‘Intervenção é para preservar vidas’, diz comandante da PM sobre Alcaçuz
Operação para montar ‘muro’ de contêineres foi feita neste sábado (21).
Equipes do Itep ainda recolheram duas cabeças e outras partes de corpos.
O comandante geral da Polícia Militar do Rio Grande do Norte, coronel André Azevedo, conversou com a imprensa na frente da Penitenciária de Alcaçuz. Durante a coletiva, ele declarou que a intervenção feita da tarde deste sábado (21) na unidade objetivou “preservar vidas”, e que a missão foi instalar o ‘muro’ de contêineres para evitar novos confrontos.
No fim de semana passado, pelo menos 26 presos foram mortos durante uma briga envolvendo membros de duas facções criminosas. Alcaçuz fica em Nísia Floresta, cidade da Grande Natal.
Durante a entrevista, o comandante declarou também que até o início da noite a primeira linha de contêineres, contendo sete deles, já havia sido posta no lugar. A segunda linha está sendo feita e a previsão é que ainda neste sábado o trabalho seja finalizado.
Sobre apreensões de armas de fogo, armas brancas ou outros ilícitos dentro do presídio, o coronel André Azevedo informou que os agentes do Grupo de Operações Especiais do Sistema Penitenciário não participou da ação deste sábado e, por isso, não houve uma revista minuciosa no interior dos pavilhões.
No entanto, caçambas recolheram uma grande quantidade de entulhos e no meio desse material existe muitas barras de ferro que eram usadas como armas pelos presos.
“O objetivo da intervenção policial em Alcaçuz é para preservar vidas e aplicar a lei. Nós estamos atuando em apoio a Sejuc para retomar o controle do presídio, usando técnica de gerenciamento de crise, e a primeira providência é instalar essa barreira fixa, para evitar que os presos voltem a se digladiar”, comentou o comandante da PM.
Coronel André Azevedo alegou que Alcaçuz é uma das maiores penitenciárias do Brasil em termo de área territorial e, por isso, torna-se mais complexa a retomada do controle total. “A penitenciária está completamente destruída, então qualquer pedaço de ferro retirado das grades pode se transformar em arma branca”.
De acordo com o oficial, cada vez que a polícia entrar em Alcaçuz terá um objetivo diferente para avançar no objetivo de se retomar o controle. “Todos os esforços nesse momento é para a barreira física. Para conseguirmos retirar todas as armas lá de dentro será necessário uma grande varredura, inclusive, com uso de detectores de metais em todas as áreas da unidade”.
O comandante da PM falou ainda que após a instalação da barreira de contêineres será construído o muro de concreto. “Esperamos que esse muro definitivo fique pronto de 10 a 15 dias”.
Partes de corpos
Peritos e necrotomistas do Instituto Técnico de Perícia (Itep), que também foram a Alcaçuz neste sábado (21), recolheram cinco partes de corpos de presos assassinados durante as rebeliões que aconteceram no fim de semana passado. De acordo com a direção do Instituto, em um mato próximo a um dos muros da unidade, foram encontradas duas cabeças, um antebraço, um braço e uma perna.
A missão foi fazer busca de possíveis corpos em setores onde não há presos. Assim, não houve varredura nos pavilhões 1 e 5. No primeiro, ficaram isolados detentos que pertencem à facção Sindicato do RN. No outro, membros do PCC.
Um veículo da Companhia de Águas e Esgoto (Caern) foi levado para Alcaçuz para atuar no esvaziamento de fossas onde possivelmente presos teriam jogado corpos de rivais assassinados. O Itep disse que, dentro das fossas esgotadas, nada foi achado.
Também neste sábado, o Itep divulgou que 22 dos 26 corpos retirados de Alcaçuz após a matança ocorrida no fim de semana passado já foram identificados por meio de exame de papiloscopia, com a comparação de impressões digitais. Alcaçuz fica em Nísia Floresta, cidade da Grande Natal.
Os presos cujos corpos foram identificados são:
Jefferson Pedroza Cardozo
George Santos de Lima Júnior
Willian Anden Santos de Souza
Antônio Barbosa do Nascimento Neto
Carlos Clayton Paixão da Silva
Jonas Victor de Barros Nascimento
Marcos Aurélio Costa do Nascimento
Anderson Barbalho da Silva
Cícero Israel de Santana
Marlon Pietro da Silva Nascimento
Eduardo dos Reis
Jefferson Souza dos Santos
Felipe Rene Silva de Oliveira
Charmon Chagas da Silva
Diego Felipe Pereira da Silva
Anderson Mateus Félix dos Santos
Luiz Carlos da Costa
Tarcísio Bernardino da Silva
Francisco Adriano Morais dos Santos
Lenilson de Oliveira Melo Silva
Diego Melo de Ferreira
França Pereira do Nascimento.
A direção do Itep ainda não informou a previsão para identificação dos outros quatro corpos.