A promessa de Jesus, ao prometer que os vencedores se assentarão com Ele no Seu trono, é o clímax.
Há uma progressão nas suas promessas que marcam a trajetória dos vencedores. Vejamos:
Primeira promessa: Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da árvore da vida, que está no paraíso de Deus. (Apocalipse 2.7)
Segunda promessa: O que vencer, de modo algum sofrerá o dano da segunda morte. (Apocalipse 2.11)
Terceira promessa: Ao que vencer darei do maná escondido, e lhe darei uma pedra branca, e na pedra um novo nome escrito, o qual ninguém conhece senão aquele que o recebe. (Apocalipse 2.17)
Quarta promessa: Ao que vencer, e ao que guardar as minhas obras até o fim, eu lhe darei autoridade sobre as nações, e com vara de ferro as regerá, quebrando-as do modo como são quebrados os vasos do oleiro, assim como eu recebi autoridade de meu Pai; também lhe darei a estrela da manhã. (Apocalipse 2.26-28)
Quinta promessa: O que vencer será assim vestido de vestes brancas, e de maneira nenhuma riscarei o seu nome do livro da vida; antes confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos. (Apocalipse 3.5
Sexta promessa: A quem vencer, eu o farei coluna no templo do meu Deus, donde jamais sairá; e escreverei sobre ele o nome do meu Deus, e o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém, que desce do céu, da parte do meu Deus, e também o meu novo nome. (Apocalipse 3.12)
Sétima promessa: Ao que vencer, eu lhe concederei que se assente comigo no meu trono. (Apocalipse 3.21)
Esta última carta da seção epistolar de Apocalipse (capítulos 2 e 3) também nos ensina a como nos tornarmos vencedores.
2. VITORIOSO É QUEM LUTA.
As promessas destas cartas começam sempre com a expressão “Ao que vencer” ou “Ao vencedor”. Está implícito na expressão que os vitoriosos são os que lutam. Quem não luta não vence. Quem luta pode vencer ou perder. Quem não luta não pode vencer, porque seu fim está traçado: perder, perder sempre.
Quem luta faz bem a si mesmo e aos outros. Há uma irmã aqui na igreja que me inspira. Ela acorda cedo, organiza as primeiras coisas da casa, pega o seu carro e vai para o trabalho e depois emenda com outro. Domingo ela vem cedo para igreja, sempre tem alguém para almoçar em casa, dá um pulo no trabalho, ainda distribui uma guloseimas dietéticas para os amigos e de noite não perde um culto. Sempre que pode, faz uma viagem para ver os filhos e os netos. Visita e recebe amigos. Essas lutas todas, e outras, ela as trava sem reclamar. Ela não se queixa nem mesmo da idade, cujo peso não sente, embora tenha completado 70 anos há um bom tempo. Sua vida é um marketing da fé, não um marketing falso para vender, mas uma marketing verdadeiro de uma fé honesta, para Deus ver, não para o homem admirar. Eu gosto da sua companhia. Eu gosto quando ela me telefona. Eu gosto quando ela me “descola” uns docinhos. Eu quero chegar à idade dela com a sua vontade vencedora, olhando para os outros.
As palavras do pastor Mauro Israel Moreira, nas terríveis batalhas contra os gigantes cancerígenos que querem derrubá-lo, são sempre as mesmas: eu decidi lutar, eu vou resistir enquanto Deus me der forças. De outra irmã aqui da igreja eu tenho ouvido o mesmo discurso.
Pessoas como aquela irmã e o pastor Mauro Israel, entre muitos exemplos, são a mais completa negação da crítica de Nietzsche (1844-1900) ao cristianismo, que, para ele, formava indivíduos com uma moral de escravos, própria para pessoas destinada à submissão e ao conformismoo. Infelizmente, no entanto, há cristãos com moral de escravos, mas isto é uma contrafação à fé que Jesus nos possibilita ter e nos ensinou a desenvolver.
Também na Bíblia, os vencedores são os que lutam. Imaginemos os grandes homens e mulheres da Bíblia. Todos foram lutadores.
No entanto, infelizmente, há cristãos derrotados, deixando-se dominar por seu temperamento, seja ele explosivo, impulsivo, exibido ou tímido, tendende ao ânimo ou ao desânimo, à alegria ou à tristeza. No entanto, a Bíblia ensina que a paz de Cristo, para a qual também fomos chamados em um corpo, domine em nossos corações (Colossenses 3.15).
