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Advogado diz que pagou R$ 40 mil para preso não ser transferido
Ele foi um dos 52 detidos em ação contra fraude que liberava reeducandos.
Escuta mostra como valores e solturas eram negociados em Goiás.
Escutas telefônicas gravadas com autorização da Justiça mostram como eram realizadas as negociações descobertas pela Operação Livramento, deflagrada pela Polícia Civil em Goiás. Os suspeitos mantinham um esquema fraudulento para liberar presos e evitar que eles fossem transferidos para unidades de segurança máxima. Em um áudio, um advogado, detido na ação, revela ter pago R$ 40 mil a diretores de um presídio.
Durante a operação, realizada na quarta-feira (19), foram presas 52 pessoas, incluindo servidores do sistema penitenciário. Também foram detidos quatro advogados. Um deles, Paulo Roberto Borges da Silva Junior, foi pego em um grampo reclamando para o sócio do valor pago para ao diretor da Casa de Prisão Provisória para evitar que um preso fosse transferido:
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PAULO ROBERTO: Eu tive que gastar quarenta mil reais do meu bolso aqui, entendeu?
ALEX: Que menino?
PAULO ROBERTO: Quarenta mil reais, quarenta. Eu tive que gastar do meu bolso aqui. Senão iam mandar os caras todos para o Núcleo [de custódia]. Quatro horas na sala do diretor aqui, acabou de pegar o dinheiro comigo aqui. Tá resolvido agora. Já foi pago. Tá todo mundo alegre.
Em outra conversa, Paulo conversa com o chefe do cartório da CPP pelo mesmo motivo. Desta vez, ele tenta convencer o servidor a não levar seu cliente para o Núcleo de Custódia, para onde são mandados os criminosos mais perigosos do estado.
PAULO ROBERTO: Moço, segura o cara. Larga de ser bobo.
GIL: Não… tem jeito mais, não. Tá na mesa do diretor
PAULO ROBERTO: Ah, para com isso. Larga de ser bobo… Existe um outro (dinheiro) ai que nós vai rachar moço, entendeu?
GIL: Vou ver…
PAULO ROBERTO: Não, você tem que confirmar, porque eu tô andando com o negócio na mão aqui. Tenso aqui, entendeu?
GIL: A hora que você “vim” cá, a gente vê…
PAULO ROBERTO: Beleza então. Falou.
De acordo com as investigações, Paulo Roberto teria recebido mais de R$ 1,7 milhões de presos durante um ano de atuação com a fraude.
Organização
Durante as investigações foram encontradas diversas irregularidades. Os agentes recebiam decisões judiciais originais, determinando a soltura de algum preso, faziam uma cópia e só alteravam o nome do interno beneficiado. Segundo a polícia, algumas das falsificações eram grosseiras.
Alguns servidores também eram deslocados para áreas específicas do sistema prisional, facilitando o esquema. Além disso, havia a falsificação de atestados médicos para justificar a ausência de algum preso no regime semiaberto.
“Era muito simples e muito fácil de ser observado que aquela decisão judicial que eles usavam pra colocar o preso em liberdade era falsificada, mas como um outro servidor também envolvido sabia do esquema, nunca seria detectado, afirma o delegado Breynner Vasconcelos, responsável pela investigação.
Entre os criminosos soltos pelo esquema, estão alguns dos mais perigosos do estado. Sete deles ainda estão foragidos.
Favores sexuais
O esquema de fraudes incluía a troca de favores sexuais e até o pagamento de decisão judicial falsa para que detentos fossem soltos, conforme detalhou a Polícia Civil.
“Em uma situação específica, um preso não estava dormindo na colônia agroindustrial do regime semiaberto. Para ter as faltas abonadas, ele deixou que sua mulher fizesse sexo com um servidor algumas vezes e a falta desse preso foi abonada”, disse Vasconcelos.
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