Ciro Marques
Repórter de Política
Zé Maria sabe que não será nada fácil chegar a presidência da República em 2015 por meio de eleição. Mas tudo bem. O PSTU não quer, agora, apenas assumir o poder. Quer, também, incentivar e conscientizar o povo de que só por meio dessas mudanças é que o País, realmente, pode evoluir. Por isso, a sigla pretende organizar nos estados manifestações e protestos durante a Copa do Mundo.
“Vai ter muita luta na Copa. Acredito que vai ter mais greves e paralisações do que estamos vendo agora e incentivamos isso, vamos ajudar nessa organização desses movimentos, porque a única forma de mudança, porque não é o PSTU que vai mudar o país, é o povo nas ruas”, afirmou Zé Maria, lembrando que no RN as manifestações serão no dia 16, dia do jogo entre Estados Unidos e Gana na Arena das Dunas. “No ano passado, o povo protestou e os políticos prometeram tudo, mas não mudaram uma vírgula. Os políticos têm medo, mas não tem vergonha”, afirmou
Mesmo assim, as manifestações do ano passado serviram para demonstrar que o povo está insatisfeito – e perdendo a paciência. “As pessoas trabalham a vida inteira para dar lucro para as grandes empresas. O país está cada vez mais rico e o povo, mais pobre”, comparou.
“Vai ser uma mudança, mesmo que uma mudança de forma indireta. Indireta porque nós sabemos que o que influencia nas eleições ainda é o poder aquisitivo. É ele que controla e decide, antes mesmo da campanha, quem serão os candidatos com chances reais de ganhar”, analisou.
“PSOL não aplica mudanças que defendemos para País”
E se, diante dessa situação de influencia do poder econômico, já fica difícil a esquerda, unida, se eleger, imagine então com os partidos sozinhos. Pois é. E é exatamente isso que acontecerá neste ano, quando PSTU e PSOl, as duas principais siglas esquerdistas, lançarão candidaturas próprias. As duas não chegarão a um acordo sobre os projetos de governo e sobre a forma que arrecadarão recursos.
“Tentamos essa parceria, mas não deu certo em nível nacional e em nível estadual. Em nacional, o problema foi a questão de projeto. O que nós defendemos o PSOL não está aplicando na Prefeitura que administra, em Macapá. Além disso, também somos contra o financiamento de campanha por parte de empresas e eles aceitam, dependendo da empresa”, afirmou Zé Maria.
O que o PSTU tem defendido como proposta de gestão é a suspensão do pagamento de dívidas a bancos; a estatização do sistema financeiro, “porque os bancos roubam as pessoas e queremos que eles realmente usem recursos para viabilizar obras”; a paralisação da privatização e a restatitazação de setores, como a exploração de riquezas do país.
“No Rio Grande do Nore, deveremos lançar a pré-candidatura de Simone Dutra (coordenador-geral do Sindsaúde), uma companheira que tem o perfil que buscamos, que é de trabalho, de militância nesse sentido e aqui, também não deverá haver a aliança com o PSOL, que vai lançar Robério Paulino”, antecipou Zé Maria, acrescentando que o lançamento de Simone deverá ocorrer em reunião do PSTU, marcada para as 19h de hoje, no IFRN da Cidade.
O presidente nacional do PSTU também antecipou que o partido não vai lançar Amanda Gurgel, única vereadora do partido, para nenhum cargo neste ano. A intenção é que ela termine o mandato que conquistou com recorde de votação. “Acreditamos muito na Amanda Gurgel. É uma companheira muito valiosa que, apesar de nova, materializa os nosso objetivos e os nossos ideais, mas ela assumiu responsabilidade com povo que a elegeu”, justificou Zé Maria.
Zé Maria: “Henrique e Fátima não representam mudança de verdade”
Um apoiou até bem pouco tempo o “fracassado” governo Rosalba Ciarlini (DEM) e, agora, se coloca como oposição e não corresponsável pela gestão atual. A outra representa a continuidade da administração do PT que já mostrou, nos últimos anos, que não significa qualquer mudança real no sistema político do país. Essas são as análises que o pré-candidato a presidência da República pelo PSTU, Zé Maria de Almeida, fez das candidaturas, respectivamente, de Henrique Eduardo Alves (PMDB) ao Governo do Estado e Fátima Bezerra, do PT, ao Senado. E, dessa forma, fica claro que elas não representam qualquer mudança real na forma de gerir o Brasil.
A análise foi feita durante entrevista concedida aO JOrnal de Hoje pela manhã. O pré-candidato de esquerda está na capital potiguar para participar de um evento do PSTU na noite de hoje, onde o partido deverá oficializar a pré-candidatura da sindicalista Simone Dutra ao Governo do Estado. E, nessa condição, aproveitou a entrevista para comentar a situação dos pré-candidatos de mais “destaque” em nível nacional: Henrique, presidente da Câmara Federal e pré-candidato ao Governo ao lado de Wilma de Faria (do PSB, pré-candidata ao Senado); e Fátima Bezerra, deputada federal e pré-candidata a senadora, ao lado do vice-governador do Estado, Robinson Faria (do PSD, pré-candidato ao Governo).
“Essas candidaturas são, na verdade, seis por meia dúzia. A de Henrique, todos que estão nela até bem pouco tempo estavam com Rosalba Ciarlini no governo dela e agora se colocam como ‘mudança’ como se não tivessem responsabilidade alguma na situação que o Estado se encontra agora”, afirmou Zé Maria. “E a de Fátima, o PT já demonstrou o que quer. Sofremos durante anos com uma gestão do PSDB e o PT quando assumiu não fez as mudanças que disse que faria. Pelo contrário. O ex-presidente Lula, em 2010, disse quando deixou o governo que empresário e banqueiro não poderiam reclamar porque nunca na história desse país eles tiveram tanto lucro”, criticou o pré-candidato a presidente.
As duas chapas, as de Henrique e as de Fátima, inclusive, também representam a continuidade do sistema de poder como o financiamento privado de campanha, a priorização do lucro de banqueiros e grandes empresas, que são questões que o PSTU, justamente, se propõe a romper. “Esses financiamentos de campanha, por exemplo, somos contra, porque são onde nasce a corrupção, os desvios. As grandes empresas que recebem dinheiro público para fazer obra desnecessárias, são as mesmas que financiam campanhas como as de Rosalba, as de Henrique, as do PT”, exemplificou Zé Maria.
ZÉ MARIA
Natural de Santa Albertina, em São Paulo, com 55 anos, José Maria de Almeida iniciou sua militância nas greves metalúrgicas do final da década de 1970, no ABC paulista, junto com Lula, com quem chegou a ser preso em 1980. Em 1992, rompeu com o Partido dos Trabalhadores, para fundar um novo partido. Zé Maria é coordenador nacional da CSP-Conlutas, central sindical independente do governo, e presidente nacional do PSTU.