Há cristãos que se permitem dominar por seus instintos, obedecidos como um animal irracional de deixa conduzir. No entanto, a Bíblia ensina que todas as coisas nos são lícitas, mas nem todas as coisas nos convêm. Todas as coisas nos são lícitas; mas nós não nos deixaremos dominar por nenhuma delas (1Coríntios 6.12).
Há cristãos que aceitam ser vencidos por seus vícios. A Bíblia fala dos vencidos do vinho (Isaías 28.1) e nós, a propósito, podemos falar nos vencidos do sexo, nos vencidos da droga, nos vencidos do cigarro, nos vencidos do sedentarismo. No entanto, a Bíblia ensina que o pecado não pode ter domínio sobre nós, porquanto não estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça (Romanos 6.14).
Há cristãos que aceitam as ideologias dominantes no seu tempo e/ou no seu grupo, seja em relação ao corpo (do tipo “faça dele o que você quiser e puder”), seja em relação à mente (“não se preocupe em pensar: nós pensamos por e para você”), como se fossem principados e potestades irressistiveis. No entanto, a Bíblia ensina que não devemos nos conformar [amoldar, aceitar, submeter-se] a este mundo, mas nos transformar pela renovação [oxigenação] da nossa mente, para que experimentemos como vontade de Deus é boa, agradável e perfeita (Romanos 12.2). E nós nos mantemos renovados quando bebemos não a água suja dos canais e valões deste mundo, mas quando bebemos a água limpa da vida no Espírito Santo, o qual nos protege com toda a armadura de Deus; só assim poderemos resistir no dia mau e permanecer firmes (Efésios 6.13). Se nos sujeitarmos a Deus, resistiremos ao Diabo e ele fugirá de nós (Tiago 4.7).
Há cristãos que trocam uma vida pobre aqui em troca de uma vida rica no céu. É verdade que o apóstolo Paulo lembra que, se esperamos apenas para esta vida, “somos de todos os homens os mais dignos de lástima” (1Coríntios 15.19), porque aqui temos mesmo tribulações (João 16.33) . No entanto, a mesma Bíblia coerentemente nos ensina também que esta esperança nos deve alegrar aqui (Romanos 12.12), porque Deus não é Deus de mortos, mas de vivos; porque para ele todos vivem (João 7.38). O conselho paulino é claro: alegremo-nos sempre no Senhor (Filipenses 4.4). Por 11 vezes, o apóstolo Paulo fala em alegria, só em Filipenses. O sábio bíblico do Primeiro Testamento exalta a alegria, porquanto o homem nenhuma coisa melhor tem debaixo do sol do que comer, beber e alegrar-se; porque isso o acompanhará no seu trabalho nos dias da sua vida que Deus lhe dá debaixo do sol (Eclesiastes 8.15). O poeta bíblico não tem dúvida em proclamar: Celebrai com júbilo ao Senhor, todos os habitantes da terra; dai brados de alegria, regozijai-vos e cantai louvores. (Salmo 98.4)
Viver, portanto, é lutar, mesmo que seja lutar contra a morte. A vida é uma guerra, e os cristãos são soldados da vida. Nosso Deus nos capacita para vencer a guerra da vida. Quando Paulo diz que pode todas as coisas que lhe fortalece, este fortalecimento é para a luta, não para a contemplação da vida.
Na Bíblia, o nosso Deus é chamado 303 vezes de Senhor (ou Deus) dos exércitos. No sábio dizer de Jó, Deus, por sua força, prolonga os dias dos valentes, mesmo quando desesperam da vida (Jó 24.22).
Precisamos de valentia, combatendo os combates certos, que são aqueles ordenados por Deus. Paulo escreveu uma frase que poderia ter sido seu próprio epitáfio e deveria o epitáfio de cada um de nós: Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé (2Timóteo 4.7).
A vida do cristão, como a do não-cristão, é uma vida de lutas, de boas lutas, com a essencial diferença que o Senhor luta com aquele que nEle confia. Ele salva, não com espada, nem com lança; pois do Senhor é a batalha e ele vos entregará em nossas mãos. (1Samuel 17.47). É por isto que não desiste nunca, trave ele uma luta contra seu próprio eu, contra as correntes dominantes no mundo, contra uma enfermidade, contra o desemprego.
3. VITORIOSO É QUEM ABRE A PORTA DA SUA VIDA PARA JESUS CRISTO
Eis que estou à porta e bato;
se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta,
entrarei em sua casa e com ele cearei e ele comigo.
