No curso, promovido pela Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), o grupo fez aulas práticas no autódromo, disparou tiros e recebeu instruções sobre o manuseio de armas, no Centro de Operações Táticas da Polícia Federal. Mas também aprendeu técnicas de investigação criminal, na Academia Nacional de Polícia, e passou uma manhã conhecendo o sistema de controle de tráfego aéreo e o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aéreos (Cenipa).
O diretor de Relações Institucionais da Ajufe, Alexandre Vidigal, explicou que a finalidade do curso é qualificar o juiz para o cotidiano de trabalho e preservação da segurança pessoal. “Estamos cobrindo um espaço que deveria ser preenchido pelo Estado. Juiz federal julga acidentes aéreos. Pergunta se ele conhece a vivência, a complexidade do sistema”, destacou Vidigal, que é juiz federal. “Um bom juiz não é aquele que só conhece as leis, mas aquele que conhece bem o mundo”, acrescentou.
Os 27 juízes selecionados para o curso foram escolhidos por meio de sorteio. Passaram três dias em Brasília, com passagem, hospedagem e alimentação custeadas pela associação, que desembolsou R$ 40 mil. No autódromo, eles fizeram manobras difíceis e simularam fugas de situações de risco.
Juiz federal em Araçatuba (SP), Pedro Novaes avalia como fundamental que magistrados saiam do gabinete para aprender técnicas de proteção pessoal. “Tive um caso de ameaça por terceiros quando estava à frente de uma operação, mas cachorro que late muito não morde. Acabei condenando a pessoa, fiz o que a minha consciência mandou. Foi uma ameaça bem leve comparada com juízes que trabalham na fronteira. Todo juiz criminal recebe uma ameaça aqui, outra ali”, contou.
O chefe de Segurança da Justiça Federal, Flávio Bosco Farias, ressaltou a importância de aprimorar a proteção dos juízes, mas alertou que o treinamento não pode ser um ato isolado. “A cultura de segurança é uma coisa diária. A pessoa tem que acordar de manhã sabendo que, na saída de casa, alguém pode estar esperando. Não estamos falando de paranoia, mas da necessidade de um olhar atento”, frisou.
Entre as instruções recebidas pelos juízes, está a de que, quanto menos solavanco der no carro, maior a dirigibilidade. “Caso alguém venha a sofrer alguma ameaça, estamos passando técnicas como a manobra de ré para fuga, habilidades e autoconfiança no trânsito, visando questão de sobrevivência”, detalhou o instrutor Weber Silvério de Toledo.