FOTOS IMAGENS-“A sibutramina, remédio pra emagrecer, matou minha irmã”, diz publicitária


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Carolina, 23 anos, saltou do 11º andar de um prédio há cinco meses. Os remédios que tomava pra emagrecer provocaram alucinações que a levaram a pular. “A pior dor é saber que a Carol precisava de ajuda e nós não percebemos”, conta a irmã, a publicitária goiana Fernanda Moura. Leia o depoimento completo e entenda melhor o que é a Sibutramina:

“O dia 18 de setembro de 2015 vai me marcar pra sempre como o mais triste da minha vida: foi quando perdi minha irmã. Carol se suicidou. Aos 23 anos. Se atirou do 11º andar do prédio da nossa avó. A gente era grudada, melhores amigas. Dois anos mais velha que eu, Carol sempre foi minha consultora de moda – roupa nova? Só com a aprovação dela! –, e adorava me colocar no salto alto, coisa que odeio. Já eu fazia nosso make. E, sempre que terminava, ela dizia que tinha ficado muito melhor em mim do que nela, que bobagem! A Carol tinha muitos amigos, amava almoços de família (fazia uma palha italiana deliciosa de sobremesa!), era festeira, cheia de vida. Imagina a nossa dor e surpresa ao receber a notícia da sua morte. Parecia que estava tudo tão bem.

Sibutramina e alucinações…
Mas só parecia. Fazia quatro anos que já não morávamos juntas. Eu saí de Goiânia, nossa cidade natal, pra estudar em São Paulo, e ela foi pra Uberaba morar com a minha avó. A tragédia do dia 18 começou por volta das 5h da manhã, quando minha irmã ligou pra mamãe dizendo que estava vendo minha prima, Nanda, e minha tia, Dulce, na sala, mas que sabia que as duas não estavam lá. Disse, desesperada, que estava ficando louca, tendo alucinações e que precisava de ajuda urgente.

Carol confessou que havia tomado uma dose alta de sibutramina, remédio usado pra inibir a fome [e que, de fato, pode provocar alucinações – veja o quadro]. Meu tio, que mora em Uberaba, a levou pro hospital. Só que lá os médicos orientaram que ela voltasse pra casa e apenas tomasse muita água. Minha mãe e meu pai pegaram a estrada rumo a Uberaba. Infelizmente, não chegaram a tempo. Às 16h em ponto, Carol se atirou do 11o andar.

Ela precisava de ajuda e eu não percebi…
Estava na casa de uma amiga, em Goiânia, quando recebi a notícia por telefone. Entrei em desespero. Não conseguia acreditar. Como é que é?! Minha irmã havia se jogado do alto de um prédio?! Pelo amor de Deus, ela parecia bem até ontem!

Minha ficha só foi cair quando toda a família chegou a Goiânia e se reuniu na casa da minha avó materna. Todos em prantos, atônitos! Desse dia, uma imagem não me sai da cabeça: ver meu pai descer do avião e se jogar no chão, chorando e dizendo: “Minha filha precisava de ajuda e eu não percebi”. De cortar o coração.

Eu não parava de pensar em como devem ter sido as últimas horas da Carol. Qual o tamanho do desespero que ela sentia pra tomar essa atitude? Há quanto tempo estava desse jeito e não notei? Ninguém notou! A culpa foi me consumindo. De fato, aquela menina tão alegre e bagunceira sofria por se achar gorda. Vivia de regime, procurando novos exercícios, tomando shakes. Todo esse esforço pra emagrecer passou como normal por todos nós. Quando podíamos imaginar que o desfecho seria esse?

