O relato parece até roteiro de filme. Mas não é. Aconteceu com o chefe de setor de manutenção Ubiratan Gomes Costa, de 43 anos, na Zona Norte do Rio. Na última quarta-feira, ele e o filho passavam pelo acesso ao Túnel Santa Bárbara, na pista sentido Laranjeiras, de moto, quando foram rendidos por dois homens, um deles armado com uma pistola. Ambos foram obrigados a saltar do veículo e ainda tiveram que entregar os capacetes. Ubiratan ainda ficou sem a mochila, onde estavam todos os seus documentos. A vítima registrou o roubo na 6ª DP (Cidade Nova).
Nesta terça-feira, ao transitar de carro pelo mesmo trecho em que fora assaltado, qual não foi a surpresa de Ubiratan ao ver sua moto – que não tem seguro – sendo usada pelos mesmos dois homens que o renderam para roubar motoristas no local. O veículo ainda estava com a placa. E mais um detalhe: os suspeitos usavam os capacetes e a mochila roubados o chefe do setor de manutenção e do filho. Nervoso, Ubiratan conseguiu pegar o celular e registrou a cena em fotos. Depois, correu para a delegacia para avisar sobre o que ocorrera.
– Fui orientado a voltar mais tarde. E aí fica aquele sentimento de indignação. No dia do roubo, ouvi de um policial na delegacia: “Ladrão tem em tudo quanto é lugar”. Mas e aí? Ninguém faz nada. Os caras estão por aí assaltando com a minha moto há seis dias. Hoje tive até vontade de chegar perto deles e falar: “Será que dá para vocês devolverem minha moto, por favor? Vocês já aproveitaram ela por muito tempo” – disse Ubiratan, em tom irônico.
Nas fotos feitas por ele é possível ver a moto – uma Crosser 150 cinza e verde, comprada há poucos meses por R$ 9,5 mil – parada ao lado de um carro branco. De acordo com o chefe de setor de manutenção, o homem que estava na garupa sacou uma arma e bateu no vidro do passageiro. Logo em seguida, uma pessoa que estava no carro abre a janela e entrega pertences. Durante o assalto, o trânsito andou um pouco e o carona chegou a “escorregar” da moto. Mas em seguida voltou para a garupa e os dois fugiram.
– Não tinha uma viatura sequer. É surreal o que aconteceu. Eu fui assaltado, eu fotografei a minha moto seis dias depois rodando livremente por aí, sendo usada num crime e não tive um retorno sequer da polícia nesse intervalo. Desde o assalto ando assustado, apreensivo. A sensação é de que eu estou preso e os caras (bandidos) soltos por aí – disse Ubiratan.
Procurada, a assessoria de imprensa da Polícia Civil ainda não se pronunciou sobre o ocorrido.
Já o comandante do 2º BPM (Botafogo), tenente-coronel Gilberto Tenreiro, informou, por meio de nota da assessoria de imprensa da PM, “que na região há policiamento com rondas diárias de viaturas e motos. Ele pede ainda que as vítimas acionem imediatamente a Polícia Militar após o crime, pois, desta forma, aumentam as chances de prisão dos criminosos”. O oficial solicitou que “as denúncias continuem sendo feitas através do 190 ou do Disque- Denúncia (2253-1177) e ressalta a importância do registro das ocorrências nas delegacias, para que o estudo da mancha criminal possibilite novas estratégias de policiamento para o local”.
De acordo com a 6ª DP (Cidade Nova), as investigações prosseguem na busca da autoria do fato. A vítima foi contactada para que compareça à delegacia, para fornecer mais informações que ajudem nas investigações. Agentes estão em diligências para apurar o caso.