02/09/2014 11h41 – Atualizado em 02/09/2014 13h27
Delegado afirma que Cadu não pode viver em sociedade: ‘Dissimulado’
Acusado de matar cartunista foi apresentado e permaneceu calado, em GO.
Polícia acredita que jovem faça parte de quadrilha de roubo de veículos.
A Polícia Civil apresentou na manhã desta terça-feira (2) Carlos Eduardo Sundsfeld Nunes, 29 anos, o Cadu, suspeito de um latrocínio (roubo seguido de morte) e uma tentativa de latrocínio, em Goiânia. De acordo com o delegado responsável pelo caso, Tiago Damasceno, o jovem negou ter cometido os crimes, mas admitiu ter conhecimento de que o carro em que estava quando foi preso, um Honda Civic, era roubado. “Ele parece mais ser dissimulado do que deficiente mental. Creio que ele não tem condições de viver em sociedade”, afirmou o delegado.
Em 2010, Cadu confessou ter matado o cartunista Glauco Vilas Boas e o filho dele, Raoni Vilas Boas, em Osasco (SP). Apesar disso, estava em liberdade porque ele possui esquizofrenia e a Justiça considerou que ele não poderia responder pelo ato.
- Acusado de matar cartunista passa a noite em cela de delegacia, em GO
- Vídeo flagra Cadu fugindo após atirar em agente prisional, diz delegado
- Acusado de matar cartunista pulou de carro em movimento, diz polícia
- Acusado de matar cartunista Glauco é preso suspeito de latrocínio em GO
- Justiça determina que acusado de matar cartunista pode ir para casa
- Família de Glauco espera que Cadu fique fora do convívio social
- Ministério Público considera inimputável acusado de matar Glauco
- Jovem ficou internado em hospital psiquiátrico por morte de cartunista
Durante a apresentação, o jovem foi questionado sobre os crimes, mas permaneceu em silêncio e de cabeça baixa. Apontado como comparsa, o outro homem, de 33 anos, disse, com lágrimas nos olhos, que queria um advogado e contactar a família. De acordo com a polícia, ele tem passagem por tráfico de drogas em Minas Gerais.
A polícia acredita que, além do latrocínio e da tentativa de latrocínio, Cadu tenha participado de outras ações criminosas em Goiânia. “Uma vítima esteve na delegacia e o reconheceu. Nós sabemos que ele faz parte de uma quadrilha de roubo de veículos”, relatou Damasceno.
Segundo o delegado, tudo leva a crer que ele atirou em um agente prisional de 45 anos durante um assalto no Setor Bueno, no último dia 28. “Colhemos o depoimento de duas testemunhas que disseram que ele foi quem abordou a vítima e efetuou os disparos. As imagens são bem claras”, disse o delegado.
Sobre a participação de Cadu no latrocínio de um jovem de 21 anos no último dia 31, no Setor Bueno, o delegado disse que ainda não pode comprovar o envolvimento dele. “Ele estava no carro da vítima e com uma arma parecida com a que foi utilizada no crime. Temos que esperar o resultado da balística e o depoimento de testemunhas, como a namorada da vitima, que é uma peça chave. Ela já foi intimada e estamos a aguardando. Estamos respeitando o momento de perda”, disse o delegado.
Damasceno afirmou, ainda, que o pai de Cadu relatou que o filho faz o uso de remédios controlados e consumia drogas. O homem esteve na delegacia após a prisão do jovem, quando levou colchões e medicamentos, mas não quis falar com a imprensa.
Goiânia (Foto: Divulgação/PM)
Prisão
Cadu foi preso na tarde de segunda-feira (1º), após uma perseguição policial em Goiânia. De acordo com o delegado, ele dirigia um carro roubado quando foi abordado. Esse veículo havia sido levado durante o assalto no Setor Bueno, na noite de domingo (31), quando um jovem de 21 anos foi assassinado.
Damasceno diz que, na segunda-feira, notou o veículo em que estava Cadu em atitude suspeita e decidiu seguí-lo. “Eu tinha a placa e as características do Honda Civic que foi roubado no domingo de um jovem de Goianésia. E hoje, dirigindo pela cidade, eu avistei esse carro e comecei a persegui-lo. Eu pedi ajuda de um guarda municipal. Ao perceber que estava sendo seguido, ele subiu na calçada e tentou fugir, mas acabou batendo no muro e foi rendido”, disse o delegado ao G1.
Segundo ele, Cadu atirou contra os policiais, mas ninguém se feriu. Em seguida, o suspeito tentou fugir, mas foi rendido por policiais militares que passavam pelo local. Com ele, a polícia apreendeu um revólver calibre 38 prateado, mesma descrição da arma que matou o rapaz. O outro suspeito não resistiu e se entregou aos policiais.
Crimes
Cadu é suspeito de envolvimento na tentativa de latrocínio de um agente prisional, de 45 anos, no último dia 28, no Setor Bueno. Câmeras de segurança registraram o momento em que, segundo a Polícia Civil, Carlos Eduardo foge após atirar na vítima.
Nas imagens divulgadas pela polícia goiana, é possível perceber o momento em que um homem desce de um Honda City e caminha pela Rua T-28, na capital. Para o delegado Thiago Damasceno,o rapaz que aparece nas imagens é Cadu.
prisional (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)
No vídeo, é possível perceber quando uma VW Saveiro para no meio da via. De acordo com as investigações, nesse momento, o suspeito deu voz de assalto. O agente prisional reagiu e foi baleado na cabeça. Depois, o criminoso volta correndo em direção ao carro que o dava cobertura durante a ação. Segundo a corporação, duas pessoas reconheceram Cadu como sendo o autor dos disparos contra o agente prisional. A vítima foi socorrida e encaminhada para o Hospital de Urgências deGoiânia (Hugo).
Procurado pelo G1 na manhã desta terça-feira (2), o Hugo informou que agente prisional segue internado em estado grave, na Unidade de Terapia Intensiva do hospital e respira com a ajuda de aparelhos.
Cadu também é suspeito de envolvimento em um latrocínio contra um jovem de 21 anos, no último domingo (31), no Setor Bueno, em Goiânia. A vítima havia deixado a namorada em casa, quando foi abordada por dois homens, que deram voz de assalto. Um dos criminosos atirou contra o rapaz, que morreu ainda no local. Os assaltantes fugiram levando o carro roubado.
Liberdade
Apesar de ter confessado a morte do cartunista Glauco e do filho dele, Cadu, que tem esquizofrenia, não chegou a ser julgado na época porque a Justiça o considerou inimputável, ou seja, incapaz de perceber a gravidade de seus atos. A doença mental não tem cura, mas tem controle, desde que seja tratada.
Incluído no Programa de Atenção Integral ao Louco Infrator (Paili), em Goiânia, ele passou por tratamento em uma clínica psiquiátrica, mas, em agosto de 2013, a Justiça de Goiás considerou que ele podia receber alta médica. A decisão foi tomada pela juíza Telma Aparecida Alves, da 4ª Vara de Execuções Penais.
A medida foi embasada na avaliação médica do Tribunal de Justiça de Goiás, feita em junho daquele ano, em que o rapaz recebeu parecer favorável à liberação. Segundo a decisão, Cadu estava apto a passar a fazer tratamento ambulatorial, em vez de ficar internado.