– A eficácia na proclamação e no ensino do Evangelho está vinculada à submissão ao Espírito Santo que nos capacita no conhecimento e na vivência da Palavra. Sabedoria humana e erudição são mediadores insuficientes e comprometedores na busca e exposição da verdade. v. 1; v. 4.
– Jesus Cristo é o tema central da conversação cristã. v. 2.
– O temor (reverência) a Deus responsabiliza o servo no exercício do pastoreio. As fragilidades e os receios não são ocultados. Ele descansa, porém, no julgamento divino para não se abalar diante do julgamento humano. v. 3.
– Honestidade paulina no anúncio do Evangelho. Não permitiu que a sabedoria humana substituísse o poder do Espírito Santo em seu ministério. v. 4; v. 1.
– A fé evangélica está apoiada na Palavra de Deus e não na palavra dos homens. v. 5.
– Paulo se ocupava ministerialmente com a recepção e exposição da Sabedoria de Deus, Jesus Cristo, revelada a ele pelo Espírito Santo e a anunciava aos que buscavam maturidade na fé. A sabedoria humana e os seus expoentes estavam destinados ao esquecimento e à vergonha porque ela precisa ser continuamente refeita ou atualizada e eles são transitórios. A Sabedoria divina, porém, é absoluta e permanente. v. 6. 1 Coríntios 2. 9 – 16.
– A Sabedoria de Deus foi revelada progressivamente na história de várias maneiras e inúmeras vezes. Servos e servas de Deus anunciaram a vinda do Messias, Jesus Cristo, autoexistente na eternidade e Deus com Ele. Ao se fazer carne, como Filho de Deus, abriu-nos a glória futura da vida eterna com Deus. v. 7; Lucas 2. 37 – 35; João 1. 1 – 3, 14; 1 Coríntios 1. 24; Hebreus 1. 1 – 4.
– A rejeição da liderança religiosa judaica a Jesus Cristo e que O levou a crucificação, motivou muitos judeus a rejeitá-Lo. Esse fato provou o desconhecimento deles das Escrituras. v. 8; Mateus 23. 13; Lucas 24. 27, 44 – 46; João 5. 39.
– Ninguém jamais imaginou, viu e ouviu o que Deus tem preparado para aqueles que O amam. No Dia de Cristo o insondável no presente será conhecido. Será dia de celebração para os salvos e lamentação irreparável para os perdidos. v. 9; Isaías 64. 4; 2 Coríntios 12. 2 – 4; Apocalipse 10. 4.
– O Espírito Santo sabe o que há no íntimo de Deus e nos faz conhecer Seus propósitos e ações através das Escrituras para honra e glória do Seu Nome e nossa alegria e edificação. Quem sabe por antecipação o que Deus se propõe a fazer se acalma e é feliz. v. 10; Gênesis 18. 17 – 18; Amós 3. 7; 1 Coríntios 15; 1 Tessalonicenses 4. 13 – 18.
– Só temos acesso ao interior de uma pessoa se ela abri-lo ao nosso conhecimento. Sem a revelação do Espírito Santo nada podemos saber sobre Deus. v. 11.
– O Espírito Santo é dado àqueles que acolhem pela fé a Jesus Cristo como Senhor e Salvador. Os salvos recebem Dele, gratuitamente, o que a mente humana é capaz de alcançar sobre Deus e incapaz por si mesma de conhecê-Lo através da sabedoria humana. v. 12; João 16. 12.
– O Espírito Santo nos dá discernimento e inteligência espiritual para entendermos o verdadeiro sentido da Palavra de Deus e Sua aplicação. v. 13.
– As pessoas que não tem o Espírito Santo em sua vida não aceitam e nem entendem o que Ele diz nas Escrituras. Elas consideram absurdo o que vêem ou ouvem. As declarações do Espírito Santo são discernidas espiritualmente e não pela lógica humana. v. 14.
– Pessoas que tem o Espírito Santo em sua vida aceitam e entendem o que Ele diz nas Escrituras porque estão em aliança com Deus em Cristo. Ao exporem as revelações de Deus não são aceitas e muito menos entendidas. Só o Espírito Santo é quem capacita o comunicador e o receptor para que o diálogo seja possível. v. 15; João 14. 26; 15. 26; 16. 8 – 14.
– A mente de Deus é insondável. Pelo fato de sermos filhos de Deus em Cristo, o Espírito Santo nos concede a graça de reproduzir em nossa mente a forma de Cristo pensar, falar e agir. Ele nos torna participantes da natureza divina. v. 16; Gênesis 18. 17 – 18; Amós 3. 7; Mateus 10. 19 – 20; João 3. 34; 14. 12; 15. 23, 26; 16. 13; 2 Pedro 1. 4.
