A presidente Dilma Rousseff (PT), candidata à reeleição, defendeu o “importante papel” da Petrobras neste domingo (10), durante entrevista coletiva no Palácio da Alvorada, sua residência oficial em Brasília.
Segundo a mandatária, usar a Petrobras para fins eleitoreiros é uma mostra de imaturidade política. Ela definiu as tentativas de denegrir a estatal durante a campanha ao Palácio do Planalto como um “factoide político”.
— Se tem uma coisa que a gente tem que preservar é não misturar eleição com a maior empresa de petróleo do Brasil. Isso não é correto, não mostra nenhuma maturidade.
A Petrobras tem sido alvo de críticas e discussões entre oposicionistas e a base do governo no Congresso Nacional. Após o escândalo envolvendo a compra da refinaria de Pasadena (EUA), foram criadas duas comissões parlamentares para investigar o caso: uma CPI mista no Congresso e um só no Senado.
Para Dilma, é “fundamental” durante o período eleitoral que “haja maior e mais livre discussão”.
— Utilizar qualquer factoide político para comprometer uma grande empresa e uma direção é muito perigoso.
Sobre a queda de 25% do lucro líquido da estatal no primeiro semestre deste ano, Dilma afirmou que esse valor precisa ser melhor analisado e que questões externas podem interferir diretamente no desempenho de uma empresa.
— O que tem que ser avaliado é por que [o lucro] caiu e se caiu o rendimento da Petrobras. Ela está ampliando a quantidade de petróleo que produz de forma sistemática e esses resultados serão revertidos.
Questionada sobre um possível aumento no preço do combustível, a presidente da República ressaltou que não pode responder pela estatal, mas lembrou que questões geopolíticas podem atingir o valor do combustível.
— Temos que ter cuidado a tudo que diz respeito a petróleo porque ele tem a ver com questões ligadas à geopolítica. Quando você tem um problema no Oriente Médio, na Faixa de Gaza, no Irã, ou você tem um problema na Ucrânia, você tem uma tendência de aumento do combustível. Mas quero repetir que não estou dizendo se vai ou não vai haver aumento de preço de combustível. Não é minha competência dizer isso. Qualquer pessoa que disser que eu falei isso está cometendo uma inverdade.
Quantidade de ministérios
A presidente, que convocou a coletiva como candidata, aproveitou para rebater algumas críticas que vem recebendo de seus principais adversários nas eleições, principalmente sobre a quantidade de ministérios em sua administração, atualmente em 39.
Dilma afirmou que cada pasta tem uma competência específica e que gostaria de saber quais ministérios os candidatos que disputam a Presidência querem eliminar.
— Perguntem para eles quais ministérios vão diminuir. Um ministério é diferente do outro: o da Fazenda tem uma estrutura, o da Saúde, o da Justiça tem outra. Não dá para compará-los com o ministério que luta contra a discriminação racial, por exemplo.
A presidente destacou o papel da Secretaria da Micro e Pequena Empresa, duramente criticada pela oposição. Ela disse que a pasta foi fundamental por conduzir a aprovação de leis importantes para o Brasil, como a que altera o Simples Nacional — a nova legislação cria um sistema de tributação diferenciado para as micro e pequenas empresas, unifica oito impostos em um único boleto e reduz a carga tributária.
— O ministério conseguiu articular toda a relação com o BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Social] e, mais do que isso, com o Parlamento e com o Congresso. Conseguimos aprovar uma lei que é a lei da simplificação ou de universalização do Simples. Sem o ministério [da Micro e Pequena Empresa], [essa lei] nunca tinha saído porque implicava na sua negociação. Acabar com o Ministério da Pequena Empresa é um absurdo.
De acordo com a presidente da República, o formato atual de seu governo atende as necessidades do Brasil e do momento histórico que o País vive.
— Esse formato [da quantidade de ministérios] atende o momento histórico do Brasil. O momento histórico mudando, eu mudo. Se a realidade mudar e você não mudar, você está sendo uma pessoa atrasada.
Em relação ao setor elétrico, a chefe do Executivo afirmou que a previsão da oposição sobre o apagão elétrico do Brasil, principalmente durante a Copa do Mundo, não se cumpriu, principalmente porque houve planejamento por parte do Executivo.
— Fui a primeira ministra de Minas e Energia depois do governo FHC [Fernando Henrique Cardoso]. Cheguei lá e eles estavam fazendo o ministério tornar-se mínimo. A que levou a isso? Ao maior racionamento da história da energia do Brasil. Querer acabar com o Minas e Energia deu no que deu. Dia sim, dia não disseram que íamos ter racionamento. Não teve porque planejamos o setor, porque sabíamos que não ia ter racionamento e porque investimos.
Dia dos Pais
Em relação ao Dia dos Pais, Dilma contou que seu pai não está mais vivo, mas conversou com os “dois atuais pais de sua vida”: o pai de sua filha e o pai de seu neto Gabriel.
— Não tenho mais pai, mas tenho nele uma referência muito forte. É um dia que a gente carrega a lembrança e toda força que a paternidade representa na vida de cada um de nós. É, sem sombra de dúvida, a família que nos garante apoio e que você siga um caminho na vida.
A presidente aproveitou a data para falar da importância dos programas sociais do governo federal, que, segundo ela, atendem, antes de tudo, à família.
— Todos os programas sociais têm muito mais força quando você o faz sob a ótica da família. Não é um ato individual. Será sempre um ato em que a família tem importância nessa centralidade.