Públio José – jornalista
( publiojose@gmail.com)
O título deste artigo é uma redundância. Pois destempero já é inconseqüente em sua essência, em sua natureza. Segundo o dicionário, destempero significa grosseria, atrevimento, desatino, destrambelho, estupidez, histeria, linguagem obscena. E modos obscenos, postura obscena, comportamento obscenamente destemperado foi o que a opinião pública de Natal presenciou da parte da vereadora Amanda Gurgel (PSTU/RN) na última quarta-feira, dia 21 de maio, no plenário da Câmara de Vereadores. Por vários dias, e por várias seções, a pauta da Casa foi ocupada pelas discussões e debates sobre a reforma administrativa, projeto encaminhado pelo Executivo municipal com o objetivo, segundo sua visão, de melhor ordenar, sistematizar e normatizar as ações da gestão municipal. Para a situação, tudo bem; para a oposição, tudo errado. Ok! Afinal, é o papel de cada uma.
O debate começou a desandar quando invadiu o terreno da irracionalidade. Em seu contexto, o projeto – além da extinção órgãos e cargos – retornava à realidade salarial do momento os vencimentos dos ocupantes de cargos comissionados, cujos salários – sem reajuste há 16 longos anos – estavam defasados em relação aos parâmetros de hoje. Em torno desse tema, travou-se um longo e cansativo debate entre situação e oposição – o que é de todo razoável. Entretanto, a partir do momento em que a oposição passou a agredir, cega aos argumentos contrários, sem atinar para os valores salariais praticados pelo mercado, eis que surge a figura da vereadora Amanda Gurgel, com seus destemperos de costume. Foi degradante. Toda Natal sabe do comportamento inconveniente e inoportuno adotado constantemente pela vereadora na tribuna da Câmara. Porém, no dia 21 passado, ela extrapolou
Até para os padrões Amanda. Ao microfone, arfante, olhos esbugalhados, mãos crispadas, dedos em riste, a vereadora usou e abusou de expressões inadequadas, ofensivas, de um linguajar grosseiro, absurdamente agressivo e totalmente inapropriado para o momento e o local. E contra quem? Contra os ocupantes de cargos comissionados! Nominou-os de escória, ladrões, corja de parasitas, vagabundos, paus-mandados, puxa-sacos, capachos e outros termos semelhantes. Tudo isso contra pessoas entre simples, humildes – porém íntegras, trabalhadoras, merecedoras de seus salários – e profissionais graduados, vários deles de curso superior, com mestrado, doutorado… Gente, enfim, de reconhecido valor. Alguns deles, quem sabe, até colegas de Amanda na universidade como estudantes, professores ou funcionários. Foi um espanto! Um senhor espanto!
Na tribuna, dentes arreganhados, Amanda mais parecia um animal acometido de raiva canina, cujos sintomas, segundo os cientistas, se manifestam pela mudança de comportamento, seguida de ansiedade, inquietude, desorientação, alucinações, agressividade em demasia e até convulsões. Convulsões? Sabe-se que o animal com raiva canina é um ser irracional. Já Amanda Gurgel, além de humana, é professora de Português (vejam só!), graduada em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte – e vereadora. No extremo contrário ao seu comportamento, o dicionário informa que vereador significa “zelar pelo sossego e bem estar dos munícipes”. Vem do latim “verear”, indicando vereda, caminho. É figura importante na engrenagem político-institucional do país, com a responsabilidade de indicar novos rumos aos munícipes. Com certeza, sem raiva canina. E as convulsões?