O avô do jogador de base da Portuguesa que foi encontrado morto após ter participado de um churrasco e entrado na piscina contou que o neto dizia que nasceu e morreria no clube. Ivan Marques compareceu ao velório do neto Lucas Jesus dos Santos, de 16 anos, na manhã desta sexta-feira (21), na sede da Portuguesa, na Zona Norte de São Paulo.

“Ele dizia: nasci aqui e quero morrer aqui. Mesmo que eu vá pra fora, a Portuguesa não sai do meu coração”, contou Ivan, que estava muito emocionado durante o velório. “Ele estava feliz.Teve outras propostas, mas dizia que estava bem aqui na Portuguesa”, completou.

Ivan Marques, avô de Lucas Jesus dos Santos
(Foto: Vivian Reis/G1)

Ivan Marques disse que o pai do adolescente o abandonou na infância, e que ele criou Lucas, a quem considerava filho. “Ele era um filho, um amor. Não importa se o pai não deu valor e jogou ele fora. Ele era um ser humano querido por muita gente”, disse.

Mércia Jesus dos Santos, mãe do atleta, não compareceu ao velório por falta de condução, embora a família tenha conseguido arrecadar o valor necessário para que ela fizesse a viagem, de acordo com o avô do jogador.

Ivan defendeu a Portuguesa e acredita que o neto tenha falecido por conta de uma fatalidade, e não por negligência no atendimento.

Os colegas de Lucas Jesus dos Santos prestaram homenagem cantando em volta do caixão no velório do corpo do atleta, na sede do clube, no Canindé. O caixão foi coberto com uma bandeira da Portuguesa.

O adolescente foi encontrado no fundo da piscina por funcionários do clube do Canindé na quinta-feira (20) de manhã após uma festa na noite de quarta (19), organizada para comemorar a vitória sobre o time Água Santa.

Segundo o laudo no IML, a morte aconteceu por asfixia por regurgitação de alimentos.

Especialistas afirmam que o risco de congestão aumenta com a prática de atividades físicas intensas  devido a uma competição no corpo pelo fornecimento de sangue. O estômago não recebe o suficiente para continuar a digestão, o que pode levar à indigestão, refluxo e vômito.

O adolescente morava com o avô, que passou mal ao chegar no clube e precisou ser levado para um hospital após ver o corpo do neto. Ivan tinha ficado preocupado com a demora de Lucas e procurou o jovem, inclusive enviando mensagens em redes sociais para os colegas.

Carlos Miranda, treinador da equipe sub-17 da
Portuguesa (Foto: Vivian Reis/G1)

O treinador da equipe sub-17 da Portuguesa, Carlos Miranda, elogiou o comprometimento de Lucas e acredita que será um desafio reconstruir a equipe após o episódio. “Lucas era um menino exemplar. Era um torcedor da Lusa e seu sonho era vestir a camisa do time. Eu o aprovei no grupo por seu próprio merito”, contou Miranda. “Ficamos sem chão. Agora vai ser um grande desafio reunir forças para trazer foco de volta à equipe”, continuou.

Lucas atuava como zagueiro e começou a jogar futebol com o avô e com o tio, Marivaldo, quando ainda era pequeno. “Era o sonho dele e dizia que ia pra cima conquistar seus objetivos. Conseguiu pisar no gramado, mas infelizmente não deu tempo de chegar à equipe principal”, lamentou o tio, que morava próximo ao sobrinho no Pari, na região central da capital.

O corpo de Lucas Jesus dos Santos será enterrado às 16h desta sexta-feira (21) no Cemitério São Pedro, Vila Alpina, na Zona Leste.

Amigos choram no velório do jogador de futebol da Portuguesa Lucas Jesus dos Santos (Foto: Vivian Reis/G1)

Corpo do jogador foi retirado do fundo de piscina da Portuguesa em São Paulo (Foto: Reprodução/GloboNews