VISÃO GERAL
Paulo declara aos coríntios que sua argumentação na exposição do Evangelho e de como viver nele tinha como base a revelação de Deus que lhe foi entregue pelo Espírito Santo. Não fez uso da sabedoria humana para conhecer e expor a Sabedoria divina.
FOCALIZANDO A VISÃO
Neste capítulo o apóstolo declara que não fez uso do seu conhecimento acadêmico, reconhecido pelos gregos de Corinto, pelos apóstolos e as igrejas, para anunciar-lhes o Evangelho. Não desejava que a fé dos coríntios se apoiasse na sabedoria humana que permanentemente precisa ser atualizada, mas na sabedoria de Deus: absoluta, perfeita e eterna.
Afirma ainda que o conhecimento de Deus, Sua Palavra, propósitos e ações estão disponíveis apenas àqueles que acolhem pela fé a Sabedoria de Deus, isto é, o Senhor Jesus Cristo. João 14. 6.
Os filósofos gregos ao tentarem descobrir os propósitos e as ações de Deus pela sabedoria humana, se frustraram porque não poderiam entender através dela o alcance e a necessidade da Graça de Deus diante da vida pecaminosa que levavam e considerada normal por eles.
Um dos filósofos gregos, Platão (428-347 a.C.) que sintetizou e harmonizou o pensamento de antigos filósofos, ao falar da aquisição do conhecimento ilustrou o seu ensino citando a situação vivida por uma pessoa que estava presa e voltada para o fundo de uma caverna. De costas para a luz que vinha do exterior via apenas vultos nas paredes da caverna. Habituada a essa visão considerava a realidade que via (sensível) como a única verdade. Uma vez liberta, ao sair da caverna descobriu que os vultos que via antes estavam infinitamente distantes da realidade que a luz lhe havia proporcionado. A realidade inteligível era superior à sensível.
Quem está na luz natural vê a realidade tal qual é revelada por seus olhos.
Quem está em Deus que é Luz, é iluminado pela sabedoria divina para ver e ouvir o que está além da compreensão comum do homem. Tanto o Senhor Jesus como o apóstolo Paulo expuseram essa nova realidade proporcionada pela sabedoria divina não alcançada pela sabedoria humana. Em assuntos referentes ao Reino de Deus a sabedoria humana não alcança a revelação perfeita só possível a quem possui sabedoria divina. Salmo 34. 5; João 8. 12, 32, 36; 1 Coríntios 13. 12; 1 João 1. 5 – 10.
Na época de Paulo o conhecimento filosófico grego tinha como verdade a contradição entre alma e corpo, respectivamente, entre a essência do ser e o instrumento do ser. Nesse raciocínio estava embutido um estilo de vida que procurava justificar uma vida dissoluta, sacrificial ou voltada para novas descobertas no mundo físico, moral ou espiritual. Segundo os filósofos gregos a alma e o corpo buscavam pontos opostos de satisfação e realização. A alma por ser imortal era boa em sua natureza e precisaria se elevar pelo conhecimento até chegar à perfeição da divindade. O corpo sendo temporal e sujeito à corrupção era mau. Precisaria ser explorado em todos os seus desejos agradáveis ou que lhe impusessem dor. O hedonismo (prazer) justificaria a vida dissoluta porque o corpo se desfaria na terra e com ele sua imoralidade. O profeta Isaías (785 – 681 a. C.) citado pelo apóstolo Paulo resumiu o pensamento hedonista (voltado ao prazer) numa frase. Leia Isaías 22. 13; 1 Coríntios 15. 32.
Se a opção fosse pela vida sacrificial e busca do conhecimento, quanto mais o corpo fosse torturado por sacrifícios, mais ele seria aperfeiçoado de sua maldade natural. Salomão (971 – 931 a.C.) apresenta pensamento oposto aos gregos. Eclesiastes 1. 18; 12. 12.
O prazer e a dor explicariam a presença de pessoas boas ou más na terra.
Os gregos criaram uma coleção de deuses que expressavam a imagem e a semelhança do homem, seu criador. Neles o poder e a fragilidade, a retidão e a corrupção conviviam pacificamente como se um alimentasse o outro: havia sempre algo de bom no mau e algo de mau no bom. Esse pensamento relativista prevalece no mundo sem Deus de nossos dias e infelizmente até em líderes e organizações religiosas. Leia Isaías 5. 18 – 21. Havia deuses para todos os gostos. Atos 17. 15 – 23. O culto às divindades representava um culto ao que eles almejavam: um culto a si, autoculto ou egolatria. Leia Gênesis 3. 5; Daniel 2. 31; 3. 1 – 18.
