Com algumas diferenças, a passagem que você busca, encontra-se em todos os 3 Evangelhos Sinóticos:
- Mateus 16,13-20: Quem dizem os homens ser o filho do Homem?
- Marcos 8,27-30: Quem dizem os homens que eu sou?
- Lucas 9,18-21: Quem sou eu, no dizer das multidões?
Nos 3 evangelistas os apóstolos respondem que se diz que Jesus é João Batista, Elias ou um dos profetas (Jeremias, em Mateus).
O centro dessa passagem, todavia, não está no interesse de Jesus em saber o que a multidão pensava. De fato ele não faz nenhum comentário sobre o que o povo pensa. Ele está interessado em outra coisa e isso se torna claro na pergunta seguinte, que ele faz: “E vós, quem dizeis que eu sou?”. A resposta vem de Pedro: “Tu és o Cristo, o filho do Deus vivo”. E então segue o elogia de Jesus a Pedro: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei minha Igreja”.
Não podemos nos esquecer nunca que os Evangelhos não são uma composição literária que se propõe simplesmente a narrar a história de Jesus de Nazaré, mas são, antes de tudo, um testemunho de fé das primeiras comunidades cristãs, que acreditavam que os acontecimentos históricos inerentes a Jesus são expressões do Mistério de Deus e da sua vontade de salvar o mundo.
É interessante a frase dita por Jesus com que essa passagem se conclui: “Jesus proibiu severamente aos discípulos de falarem a alguém que ele era o Cristo”. Essa ordem aparece pra nós quase como uma incoerência na missão de Cristo, pois ele veio ao mundo para revelar a vontade de Deus e não para manter essa mensagem escondida. Alguns teólogos falam de “segredo messiânico” e dizem que essa atitude de Jesus é devida ao fato que ele não queria que as multidões o vissem como um salvador/messias triunfal. Invés essa palavra de Cristo deve ser considerada do ponto de vista pedagógico para a comunidade cristã também de hoje: nós não devemos ensinar teorias, atribuir títulos a Cristo se não tivermos fé, se não o tivermos encontrado através de uma experiência de fé.