(Apocalipse 3.20)
Na verdade, todos os seres humanos pendem entre lutar sozinhos ou lutar com Cristo. A tentação por lutar sozinho é muito grande.
É por isto que a Bíblia pode ser lida como o registro de Deus dizendo ao homem: “eu quero estar com você”. Há história no Novo Testamento que tipifica de modo pleno esta verdade. Jesus encontrou um homem, Zaqueu, um homem que tinha uma enorme curiosidade acerca do Filho de Deus, mas não passava disto. O Mestre o surpreendeu na rua.
— Zaqueu, hoje quero ficar na sua casa (Lucas 19.5).
Todas as vezes que Ele encontra alguém, Seu convite é o mesmo. É por isto que Jesus Cristo está à porta de nossas vidas, esperando ser convidado para entrar.
Conheço várias pessoas desejosas de uma vida que prove das coisas excelentes, as quais só Jesus torna possíveis. Jesus está diante delas, esperando apenas um “Venha, Senhor, morar comigo”, mas elas nunca ousam fazer este revolucionário convite. Nunca dizem “Senhor, a casa é tua”. Falta-lhes coragem para convidar a Jesus. Falta-lhes coragem para viver. Talvez você seja uma destas pessoas.
Não custa, então, lembrar-lhe o convite do Senhor que quer ser também o seu Senhor: “Eis que estou à porta e bato…”. Por que não abri-la agora? Talvez você esteja esperando primeiro arrumar a casa (pondo a sua vida em ordem), mas Ele não requer casas limpas para entrar, mas pessoas desejosas de O receber (para pôr sua casa em ordem).
Talvez você ache que não precisa dEle, que vai dar um jeito sozinho, que vai resolver tudo com a companhia da sua razão ou como resultado de sua peregrinação pelas religiões, pegando um pouquinho de bom de cada uma delas. Se você um livre-atirador, quero lhe dizer que, sozinho, tem sido sido o seu caminho até agora? Deu certo? Se você é um peregrino pelas religiões e filosofias, quero lhe dizer que sua busca pode ter fim, se você convidar Cristo a caminhar com você pelo caminho da busca.
Não seja você alguém que fecha a porta para Jesus.
Esta última frase se aplica a muitos cristãos, que também têm fechado a porta para Jesus Cristo. Tenho notado que, entre cristãos e não cristãos, voltou a se tornar moda carregar um crucifixo com destaque sobre o peito. Bom seria que a cruz de Cristo estivesse não com destaque visível sobre o peito, mas com destaque invisível dentro do peito. De igual modo, tenho notado que há muitos cristãos que portam o nome de cristãos, mas não mais ceiam com Jesus. Um dia convidaram Jesus, festejaram com Ele, mas hoje festejam em outros salões, salões onde Cristo não entra mais.
Em muitas vidas de cristãos, Jesus também está do lado fora, desejoso de entrar.
Se você é um destes, abra-se de novo para Jesus. Faça de novo aquela declaração, feita quem sabe há um bom tempo: “Entra, Senhor”. Diga, outra vez: “Reina, Senhor”.
Deixe-se corrigir por Jesus (Apocalipse 3.19). Ele repreende e castigo a todos quanto ama. Cabe-lhe voltar a ser zeloso (levá-lo de novo a sério) e arrepender-se da direção que vem seguindo, para olhava novamente só para Jesus.
Olhe menos para você mesmo e mais para Jesus, que quer novamente entrar na sua vida, cear com você, morar com você. Olhe menos para os cristãos e mais para Jesus, que quer ser novamente o seu Senhor e fazer você habitar nos lugares claros (não escuros, por onde você pode estar andando) e elevados (não baixos e pantanosos, por onde você pode estar morando).
4. VITORIOSO É QUEM REINA COM JESUS
Ao que vencer, eu lhe concederei que se assente comigo no meu trono.
(Apocalipse 3.21)
Não por acaso, a última das cartas termina com uma promessa esplêndida: os vencedores vão se assentar no trono junto com Jesus Cristo.
Estarmos na Sua presença por toda a eternidade é prêmio mais que suficiente. Estarmos bem perto do trono será ainda melhor. Imaginemo-nos assentados no próprio trono junto com Ele!
Estar ao lado de uma autoridade mexe com as emoções. No começo do governo Fernando Collor de Mello, eu fui escalado, por razões de trabalho, para uma audiência com ele. Comprei um terno novo, cortei o cabelo, engraxei os sapatos, calcei um par de meias (foi a última vez…), tomei um avião e fui me encontrar com o presidente, que não estava no Planalto e designou um ministro da área para nos atender. Não teve a menor graça. Meu papel foi ridículo, mas apenas ilustra como a gente se sente diante de uma autoridade com o presidente da República.
