Familiares de presos rebelados no Paraná voltam a bloquear rodovia
Dezenas de familiares de presos da Penitenciária Estadual de Cascavel (PEC), no oeste do Paraná, voltaram a bloquear um trecho da BR-277 na manhã desta segunda-feira (25). O grupo reclama da falta de informações sobre a situação dos detentos rebelados desde a manhã de domingo (24). As negociações que foram retomadas na manhã desta segunda foram suspensas para o almoço às 12h20 e retomadas por volta das 14h30. Dois agentes penitenciários são feitos reféns e, segundo a Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Paraná (Seju), estão bem. Por volta das 14h, a rodovia foi novamente bloqueada pelos familiares dos detentos. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) esteve no local e as pistas foram liberadas depois de 40 minutos. Filas de aproximadamente dois quilômetros de formaram nos dois sentidos, de acordo com a PRF. Às 15h30, não havia mais congestionamento.
Ainda de acordo com a Seju, ao menos quatro foram mortos durante o motim – dois deles decapitados, e outros dois morreram após serem atirados do telhado da unidade, de uma altura de cerca de 15 metros. Além dos mortos, outros dois presos ficaram feridos e tiveram de ser levados para o Hospital Universitário (HU). Depois de atendido, um deles foi liberado e transferido para a Penitenciária Industrial de Cascavel (PIC). Outro, que teve uma das pernas quebradas ao se jogar do telhado, permanecia internado até o fim da manhã.
Conforme a PRF, o trecho foi fechado por volta das 10h30 e liberado aos poucos cerca de 40 minutos depois. Até próximo do meio-dia o trânsito continuava lento na região. No domingo, familiares dos presos já haviam bloqueado as duas pistas da rodovia próximo ao trevo de acesso à penitenciária. Os detentos estão rebelados desde as 6h30 de domingo e exigem relaxamento nas visitas, mais diálogo com a direção da unidade e refeições melhores.
“Nós estamos com sede, fome e muito preocupados. Meu filho está no meio de toda essa confusão. Meu Deus, eu não sei o que podem fazer com ele, tem muita gente ruim lá dentro”, desabafa a dona de casa Iraízes Meire do Carmo. O filho dela tem 22 anos e responde pelo crime de tráfico de drogas. Ela participou do protesto e disse que a ação foi uma tentativa de chamar a atenção das autoridades para que os familiares sejam informados sobre os detentos em meio ao motim.
higiene da unidade (Foto: Reprodução RPC TV)
Ainda pela manhã, o capitão Cícero Tenório, da Polícia Militar, informou que “os dois agentes mantidos reféns tiveram a integridade física preservada”.
A segurança no local vem sendo reforçada por policiais militares de várias cidades do estado. Familiares dos detentos passaram a noite em frente ao local à espera de informações. Durante a manhã desta segunda uma mulher chegou a desmaiar. Ela foi socorrida e passa bem.
Entre a noite de domingo e a madrugada desta segunda, um carro e um ônibus do transporte urbano foram incendiados. O carro estava no pátio da Prefeitura Municipal de Cascavel. Um vigilante disse que indivíduos passaram pelo local, jogaram gasolina sobre o veículo e atearam fogo. Já o coletivo estava em uma rua do bairro Floresta. A polícia não soube informar se os atos de vandalismo têm alguma ligação com a rebelião dos presos.
De acordo com o advogado dos agentes penitenciários, Jairo Ferreira, a rebelião começou enquanto o café da manhã era servido aos detentos. O trinco de uma das grades estava serrado, o que permitiu aos presos puxarem o agente para dentro e darem início à rebelião. Ainda segundo o advogado, apenas dez agentes estavam de plantão no presídio que é ocupado por mais de mil presos.
A comissão de negociação com os detentos é integrada pela secretária de Justiça do Paraná, Maria Tereza Uillie Gomes, pelo diretor do Departamento Penitenciário do Paraná (Depen), Cezinando Paredes, pelo comandante do Batalhão de Choque da Polícia Militar, Cícero Tenório, e pelo Juiz da Vara de Execuções penais, Paulo Damas.
Durante o domingo, 145 presos foram transferidos para a PIC, que fica próxima a PEC. O grupo era formado por detentos que estavam sendo ameaçados pelos rebelados. Outros 68 foram encaminhados para a Penitenciária Estadual de Francisco Beltrão, no sudoeste do estado, e mais seis devem ser transferidos para a Penitenciária Estadual de Maringá, na região norte do Paraná, e para Curitiba. A previsão da Seju é que ao menos 800 presos sejam transferidos no total.
Prejuízo
Após iniciar o motim, os detentos invadiram o telhado da penitenciária, queimaram colchões e hastearam bandeira de uma facção criminosa que atua dentro e fora dos presídios no país. Conforme Ferreira, cerca de 80% da unidade está destruída.
Familiares aguardam por informações nas proximidades da penitenciária (Foto: Raquel Moraes / RPCTV)
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