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26/09/2015 11h33 – Atualizado em 26/09/2015 11h35
Casal suspeito de golpes na internet tinha proteção policial, diz testemunha
Ex-funcionária afirma que donos de site eram avisados sobre abordagens.
Promotor pediu investigação na Corregedoria da Polícia Civil em Ribeirão.
O promotor de Justiça Aroldo Costa Filho disse ter encaminhado à Corregedoria da Polícia Civil um pedido de investigação sobre uma suposta proteção policial a um casal de Ribeirão Preto (SP) suspeito de aplicar golpes milionários pela internet. A representação foi entregue na quinta-feira (24).
De acordo com uma ex-funcionária dos proprietários do site Pank, que por questões de segurança prefere não ser identificada, o casal era avisado por policiais com antecedência sobre eventuais mandados de busca e prisão em sua casa e conseguia, assim, fugir das abordagens.
Proprietários do site Pank e Stop Play, Michel Pierri Cintra e Viviane Boffi Emílio teriam lesado cerca de 80 mil consumidores em todo o país, por não entregarem os produtos vendidos ou por entregarem aparelhos similares aos originais, adquiridos no Paraguai. O golpe, segundo o Ministério Público, soma R$ 250 milhões.
Viviane está presa na Cadeia de Cajuru desde o começo do mês. Cintra permanece foragido.
Em nota, a Corregedoria da Polícia Civil comunicou que ainda não foi notificada.
‘Já eram informados’
A ex-funcionária do casal diz ter certeza de que alguém da polícia colaborava com Viviane e Cintra, principalmente quando havia algum tipo de abordagem na casa deles.
“Toda vez que a polícia ia atrás deles, eles já estavam sabendo, já eram informados. Quantas vezes de madrugada tive que esperar ela [Viviane] na minha casa com a porta aberta, porque ela ficava sabendo que a polícia ia atrás deles. Eles ligavam para mim avisando que iam deixar o menino [filho do casal] comigo”, afirmou.
Nesses casos, segundo ela, os donos do site chegavam a ficar dias longe de casa, hospedados em um hotel da cidade até antes de retornarem para casa. “Eles sumiam, depois quando era começo de semana, reapareciam.”
A testemunha afirma que nunca desconfiou de nada, apesar do comportamento suspeito do casal. “Ela dizia que a polícia perseguia eles, que nunca viram eles ganharem tanto dinheiro quanto ganhavam e que por isso a polícia perseguia, mas jamais falou que fazia coisa errada, nunca.”
Segundo o promotor responsável pelo caso, a ex-funcionária também relatou ter sido intimidada por policiais. As alegações dela, de acordo com Aroldo, não indicam envolvimento direto de agentes nos golpes da empresa, mas foram encaminhadas à Corregedoria da Polícia Civil de Ribeirão para que os policiais sejam identificados.
“[O depoimento] nos dá maior certeza de que o casal tinha um forte esquema na cidade para a prática desses crimes, contando inclusive com o auxílio da polícia. (…) Ela declinou que alguns policiais estiveram à sua procura e por essa razão as suas declarações foram encaminhadas hoje [quinta-feira] para a corregedoria para que investigue a eventual participação de policiais”, afirmou.
Polícia Civil
Em nota enviada pela assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP), a delegada Renata Elisa Rudge Bortoli, da 3ª Corregedoria da Polícia Civil, informou que ainda não recebeu nenhuma denúncia.
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