Na busca do conhecimento os gregos examinaram em profundidade o mundo físico, a natureza humana e a espiritualidade. A partir dessas reflexões formularam teorias do conhecimento e apresentaram propostas visando a um estilo de vida em busca do ideal.
Considerando que o conhecimento estava disponível a poucos, foi gerada a desigualdade entre os seres humanos. O desejo de manipulação, domínio e controle pelo conhecimento estava embutido nessa teoria. A sociedade grega viveu essa desigualdade. Com o avanço militar e cultural dos gregos sua cultura se espalhou pelo mundo. Roma, ao dominar o mundo, reproduziu a cultura grega para todas as nações. Essa forma de agir predomina nos dias atuais. Os que sabem dominam os que não sabem.
No ensino de Jesus os que sabem não sonegam o conhecimento aos que não sabem, mas procuram partilhá-lo a fim de que haja enriquecimento mútuo e maturidade. Isso é solidariedade cristã.
Enquanto a filosofia grega pregava a dicotomia, a separação, entre alma e corpo caminhando de forma paralela, por período determinado, sem se encontrarem em todo o percurso, mas se influenciando mutuamente na vida presente, o Evangelho anuncia a unidade psicossomática do homem, isto é: o espírito/alma e o corpo fazem parte de uma unidade. A unidade quebrada momentaneamente pela morte física devido ao pecado, será recomposta pela ressurreição dos salvos e dos perdidos em sua vida eterna com Deus ou sem Deus. Esses elementos, respectivamente, de natureza imaterial e material se influenciam de formamútua e nos tornam responsáveis diante de Deus.
O apóstolo Paulo ao escrever aos coríntios mostrou a eles que no Evangelho os valores são diferentes. A igreja deveria se guiar pela sabedoria divina e não pela sabedoria humana. Jesus Cristo, a Sabedoria divina e não os filósofos gregos, sabedoria humana, era a medida padrão dos cristãos. 1 Coríntios 5. 8, 11 – 13; 6. 9 – 11; 2 Coríntios 5. 10. Ele, o escravo de Cristo, se colocou como exemplo aos irmãos. 1 Coríntios 11. 1.
Desde os primeiros dias da igreja em Jerusalém e até o presente muitos cristãos se deixaram influenciar pelo pensamento grego na aquisição, operação e exposição do conhecimento. Desejam alcançar Deus pelo esforço próprio e não pela revelação que Ele faz de Si nas Escrituras.
Os gregos eram falantes e ouvintes de novidades. Isso os motivou a ouvir e questionar o apóstolo Paulo em sua visita a Atenas. A mensagem paulina centrava-se na vida com Deus através de Jesus Cristo. Depois de ouvi-lo o dispensaram porque o paradigma (modelo) de vida proposto pelo Evangelho se opunha frontalmente ao pensamento dominante entre os gregos principalmente no que se refere aos propósitos na aquisição do conhecimento e na santidade do corpo, habitação divina e instrumento de Deus na realização dos Seus propósitos. Atos 17. 15 – 34; 1 Coríntios 6. 12 – 20.
A perfeição do corpo era retratada pelos gregos nas artes, nos exercícios militares e nas práticas esportivas. Deles vieram as olimpíadas. O exagero no culto ao corpo abriu espaço ao exibicionismo e às experiências de prazer vistas no paganismo religioso e em todo tipo de imoralidade sexual considerada por eles como normais e próprias do ser.
Qualquer semelhança com os dias atuais não é mera coincidência. Romanos 1. 18 – 32.
Hoje muitos religiosos liberais desejam usar versículos isolados da Bíblia e fora do seu contexto para justificarem os seus pecados. Exemplo: Mateus 7. 1; João 8. 11; Romanos 14. 12. Eles se esquecem de citar: Romanos 1. 28 – 32; 6. 15 – 23; 13. 12 – 14; 1 Coríntios 6. 11 – 13; Gálatas 5. 19 – 23; 6. 7 – 8.
A Graça de Deus não nos libera para pecar, mas convida-nos à santidade porque Deus é Santo. 1 Pedro 1. 15.
Esse era o quadro que os primeiros cristãos encontraram em sua época e que precisaria ser alterado radicalmente com a proposta apresentada pela Sabedoria de Deus através do Evangelho.