Pin it !Eu e Carol crianças, em Goiânia (Foto: Arquivo pessoal)

Nunca saberemos…
Os dias seguintes, de velório e enterro, são absurdamente tristes. Na busca por alguma explicação – já que o resultado da autópsia ainda demorará a sair –, comecei a pesquisar sobre a sibutramina. Fato é que um remédio tarja preta jamais poderia ter sido receitado pra minha irmã, que tinha pressão alta. É terrível conviver com o que não pode ser explicado: nunca saberemos se algum médico inconsequente receitou o remédio, se ela comprou de forma ilegal… A sibutramina é proibida em vários países. Aqui no Brasil, parou de circular por um período e só voltou às prateleiras em 2014. Porém, basta um search no Google pra achar dezenas de lugares que vendem sem receita…

Pin it !Em 2015, pouco antes do suicídio (Foto: Arquivo pessoal)

Ajudar ajuda
O tempo me fez perceber que tentar investigar o ocorrido só me traria mais dor. Em vez disso, eu e minha família decidimos dar continuidade ao projeto de arrecadação de leite que a minha irmã fazia pra Apae-Uberaba, onde era voluntária. Foi lindo ver que ela deixou muita saudade por lá. A gente se dedicou tanto que conseguiu, de cara, 5 mil litros de leite. É como se tivesse um pedacinho da Carol comigo quando estou na Apae. Juro que consigo sentir a presença dela. Até criei uma página no Facebook, chamada #prasempreCarol, pra quem quiser nos ajudar com doações.

Pin it !Carol com criança atendida na Apae-Uberaba, onde era voluntária (Foto: Arquivo pessoal)

Nunca vai parar de doer
Nunca na minha vida – e hoje posso afirmar – tinha sentido saudade de verdade. Achava que já tinha, mas agora sei como dói e nunca vai parar de doer. Outra coisa que descobri foi o poder da fé. A oração é o caminho mais próximo até ela, por isso sinto cada palavra. Queria ter tido mais tempo com ela. Queria ter aproveitado melhor o tempo que tive com ela. Mas agradeço todos os dias por ter vivido com ela o melhor dos sentimentos: o amor! É esse amor que vou continuar sentindo pra sempre, é esse amor que vejo na carinha das crianças do projeto, é esse amor que é maior que a dor da saudade”.

*Raio-X da Sibutramina
O que é?
Substância tarja preta usada no tratamento da obesidade, vendida com prescrição médica e termo de consentimento do paciente (que precisa declarar estar ciente das contraindicações e efeitos colaterais).

Como age?
No sistema nervoso central, especialmente sobre dois neurotransmissores, a serotonina e a noradrenalina, provocando sensação de saciedade e controle da fome.

Quem não pode tomar?
Pessoas com doenças cardiovasculares, arritmia cardíaca, diabetes, pressão alta e quadros psiquiátricos, como depressão, esquizofrenia e ansiedade descontrolada.

A sibutramina pode causar alucinações e levar ao suicídio?
Sim, mas são casos raros. Se o paciente já tem quadro de depressão, ansiedade ou psicose, a droga pode piorar esse quadro e precipitar o suicídio. O aumento de produção de noradrenalina, substância que levanta o ânimo, pode se transformar no estímulo que faltava pra pessoa cometer o suicídio.

*Por Mariana Farage, endocrinologista carioca, mestre pela UFRJ e membro titular da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia

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Levany Júnior

Levany Júnior é Advogado e diretor do Blog do Levany Júnior. Blog aborda notícias principalmente de todo estado do Rio Grande do Norte, grande Natal, Alto do Rodrigues, Pendências, Macau, Assú, Mossoró e todo interior do RN. E-mail: [email protected]

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4 comentários em “FOTOS IMAGENS-“A sibutramina, remédio pra emagrecer, matou minha irmã”, diz publicitária

  • 6 de março de 2016 a 23:39
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    Oi,

    que post interessante!

    Eu sei o quão legal fazer posts frequentes!

    Tenho feito posts sobre Mamãe Sarada no blog Amigas e Mulheres

    Beijos!

    Responder
  • 18 de março de 2016 a 15:01
    Permalink

    Olá
    Muito apaixonada pelo post!!
    Parabéns pelo blog.

    Responder
  • 21 de março de 2016 a 13:55
    Permalink

    Boa Noite
    Curti o ponto de vista!
    Parabéns pelo blog.

    Responder
  • 22 de março de 2016 a 11:24
    Permalink

    Bom dia

    Curti muito esse conteúdo.

    Por mais sites idem a este!

    Marcio Guia do Somatodrol

    Responder

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