FOTO: Aos 79 anos, morre Emilio Botín, patriarca do banco Santander
Foto: Angel Navarrete / Bloomberg
Emilio Botín, um dos homens mais poderosos da Espanha e que transformou o Santander de um pequeno banco doméstico no maior banco da zona do euro, morreu de um ataque cardíaco aos 79 anos.
Em julho, o banco gerou polêmica ao enviar a 40 mil correntistas de alta renda relatório afirmando que haveria piora da economia em caso de reeleição da presidente Dilma Rousseff em outubro. “Se a presidente se estabilizar ou voltar a subir nas pesquisas, um cenário de reversão pode surgir. O câmbio voltaria a se desvalorizar, juros longos retomariam a alta e o índice da Bovespa cairia, revertendo parte das altas recentes”.
Nesta quarta-feira o banco disse que realizará uma reunião do Conselho de Administração mais tarde para nomear um sucessor para o cargo de presidente do Conselho. Analistas e investidores vêm esperando há muito tempo que o cargo seja assumido pela filha mais velha do executivo, Ana Botín, que lidera o negócio britânico do Santander.
Outro potencial substituto é Matias Inciarte, 66, um ex-ministro do governo e membro do Conselho de Administração do banco desde 1988, que atualmente ocupa o cargo de segundo vice-presidente do Conselho.
No entanto, duas fontes afirmaram à Reuters nesta quarta-feira que o comitê de nomeações e remunerações banco indicará Ana Botín à diretoria, que deve apoiar a indicação.
— Eles decidiram unanimemente em favor de Ana Patricia (Botín) — disse uma das fontes que tomou conhecimento das deliberações do banco, sob condição de anonimato.
BOTÍN INTERNACIONALIZOU SANTANDER
Tal movimento poderá provocar polêmica, contudo, em um momento em que dinastias bancárias enfrentam duras críticas depois de um escândalo no português Banco Espírito Santo, com empresas da família fundadora sendo investigadas por irregularidades financeiras.
— A sucessão não deve consistir apenas em dizer “minha filha vai tomar conta” — disse um especialista em governança corporativa de uma gestora global de ativos que detém ações do Santander, falando sob condição de anonimato.
Emilio Botín, chamado de “El Presidente” pelos colegas de trabalho e terceiro da geração Botín a comandar o Santander, esteve à frente da investida para criar um banco global, oferecendo serviços múltiplos a empresas multinacionais e uma gama de serviços aos consumidores.
Ele dirigiu seu olhar afiado para negócios para divulgar a marca do Santander ao redor do mundo, somando € 1,4 trilhão (US$ 1,8 trilhão) em fundos e cerca de 200 mil funcionários.
— Ele foi um homem capaz de fazer o Banco Santander se tornar o banco mais importante de nosso país — afirmou o primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, a jornalistas no Parlamento. — Eu tive uma reunião com ele na semana passada e ele estava bem e em boa forma. Foi uma surpresa e um golpe.
NOTA DO BRADESCO LAMENTA MORTE
O presidente do Conselho de Administração do Bradesco, Lázaro de Mello Brandão, afirmou que recebeu a notícia com surpresa:
“Líder arrojado e determinado, ele soube posicionar a instituição que comandou nos últimos 30 anos aos postos mais altos da hierarquia financeira internacional. À frente da execução de uma bem-sucedida estratégia de implantação em diferentes mercados, ele fez da casa bancária fundada por sua família uma referência mundial de prestação de serviços financeiros”.
Já o presidente executivo do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, afirmou que Botín “injetou confiança no sistema bancário”.
“No Brasil, que visitava com frequência, ele construiu um banco eficiente e competidor leal, transformando o Santander numa referência de dinamismo e desempenho. À Ana Patrícia Botín, que segue seu legado, transmitimos nossas condolências”.
O Globo
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