Aluno da UFG suspeito de denunciar falso estupro faz post na praia: ‘fuga’
Estudante foi flagrado mexendo em câmera de segurança da universidade.
Segundo delegada, principal suspeita da polícia é que ele inventou o caso.
O estudante de relações públicas, Daniel Bezerra, de 21 anos, suspeito de denunciar um falso estupro na Universidade Federal de Goiás (UFG), postou uma foto nas redes sociais em uma praia do Pernambuco. Na legenda ele escreve “ponto de fuga”. Segundo a Polícia Civil, há indícios de que ele mentiu sobre o crime. Ele ainda não foi ouvido porque, segundo a corporação, alegou que estava viajando.
O aluno foi flagrado no último dia 7 de junho mexendo em uma das câmeras de segurança da Faculdade de Informação e Comunicação (FIC) da UFG. As imagens mostram Daniel virando a câmera da entrada do banheiro masculino da FIC. Uma semana depois, ele divulgou que uma possível vítima de estupro havia passado pelo banheiro e desaparecido.
De acordo com a delegada Ana Elisa Gomes, a principal suspeita é a de que ele tenha inventado o caso. “Ele teve sete dias pra calcular todos os passos. Aí agora vendo a mudança da câmera feita por ele e tal, você percebe realmente que existiam contradições”, afirma a delegada.
O gerente de segurança da UFG, Elias Magalhães da Silva, prestou depoimento à polícia. Ele acredita que a denúncia do falso estupro foi um boato para tumultuar a eleição do Diretório Central dos Estudantes (DCE). “Eles se organizaram, fizeram a ocupação da reitoria e a eleição veio acontecer depois, no dia 16”, afirmou.
O reitor da UFG, Orlando Amaral, afirma que, caso seja comprovado que o estudante mentiu sobre o caso, ele pode ser excluído do curso. “Se for apurada a responsabilidade do estudante, pode ser feita desde uma advertência, verbal ou escrita ou até mesmo a exclusão da universidade”.
O G1 tenta contato com o estudante desde a manhã desta sexta-feira, mas até a publicação desta reportagem as ligações não foram atendidas.
Denúncia
O estudante relatou o crime por meio de uma rede social. Ao G1, o universitário contou, no dia da denúncia, que estava no estacionamento da FIC quando viu um carro Volkswagen Gol preto deixar uma “jovem dopada” no local. O rapaz disse que a estudante estava com a roupa rasgada e o cabelo bagunçado.
Ao ligar o farol para ver melhor o que estava acontecendo, ele conta que o motorista do carro fugiu e a jovem correu para dentro do banheiro.
“Entrei no banheiro e vi que ela estava lavando a genitália na pia. A segurei e perguntei o que aconteceu, mas ela me deu murros e me pediu para sair, pedindo socorro. Ela estava muito assustada comigo, com a presença masculina. Então fui atrás de alguém para pedir ajuda, mas não tinha ninguém na faculdade. Não achei nenhum guarda”, relatou o universitário.
Já em depoimento à polícia, o jovem descreveu as características do homem que ele viu na noite de terça-feira (14) no carro em que a jovem estava. “Eu só consegui ver que ele era um cara branco, gordo e tinha bastante papada”, afirmou.
Ocupação
Depois da denúncia de estupro, alunos ocuparam a reitoria da universidade para pedir mais segurança no local. A UFG informou que o prédio segue ocupado até a esta sexta-feira (17) e que ainda não recebeu a pauta de reivindicações, apesar de estar sempre aberta ao diálogo.