paraná.
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