As palavras de carinho logo após o acidente se transformaram em um gesto ainda mais grandioso. No horário marcado para o jogo contra a Chapecoense, pela primeira partida da final da Copa Sul-Americana, o Atlético Nacional preparou uma homenagem impressionante, à altura das 71 vítimas fatais do acidente do voo da LaMia. Vestidos de branco e segurando velas e celulares, cerca de 52 mil torcedores do clube colombiano lotaram o estádio Atanasio Girardot para lembrar os envolvidos. Em toda a arquibancada, o grito ecoou por diversas vezes: “Vamos, vamos, Chape”. No fim, uma chuva de flores jogadas ao gramado pelos torcedores.
Mónica Jaramillo, uma das principais jornalistas do país, foi uma das apresentadoras da noite. Em uma faixa, o recado: “O futebol não tem fronteiras”. Na outra, o anúncio: “Uma nova família nasce”. José Serra, ministro de Relações Internacionais do Brasil, representou o país na cerimônia. Com a voz embargada, com o choro interrompendo o discurso por algumas vezes, o ministro agradeceu.
– Obrigado, Colômbia. De coração, muito obrigado.Neste momento de muita dor para todos nós, as expressões de solidariedade que aqui encontramos, como a solidariedade que cada um de vocês, colombianos e torcedores, nos oferece um consolo imenso. Uma luz quando todos estamos entender o incompreensível. Os brasileiros jamais esquecerão a forma como os colombianos sentiram o terrível desastre que interrompeu o sonho desse heroico time da Chapecoense, uma espécie de conto de fadas, com final trágico. Assim como não esqueceremos a atitude do Atlético Nacional e de todos os torcedores que pediram que o título da Copa Sul-Americana fosse para a Chapecoense. Um gesto que honra o esporte de toda Colômbia e honra essa querida Medellín, e que faz ainda maior o Atlético de Medellín. Depois do ocorrido, o Brasil viu uma dura realidade de uma festa que não existiu, em um jogo histórico que não foi realizado. Que as cores da Chapecoense e do Atlético, o verde e o branco, sejam da esperança e paz – disse o ministro.
O time do Atlético Nacional também foi a campo para lembrar as vítimas. Em uma série de homenagens, com discursos de carinho ao povo de Chapecó, a torcida colombiana homenageou todas os envolvidos no acidente. Os nomes dos jogadores, dos jornalistas e da tripulação mortos, assim como os sobreviventes, foram lembrados um a um no gramado.
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“Estamos contigo, Chape”, disse a locutora após uma grande onda de incentivos à equipe brasileira. Em meio a lágrimas de emoção da torcida, os colombianos também encontravam força para dar força à equipe.
Perto do fim, os torcedores jogaram flores ao gramado. Helicópteros que ajudaram no resgate às vítimas também fizeram homenagens. Um recado do Papa Francisco foi lido antes que membros da Chapecoense ganhassem uma placa e camisas com o recado: “Ninguém nos separa”. A Orquestra Filarmônica de Medellín também fez uma homenagem à equipe brasileira.
No fim da cerimônia, Luciano Buligon, prefeito da Chapecó, se disse emocionado. Diante da festa do povo colombiano, afirmou que a equipe tinha um sonho e acabou se tornando uma lenda dentro do futebol.
– Estou acordado todo esse tempo, estava em São Paulo para embarcar no voo, mas acabei tendo uma audiência e não embarquei. O apoio que tivemos do presidente, do porteiro, do taxista, do povo colombiano na rua, não tem preço. Muito obrigado Colômbia. Nunca tivemos tanta gente gritando “Chape, Chape, Chape!”. A Chapecoense veio aqui com um sonho, e saiu como uma lenda do futebol. A chapecoense deixa essa marca. Nada vai devolver a vida, o pai de família, mas isso ameniza. Não tem nada que fazer? Tem, fazer essa homenagem. Muito obrigado, em nome do povo de Chapecó, ao povo colombiano – disse Luciano Buligon.