O corpo do técnico de segurança Luiz Cláudio Nogueira, morto na explosão na casa de bombas do navio-plataforma FPSO Cidade de São Mateus, que presta serviços para a Petrobras, chega neste sábado (14) a Mossoró. De acordo com Liduína Leonardo, prima de Luiz, a previsão é que o corpo chegue no início da noite à cidade e siga direto para velório. O enterro está marcado para as 9h deste domingo (15), no cemitério de São Sebastião, no centro de Mossoró.
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“Ainda estamos em estado de choque. Ele era o caçula de 10 irmãos. A dor é ainda maior quando lembramos que ele havia casado meses atrás e que deixa uma filhinha de um ano”, falou Liduína. Segundo ela, o corpo de Luiz Cláudio Nogueira será levado de Vitória (ES) para Fortaleza (CE) de avião, e da capital cearense segue de carro até Mossoró.
Além da mulher, Luiz Cláudio deixa uma filha de um ano. A família contou que atualmente ele morava em Rio das Ostras, no Rio de Janeiro. “Ele passou quatorze dias de folga, e voltou ao trabalho justamente na quarta-feira, quando embarcou no litoral capixaba”, disse o irmão. “Eu e uma irmã trabalhamos na Petrobras. Em 1987, um outro irmão nosso, e que também era empregado da Petrobras, morreu em um acidente quando dirigia um caminhão da empresa no município de Upanema, aqui mesmo no Rio Grande do Norte”, acrescentou Kleber Nogueira.
Liberação
Os corpos de quatro das cinco vítimas da explosão no navio-plataforma Cidade de São Mateus, em Aracruz, no Norte do Espírito Santo, foram liberados pelo Departamento Médico Legal (DML) de Vitória no início da tarde desta sexta-feira (13). De acordo com a Secretaria de Segurança Pública capixaba, de de Luiz Carlos Nogueira, foram liberados os corpos de Wesley de Oliveira Bianquini, 36 anos, Heleno da Silva Castelo, 31, e Raimundo Nonato da Silva. Todos são brasileiros. O corpo de um indiano ainda continua no DML.
O navio-plataforma FPSO Cidade de São Mateus é operado pela BW Offshore e afretado pela Petrobras. Segundo a ANP, 74 pessoas estavam no navio-plataforma no momento do acidente. Cinco morreram, 26 ficaram feridas e outras quatro estão desaparecidas. Dos feridos, cinco estão internados no Vitória Apart Hospital e um no Hospital Metropolitano, ambos na Serra, Grande Vitória, de acordo com o último boletim divulgado nesta sexta. Os demais trabalhadores foram resgatados e levados para um hotel em Vitória.
Polícia Federal
Um inquérito foi instaurado pela Polícia Federal para apurar os fatos que envolvem a explosão. Conforme divulgado pela PF nesta sexta-feira (13), o prazo inicial para a conclusão do inquérito é de 30 dias. Serão investigados os crimes de homicídio ou incêndio qualificado. Dois dias após o acidente, quatro pessoas continuam desaparecidas.
Segundo a Polícia Federal, inicialmente, foi solicitado à Petrobras o nome e a qualificação de todos os 74 tripulantes da embarcação, indicando os que foram vítimas da explosão. Enquanto o inquérito não for concluído, a PF informou que não vai dar mais informações sobre o assunto para não atrapalhar ou prejudicar eventuais levantamentos e perícias.
A assessoria da Polícia Federal também informou que uma equipe fará uma inspeção no navio-plataforma assim que as buscas terminarem e a embarcação for liberada.
(Foto: Reprodução/TV Gazeta)
Protesto
Petroleiros fizeram uma manifestação, na manhã desta sexta-feira (13), para pedir por mais segurança no trabalho nas plataformas e refinarias. Segundo a Federação Única dos Petroleiros, a média é de 15 mortes por ano, nesse setor. No Espírito Santo, a manifestação foi realizada antes do embarque para as plataformas, no Aeroporto de Vitória.
Os manifestantes são trabalhadores da plataforma P58, que fica no Campo de Jubarte, em Anchieta, e também os da plataforma Cidade de Vitória, a mais próxima da plataforma Cidade de São Mateus, onde aconteceu a explosão. Durante uma hora e meia, participaram de um ato pedindo segurança.
“A gente escolheu o aeroporto porque e o portão de embarque para os plataformistas da Petrobras. Como aconteceu esse acidente aí, em que tem pelo menos cinco vítimas, nós fizemos esse ato para alertar e conscientizar que se alguém tiver uma situação dentro das instalações da plataforma de segurança, é para avisar para o Sindicato, que ele vai tomar as providências cabíveis”, disse Paulo Rony, coordenador do Sindicato dos Petroleiros.
ANP
De acordo com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), foi realizada uma inspeção estrutural na plataforma. A parcela submersa do casco encontra-se íntegra e não há risco de afundar.
A ANP ainda informou que a Petrobras é a responsável por responder pelo acidente no navio-plataforma. Por meio da asessoria de imprensa, a ANP disse que seu relacionamento é com a concessionária, sendo que a responsável pela área é a Petrobras, independente de terceirização. O procedimento é abrir um processo administrativo para investigar a causa do acidente e, se ao final dele houver determinação de multa, ela será aplicada à Petrobras.
No dia 4 de fevereiro, dias antes do acidente, a Agência decidiu, após reunião de diretoria, que aPetrobras deveria apresentar estudos para redução da capacidade ociosa do navio-plataforma até janeiro de 2016. Dessa forma, aumentaria a produção.
De acordo com a ANP, essa é uma condição para que seja aprovado o Plano de Desenvolvimento dos campos de Camarupim e Camarupim Norte (um documento preparado pela concessionária, no caso a Petrobras, e entregue à ANP, contendo o programa de trabalho e respectivo investimento na área da concessão). O G1 procurou a Petrobras e aguarda retorno.