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18/06/2016 19h16 – Atualizado em 18/06/2016 20h56

Imigrantes e refugiados enfrentam frio, falta de roupa e dinheiro no RS

Estudantes relatam dificuldades no estado após deixar seus países.
Dia Mundial dos Refugiados será celebrado na segunda-feira (20).

Roberta SalinetDa RBS TV

Nos últimos dois anos, 15 mil imigrantes chegaram ao Rio Grande do Sul. Muitos deles fugiram de guerras e conflitos em seus países. Todos buscavam uma vida melhor no Brasil. Porém, eles vêm passando dificuldades em terras gaúchas, como a falta de dinheiro e até roupas, principalmente com as baixas temperaturas que têm sido registradas neste mês de junho.

“A gente não tem nada pra comer, o gás acabou, e também não tem dinheiro pra pagar a casa. O dono da casa já quer que a gente pague, senão vamos ter que sair, e agente não tem pra onde ir”, diz a estudante Fabia Elena Bondo. Ela recebeu uma cesta básica recentemente, mas sem gás na cozinha, não tem como preparar as refeições.

Fabia, os irmãos e os primos são de Angola, na África, e viajaram a Porto Alegre para estudar. Atualmente, nem a passagem de ônibus eles têm conseguido pagar. Também relatam sofrer com o frio rigoroso.

“Não tem roupa, não tem bota, não tem luva, muita coisa… Lá em Angola não faz frio assim, a gente não ta acostumada com esse frio”, salienta Ana Muanza Voca.

A situação desses e de outros jovens imigrantes que vivemno Rio Grande do Sul preocupa quem acompanha esses casos. Como o advogado Gustavo Oliveira de Lima Pereira, do Grupo de Assessoramento a Imigrantes e Refugiados do Serviço de Assessoria Jurídica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

“Essa questão dos Angolanos no Brasil, a Constituição Federal, no Artigo 12, estabelece a possibilidade de Naturalização de pessoas oriundas países de língua portuguesa que tenham residência por, pelo menos, um ano no Brasil e idoneidade moral. No caso, poderia se tentar junto à Polícia Federal essa naturalização, em que pese a polícia poderia exigir um visto permanente, que eles não detêm”, explica.

Imigrantes enfrentam dificuldades no Rio Grande
do Sul (Foto: Reprodução/RBS TV)

Nem todos os imigrantes ou refugiados, porém, são de países de língua portuguesa. A maioria é de senegaleses, haitianos e dominicanos. Tem também colombianos, filipinos, e até russos. Somente em 2016, mais de duas mil pessoas foram atendidas na Igreja Pompéia, em Porto Alegre, que oferece ajuda. Entre as atividades, também há aulas de português.

“Quando a gente começa a falar, a gente começa a entender um pouco, a se comunicar com as pessoas”, diz Yves Antoine, que procurou a igreja.

“Eles vêm com falta de moradia, são famílias, são jovens, são crianças, idosos… Alguns doentes. Eles chegam bastante vulneráveis”, resume o padre João Marcos Cimadon. A igreja, porém, não tem um abrigo para  acolher os imigrantes ou refugiados. Por isso, encaminham quem não tem moradia para albergues.

Teca José Bondo, 19 anos, é persistente. Mesmo com as dificuldades, afirma que não irá desistir. Quer se formar em Ciências da Computação, voltar para casa, na Angola, e ajudar os pais. “Dá pra chegar onde a gente quer. Com humildade e esforço, a gente chega onde quer”, sintetiza.

Na próxima segunda-feira (20), será celebrado o Dia Mundial dos Refugiados. Par amarcar a data, já neste domingo (19), às 9h30, uma missa será realizada na Igreja Pompéia. Depois, terá uma caminhada até o Parque da Redenção.

Saiba como ajudar
É com a ajuda de voluntários que muitos desses imigrantes se mantêm. A Igreja Missão Pompéia, que recebe os imigrantes e refugiados e lhes oferece orientações, além de aulas de português, fica na Rua Barros Cassal, 220, bairro Floresta, em Porto Alegre. O telefone para contato é 51 3226-8800.

O contato da família angolana entrevistada pela reportagem, que vem enfrentando dificuldades na capital gaúcha, pode ser feito com Ana Voca, no número 51 8440-4056.

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