Estudo mapeia diferentes tipos de assédio; confira definições
A popularização do termo mostrou que Solnit está certa: de um lado, as mulheres conseguiram finalmente identificar o que era essa coisa que lhe causava tanto incômodo no dia a dia (e que podia fazer com que se achassem inadequadas ou sentissem que não eram boas o suficiente quando conversavam com um mansplainer). Mas isso também ajudou muitos homens a identificarem esse comportamento em si mesmos – e a entenderem como evitá-lo.
Seguindo esse raciocínio, é interessante a pesquisa de pós-doutorado defendida na Faculdade de Direito da USP pela advogada Ivanira Pancheri. No trabalho Assédio Laboral – Mobbing, ela identificou diversos comportamentos (em especial os que acontecem em ambientes de trabalho) que podem ser enquadrados como assédio, embora passem despercebidos tanto por vítimas (que podem se sentir incomodadas mas, como no caso do mansplaining, nem sempre conseguem entender o porquê) quanto pela justiça – e, às vezes, pelo próprio praticante.
Pancheri afirma que o Brasil ainda está bem está de outros países na compreensão do que é ou não assédio: “Na Europa e nos EUA, essa discussão começou com as feministas nos anos 1970. No Brasil, isso é mais recente: temos um marco na década de 1980, quando aconteceu a primeira decisão judicial que reconheceu a possibilidade de indenização por danos morais em relação à assédio”, conta ela ao Jornal da USP.
O estudo
Pancheri trabalhou com a noção básica de assédio – aquela segundo a qual o assediador, em uma posição de mais poder, quer humilhar, destruir a personalidade da vítima. A partir daí, chegou a um vocabulário de termos para conceituar os diferentes tipos de agressões, dependendo das pessoas e do ambiente envolvido. Alguns são conhecidos, como o bullying e o assédio sexual, mas outros são novos no Brasil (você já ouviu falar de straining, por exemplo?).
Veja as definições:
O estudo busca mostrar que o reconhecimento judicial é fundamental para que se possa combater esse tipo de abuso. Segundo a autora, é preciso acabar com a prática de desacreditar ou culpar a vítima. “A partir do momento em que mais decisões judiciais reconhecerem condutas de assédio, as próprias empresas e empregadores vão ficar mais atentos”, acredita.
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