Muitos anos depois, também por razão de trabalho, estive numa recepção em que estaria o presidente Fernando Henrique Cardoso. Não tive os mesmos cuidados. Eu já estava vacinado e, além do que, minha missão seria apenas cumprimentá-lo e entregar-lhe um livro. Cumpri a minha tarefa e fiquei à distância, para conhecer um pouco mais da natureza humana. O salão era imenso e estava muito cheio. Ninguém ouvia a orquestra tocar. Quando o presidente se movia, o salão se movia. Se ele se virava de lado, o salão se movia. O número de papagaios de pirata por metro quadrado bateu todos os recordes. Sua direita e sua esquerda estavam sempre ocupadas, não por duas pessoas, mas por dúzias delas.
Esta característica da natureza humana se encontra tipificada no Novo Testamento, especialmente no comportamento de Tiago e João, filhos de Zebedeu e íntimos de Jesus.
Há dois relatos nos Evangelhos para registrar o desejo comum deles. Em Marcos 10, ambos se aproximaram de Jesus, com um estranho pedido, pedido que qualquer um de nós faria:
— Concede-nos que na tua glória nos sentemos, um à tua direita e outro à tua esquerda. (Marcos 10.37)
Em Mateus 20, o mesmo pedido foi feito pela mãe deles:
— Concede que estes meus dois filhos se sentem, um à tua direita e outro à tua esquerda, no teu reino.
A reposta de Jesus foi a mesma, nas duas narrativas:
— Assentar-se à minha direita ou à minha esquerda não me compete concedê-lo; porque é para aqueles a quem está preparado. Mas entre vós não é assim; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós será servo de todos. Pois o próprio Filho do Homem [isto é: Jesus Cristo] não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos. (Marcos 10.40-45)
Agora, no entanto, em Apocalipse a resposta, não mais a Tiago e a João ou a anônima mãe dos dois, mas a todos os cristãos, muda completamente de tom e conteúdo:
— Ao que vencer, eu lhe concederei que se assente comigo no meu trono.
Todos nós queremos este troféu, o de nos assentarmos junto com Cristo, mas todos queremos uma visão deste troféu agora, de modo que a vitória nos descreva já e nos descreve também na eternidade.
A promessa da vitória está autorizada pelo fato de que Jesus trinfou sobre o mundo Eis o que Ele disse aos seus discípulos, e a nós: Tenho-vos dito estas coisas, para que em mim tenhais paz. No mundo tereis tribulações; mas tende bom ânimo, eu venci o mundo (João 16.33). Ele venceu porque era um com o Pai. Você vencerá quando for um com o Filho. Ele venceu o mundo porque lutou contra ele. Ele venceu porque não teve medo de estar na contracorrente e de enfrentá-la.
O início desta última carta assinala como Ele venceu o mundo. Isto diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus (Apocalipse 3.14).
Ele venceu com a integridade (por isto, Seu nome é “Amém”, isto é, “o que eu falei é o que eu falei”). Quando pediu que Deus lhe passe o cálice da cruz, Ele estava sendo íntegro. E foi à cruz, mas a cruz não O derrotou. Se formos íntegros, Ele estará conosco até o fim.
Ele venceu com a verdade (por isto, Ele é a “testemunha fiel e verdadeira”). Ele enfrentou o mudo com a verdade, não meias-verdades, que são meias-mentiras. Se estivermos com a verdade, a Verdade estará conosco, e triunfaremos.
Ele venceu com o poder de Deus (por isto, Ele é chamado também de “princípio da criação”). Jesus, que tinha poder, não venceu com o Seu poder, mas com o poder do Pai. Foi o Pai que o tirou do túmulo, para mostrar que Deus tem poder até sobre a morte.
Foi assim que Ele venceu o mundo. Vitorioso é quem luta como Jesus lutou.
CONCLUSÃO
Como esta concessão é do Pai, eis que o Pai promete: fazer assentar os vencedores no trono junto com o Filho (Apocalipse 13.21). Como esta concessão é só para aqueles para quem já está preparada, podemos concluir que o trono de Cristo está à nossa espera. Em outras palavras, os cristãos somos essencialmente vencedores. Enquanto lutamos ou corremos, nosso troféu já está preparado, exposto num lugar majestoso, aguardando apenas a confirmação da vitória para nos ser entregue.