O delegado Marcelo Sansão, que atua no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), informou na noite desta terça-feira (7) que o padre encontrado morto no bairro de Stella Maris, em Salvador, foi assassinado por dois homens.
“A gente tem a citação por informação de terceiros, de que a vítima teria sido perseguida, gritado por socorro, quando um dos autores o alcança, o segura, e o outro [segundo comparsa] vem e o golpeia”, detalha. Apesar das pistas, o delegado ainda não tem informações a respeito da identidade e paradeiro de suspeitos.
Conforme Sansão, o primeiro golpe desferido pelos suspeitos atingiu as costas da vítima, que depois foi arrastada para um local mais escondido, onde foi atingida por mais 17 golpes. “Eu trabalho atualmente com 90% da hipótese da questão de homicídio, até pela forma, pela violência, pelo instrumento utilizado no crime e pelo local”, detalhou. Para o delegado, a escolha do local do crime pode ter sido escolhido previamente pelos criminosos. “Acredito que o local tenha sido premeditado, estudados pelos autores da prática”, informou sobre as características do espaço onde a vítima foi encontrada, normalmente deserto aos domingos.
De acordo com Marcelo Sansão, o depoimento de um amigo, que teria dito que a vítima prestou uma denúncia por ter sido roubado e por sentir-se insegura, está sendo apurado. “Essa informação da queixa, a gente tem o seguinte. No extrato dele, que a gente traz do Portal da SSP, esse registro não consta. A gente trabalha [com a informação], porque a gente não sabe qual foi a unidade que ele fez esse registro, esse eventual registro. A depender da unidade, talvez ele tenha feito no SIGIP [Sistema de Informação e Gestão Integrada Policial]”, informou. Ele disse que o SIGIP será visto nesta quarta (8).
Despedida
Foi sepultado na tarde desta terça-feira (7), no Cemitério do Campo Santo, no bairro da Federação, em Salvador, o padre Francisco Carlos de Souza, encontrado morto apósdesaparecer no domingo (5). A cerimônia reuniu familiares, amigos, padres, fiéis, além do arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger.
(Foto: Santuário de Mãe Rainha / Divulgação)
“Para todos nós é um momento de muita surpresa, tristeza e dor. Fomos pegos de uma forma inesperada e sentimos muito que tudo isso é feito de uma violência que não tem explicação. Deixa um vazio nos parentes, em nós, na igreja, nos amigos que o padre Francisco conquistou. A gente está tentando digerir isso e colocar no plano de Deus, que é maior que tudo e que de tanto sofrimento faça nascer algo bom”, disse Dom Murilo Krieger, na chegada ao velório.
Ante do sepultamento foi realizada missa, que contou com a presença de uma multidão. As pessoas formaram uma longa fila para o momento de despedida. O trânsito ficou congestionado na região do cemitério em razão do grande fluxo de pessoas.
(Foto: Ruan Melo/G1)
“Padre Francisco era um colega, um irmão batalhador, trabalhava em um santuário muito visitado e daí tanta gente o conhecer, porque os santuários são lugares para onde vão muitas pessoas de toda a cidade e de todo o estado. E ele naquele santuário fazia um trabalho admirável e a gente via pelosamigos todos que ele conquistou nos últimos anos”, acrescentou o arcebispo.
Caso
Padre Francisco sumiu ao sair de casa para realizar uma missa no Santuário Mãe Rainha, onde atuava no bairro do Stiep. O corpo do paróco foi encontrado na tarde de segunda-feira (6), com diversas marcas de perfurações. A hipótese de homicídio é a principal linha de investigação adotada pela Polícia Civil para explicar a morte. Nenhum suspeito foi detido até agora.
complicado na tarde desta terça-feira
(Foto: Allan Fonseca/Arquivo Pessoal)
O corpo foi reconhecido pelo advogado da igreja e pelo Padre Valter Reis, que faz parte da Paróquia Nossa Senhora da Esperança. Segundo a polícia, o corpo de Francisco Carlos de Souza foi encontrado com perfurações nas proximidades de uma praia.
Com base em depoimento de testemunha que é colega da vítima, o padre se sentia inseguro após ter registrado uma queixa denunciando desaparecimento de objetos. A Polícia Civil trabalha para localizar esse registro policial. Mesmo com as evidências iniciais indicando homicídio, a equipe não descarta o caso de latrocínio, roubo seguido de morte.
Em nota de pesar, a Arquidiocese de Salvador afirmou que Francisco Carlos de Souza foi ordenado como sacerdote em 20 de setembro de 1999. Ele é natural de São João Del Rei, cidade em Minas Gerais.
“Manifestamos a seus irmãos e demais parentes, residentes em Minas Gerais, a expressão de nossa unidade à sua dor. Agradecemos as manifestações de carinho de todos aqueles que choram sua partida. Pedimos que todos se unam às nossas orações pelo descanso eterno deste sacerdote amigo”, afirmou em nota Dom Murilo Krieger, arcebispo Primaz do Brasil.