RIO — Aterro do Flamengo, entre o Museu de Arte Moderna (MAM) e o Monumento aos Pracinhas, 16h. Era ali que, na quinta-feira, estava reunido um grupo de assaltantes que atuam na região do Centro, Glória, Lapa, Catete, Flamengo e Botafogo. A área virou ponto de encontro de bandos de ladrões. Depois de atacarem pedestres, eles se reúnem no local para dividir a mercadoria roubada, além de vender e consumir drogas. Um homem foi flagrado por repórteres do GLOBO circulando livremente empunhando uma faca, arma que vem sendo cada vez mais usada em assaltos. Um outro carregava um porrete. Pelo menos mais 20 pessoas perambulavam pelo local, mesmo com policiamento por perto.
Os ataques a pedestres se tornaram um problema tão grave na região, que esta semana um novo esquema de policiamento entrou em vigor: PMs passaram a patrulhar o Centro a cavalo e com o uso de bicicletas. Nada disso, no entanto, impediu que os criminosos transformassem o vizinho Aterro numa espécie de quartel-general.
BRIGAS SÃO CONSTANTES
A presença dos bandidos leva insegurança ao parque. Como vários grupos atuam no local e disputam território, confrontos entre eles viraram rotina. Na quinta-feira, jovens atacaram com facas, pedaços de pau, canos e pedras um grupo de adultos. Policiais militares, guardas municipais e até soldados do Exército estavam nos arredores, mas nada fizeram para impedir a briga.
— Estamos abandonados. Não vejo policiamento aqui. São inúmeras as vítimas dessas quadrilhas. Os bandidos roubam e fogem para o Aterro do Flamengo, onde buscam abrigo entre as árvores. Eu já fui assaltado duas vezes. Fiquei sem cordão, relógio e todo o dinheiro que tinha — conta o comerciante Elesion Soares Mesquita, de 52 anos, dono de um restaurante na Glória e há 17 morador do bairro.
Carlos Roberto, coordenador de Operações do MAM, confirma que a região é conhecida há muito tempo como um ponto onde os ladrões repartem produtos roubados e vendem drogas.
— Não temos relatos de roubos perto do museu, muito por causa de uma cabine com dois policiais de plantão diariamente. Além disso, guardas municipais fazem patrulhamento com cães. Mas sabemos que os roubos são comuns do outro lado da passarela (que fica em frente ao museu), no Flamengo, na Glória e no Centro — diz Carlos Roberto. — Já fizemos mais de 15 comissões para estudar melhorias para o Aterro, com grupos formados por representantes de várias entidades, como Marina da Glória, associação de moradores e a própria administração do parque. O problema é que a área é muito grande, e a vigilância não é muito ativa por parte da polícia.
NÚMERO DE ROUBOS CRESCEU
Em dezembro do ano passado, as velejadoras britânicas Hannah Mills e Saskia Clark foram assaltadas no Aterro. A dupla, que ganhou medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012, foi rendida por pelo menos dois homens armados com facas. As atletas estavam em treinamento para as Olimpíadas de 2016 e foram abordadas quando voltavam a pé do treino para o hotel.
Os números comprovam o que o carioca tem sentido na prática. Nos últimos cinco anos, houve um aumento de 30% na taxa de roubos por cem mil habitantes em todo o estado. A constatação foi feita pelo GLOBO, a partir da comparação dos registros de crimes desse tipo nos primeiros três meses deste ano com o mesmo período de 2010. Em relação ao ano passado, a taxa ficou praticamente estável. Mas o crescimento acumulado revela uma mudança de padrão, que teve início no primeiro trimestre de 2014, quando a trajetória de queda de roubos foi interrompida.
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