Ao criar os seres humanos em sua unidade psicossomática (espírito/alma e corpo), respectivamente, a essência do ser e instrumento do ser e que interage de forma indivisível, o objetivo de Deus era que as pessoas vivessem essa unidade em coerência para Sua honra e glória e bem estar de Suas criaturas. Isaías 43. 7, 21. Foi por essa razão que Deus fez os seres humanos à Sua imagem e conforme a Sua semelhança. O caráter do Criador foi impresso nas criaturas humanas. A coerência entre a essência do ser e o instrumento do ser como expressão do caráter do Criador é o que se espera das criaturas. Deus estabeleceu uma unidade de propósitos, temporal e eterna, até que sejamos revestidos do corpo glorioso. A santidade presente nos prepara para a santidade eterna.
Os cristãos não precisam buscar uma nova espiritualidade proposta pelas pessoas que seguem o sistema do mundo sem Deus. O Criador sendo fonte da Sabedoria através de Sua Palavra a disponibilizou gratuitamente à humanidade disposta a obedecê-Lo. Provérbios 2. 6.
Por não se submeterem ao paradigma (modelo) divino de vida os gregos pagãos consideravam o Evangelho como loucura. Paulo acrescenta: “… loucura para os que se perdem; mas para nós que somos salvos, é o poder de Deus”,1 Coríntios 1. 18a. Enfatizamos: somos salvos e não “estamos sendo salvos” como querem alguns pensadores religiosos.
Os judeus, por sua vez, rejeitaram o Evangelho porque não conseguiam entender que a restauração com Deus era possível apenas pela fé na Graça de Deus e no sacrifício redentor (libertador) de Jesus sem a necessidade da mediação da Lei e das tradições religiosas. Por méritos e obras os judeus queriam ser parceiros de Deus na salvação. Em outras palavras: desejavam com suas obras e sacrifícios ajudar Deus em sua própria salvação.
A salvação só se torna realidade na vida daqueles que se submetem ao plano de salvação proposto por Deus e não pelos homens. João 14. 6.
Paulo encerra sua argumentação fazendo a distinção entre duas pessoas a quem chamou de ‘homem natural’ e ‘homem espiritual’. Enquanto um está voltado para os interesses humanos o outro está voltado para os interesses de Deus.
O homem natural a partir do momento que acolhe o Evangelho de Cristo e vive Nele torna-se espiritual. Há santidade em sua vida porque segue o padrão estabelecido por Deus às Suas criaturas. Em seu espírito/alma e corpo serve ao Senhor com alegria e se prepara para o encontro com Jesus onde viverá a eternidade com Deus.
A partir do momento que nos reconciliamos com Deus em Cristo recebemos do Espírito Santo a capacitação necessária para viver uma nova vida e expressar em nosso caráter o Caráter de Deus na condição de Seus filhos.
O desafio de Deus a Israel permanece como desafio a nós, Seu povo. 1 Pedro 1. 13 – 25.
Com o que foi exposto descobrimos que a humanidade sem Deus está exposta e se submete com facilidade ao pensamento dominante no mundo em todas as áreas da vida. As pessoas em sua ingenuidade e preguiça habituaram-se a seguir, sem questionar uma nova prática, sem buscar conhecer suas intenções e os interesses de quem a divulga e deseja implantar. Há uma resistência de muitos para nadar contra a correnteza. Se Jesus não se opusesse ao sistema religioso de sua época não teríamos Evangelho.
Os cristãos precisam examinar cuidadosamente as propostas que visam criar um novo tipo de igreja com um novo evangelho nos dias atuais. Há líderes evangélicos que usam a Palavra de Deus para tirar Deus da Palavra. Até os menos suspeitos podem trazer pensamentos suspeitos ao Evangelho. A literatura evangélica requer exame cuidadoso. Os hinos e canções precisam estar harmonizados com a verdade evangélica. Só o crente que estuda a Palavra de Deus em casa e na igreja recebe discernimento para identificar os enganadores.
ENQUADRANDO-SE NA VISÃO
– Todo conhecimento humano que não se oponha ao que Deus expõe em Sua Palavra merece nosso acolhimento..
DETALHES
– O Espírito Santo revela a sabedoria divina.
APLICAÇÃO
– Buscar o discernimento espiritual ao ler e ouvir a Palavra de Deus.
PENSAMENTO
A Sabedoria que vem de Deus não precisa ser atualizada.
VERSÍCULO PARA DECORAR
“Mas nós não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito que provém de Deus, para que pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente por Deus”. v. 12,
ORAÇÃO
Dá-me Senhor um coração sábio para ler e estudar Tua Palavra.