10/08/2016 20h04 – Atualizado em 10/08/2016 20h33
Advogado ferido em atentado perde três dedos: ‘Vou buscar me adaptar’
Ele falou pela primeira vez após crime e diz não acompanhar investigação.
Walmir Cunha se machucou após pacote explodir em seu escritório, em GO.
O advogado Walmir Oliveira da Cunha, de 37 anos, ferido em um atentato depois que um pacote explodiu em seu escritório, concedeu nesta quarta-feira (10) a primeira entrevista coletiva desde que foi vítima do ataque. Ainda com uma mão e um pé enfaixados e caminhando com o auxílio de uma muleta, ele revelou que teve a mão mutilada depois que o pacote entregue a ele foi detonado e estuda até a possibilidade de usar uma prótese para se readequar ao seu cotidiano.
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“Foram amputados três dedos e parte do carpo da mão esquerda. Fiquei com o dedo menor [mindinho] e o anelar. Sempre fui uma pessoa muito otimista, quem me conhece sabe. A primeira vez que vi minha mão, foi muito difícil. Mas depois, o que tenho a dizer é que a amo como ela está, porque foi a segunda chance que Deus me deu. Vou buscar me adaptar. Hoje tem próteses, tecnologia, enfim, vamos buscar readequaer essa situação”, disse.
Walmir, que atua nas áreas agrária e empresarial, ficou lesionado no último dia 15 de julho. Um motociclista, que ainda é procurado pela polícia, deixou a encomenda no local. Quando Walmir abriu a caixa, o pacote explodiu. Ele foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros.
O advogado ficou internado por seis dias no Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo), de onde teve alta no dia 21 de julho. Depois, ele ainda continuou o tratamento em unidades de saúde particulares. Além da mão, Walmir afirmou que sofreu queimaduras graves no abdômen e teve que usar drenos por pelo menos dez dias. Ele já passou por sete operações e ainda deve passar por pelo menos mais uma cirurgia plástica para fazer enxerto na barriga e na mão atingida.
Presente de Portugal
Walmir contou que no dia do atentado, havia recém-chegado de uma viagem a São Paulo. Ao se preparar para ir embora, questionou à secretaria se ainda havia alguma demanda. Foi quando ela disse que um presente fora entregue a ele.
“Tenho alguns clientes de Portugal que sempre me presenteiam, principalmente com vinhos. Era um pacote bonito, muito bem embalado com alguns barbantes e uma escotilha. Procurei o cartão para ver se era deles, mas não encontrei. Puxei um barbante e vi fios […]. Quando a bomba deflagrou, vi minhas roupas em chamas e minha mão mutilada”, relembra.
O advogado diz que, até o dia do incidente, nunca tinha recebido qualquer tipo de ameaça. Porém, agora toma cuidados “que antes não achava necessários”.
Ele acredita que o explosivo pode ter sido encaminhado por alguma parte contrária de algum processo no qual ele trabalhou e que se sentiu prejudicada com a decisão da Justiça. Sobre as investigações, o advogado afirmou que prefere não ficar a par dos passos da polícia.
“Sou muito agitado e preferi não ser informado da apuração. Só pedi que me avisassem quando souber da autoria. O que a polícia me passou é que não descarta nenhuma hipótese”, frisa.